Único

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O globo de luzes coloridas girava incansavelmente em um canto qualquer da sala de estar de Hoseok, diferentemente de seus convidados que se dividiram em pequenos grupos e se jogaram nos sofás. Havia apenas conversas de vozes mais baixas que o indie rock que Jeongguk atreveu-se a tocar, aproveitando do único momento em que podia escutar suas tão amadas músicas que ninguém mais gostava.

— Por que eu e Jeongguk terminamos? — Jimin perguntou no ouvido de Taehyung, ambos um tanto embriagados. Logo voltou a olhar para o seu ex, jogado no sofá da frente com uma garrafa de cerveja já quente em mãos e a cara de quem não está prestando atenção no papo inteligente demais que rolava àquela hora da madrugada.

— Vocês já namoraram? — Taehyung tentou focar a visão em algum ponto que não fosse o quadro dos avós de Hoseok pendurado na parede, mas as luzes dançando por todo lado não ajudavam em nada.

— Não, nós só transamos exclusivamente um com o outro por um ano — respondeu impaciente, mal acreditando que seu melhor amigo havia esquecido-se daquele fato super importante.

— Vocês transaram?! — Taehyung disse mais alto, atraindo a atenção dos demais que estavam a apenas alguns passos de distância. Após um curto sobressalto e a carranca mal-humorada de Jimin direcionada a si, relaxou no sofá novamente, com o semblante mais tranquilo ao dizer: — Se não teve pedido, não era namoro — Lembrando-se de quando Hoseok ajoelhou-se no chão com uma flor roubada da vizinha e todos os amigos em volta esperando pelo o seu sim.

Jimin até abriu a boca para dizer algo, mas congelou ao tentar recapitular alguma memória do pedido de namoro e não encontrou unzinho sequer. Mal se lembrava de como as coisas entre ele e Jeongguk apenas foram, e quando deu por si, já estava lá, no fim.

Também não percebeu que todas essas reflexões foram feitas enquanto encarava avidamente o seu ex, que ergueu a sobrancelha e a garrafa de cerveja em sua direção. Os lábios molhadinhos e brilhantes na meia luz, o sorrisinho sapeca estampado em seus olhos, reviraram Jimin por inteiro e ele nem sabia direito o que estava desejando.

— Acho que eu tô muito bêbado.

E, bêbados, andavam pelas calçadas do bairro tranquilo. Jimin e Jeongguk, lado a lado, as mãos dentro dos bolsos do moletom canguru que até serviam para esquentar as palmas frias, mas também desequilibravam quem havia bebido além da conta.

Em um tropeço, logo estava entre os braços de Jeongguk e ali ficou completamente molinho sem conseguir olhar para o caminho, focando apenas no perfil alheio em um ângulo duvidoso, mas igualmente bonito. O perfume, já um tanto fraco, invadia as narinas de Jimin, deixando-o tontinho, mas nisso ele colocava a culpa na bebida. Só podia ser aquela cerveja de procedência duvidosa.

— Mas eu realmente acho que 34 mil wons foi um preço bem barato a se pagar por uma churrasqueira daquela, tem até pezinho! Um pezão na verdade, porque é bem comprido mesmo, acho que você consegue assar uma carninha pra gente sem ter de curvar as costas. Acho que esse é um claro sinal para você ser o nosso churrasqueiro oficial.

Jeongguk falava aleatoriedades sem ter a necessidade de ser respondido, como se soubesse que Jimin não prestava a mínima atenção, distraído demais com toda a presença do moreno coladinho em si. O frio foi embora, mas o desequilíbrio ainda estava ali, só não sabia se era do corpo, ou dos sentimentos que começavam a reaparecer, tipo milho de pipoca plantado na terra adubada. Bem rapidinho mesmo.

— Bem, chegamos — Seu ex anunciou. Quando deu por si, Jimin deu de cara com as curtas escadas da entrada de sua casa e um Jeongguk que acenava, despedindo-se.

— Espera aí! Você vai ficar bem? — Jimin pegou no pulso dele, perguntando preocupado já que a madrugava era companheira daqueles dois que já foram um casal.

Sobre aquelas palavras não ditas × jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora