Inevitável Amor

Capítulo 20

Ficamos só eu e você
Fazemos a festa
Somos do mundo
Sempre fomos bons de conversar

Mais ninguém – Banda do Mar

MAIO

Fabiana observou quando Levi entrou sério naquela tarde e foi direto para a sua mesa, sem parar para conversar com ninguém. Desconfiou que algo estava errado no segundo em que olhou para ele vindo pelo corredor, mas ao vê-lo passar reto por todos teve a confirmação de que algo não estava bem.

- Levi não está bem. – Comentou baixo com Felipe, que estava concentrado ao seu lado.

- Como você sabe?

- Eu sei. – Rebateu ela. – Acho que vou falar com ele. Será que devo?

- Fabi, ele não é indiferente a você. Vai gostar de ter o seu ombro se tem algo o incomodando. – Ele fez uma pausa. – E você não vai sossegar até ir falar com ele, vai?

- É um bom argumento. – Ela riu. – Obrigado, Felipe.

- Disponha.

Ela se levantou e foi até a mesa onde Levi estava, observando-o atentamente enquanto fazia o trajeto. Os olhos cor de mel não estavam tão brilhantes como costumavam ser.

- Oi, Levi.

- Oi, amada. Tudo bem?

Ela conteve um sorriso pela forma de tratamento que ele utilizara. Com o "amada", seu pobre coração tolo já se agitou, mas Fabi tratou de contê-lo.

- Eu estou bem. Mas e você? Você está bem hoje? – Perguntou ela puxando uma cadeira próxima para sentar ao lado dele.

- Na verdade, não. Tive alguns desentendimentos com a minha ex. De novo, pra variar. Não quero entrar muito em detalhes, sinto que é algo que eu tenho que resolver eu mesmo, sabe?

- Claro.

- Mas é algo que me afetou, não tenho como negar.

Os olhos de Levi ficaram marejados com a simples menção do que havia acontecido. Sem pressionar para que ele falasse, Fabi simplesmente se inclinou e o abraçou, sem se importar com o fato de que estavam no ambiente de trabalho. Queria dar apoio e demonstrar que sempre estaria ali para oferecer-lhe um ombro amigo quando precisasse.

- Você não precisa me falar o que aconteceu, mas sabe que pode contar comigo se precisar de um simples abraço, não sabe? – Ela disse ao se afastar, mas mantendo a mão no ombro dele.

- Eu sei e serei grato eternamente pela tua amizade.

- Não importa o horário, se precisar conversar ou se quiser alguém pra te distrair a cabeça com piadas ruins, é só me ligar.

- Pode deixar que ligo sim. – Levi deu um leve sorriso após respirar fundo, o que a deixou feliz.

Gostava de ser a pessoa que conseguia trazer um sorriso aos seus lábios em um momento triste de sua vida.

* * * * *

JUNHO

Levi entrou na Sala Criativa com um pequeno pote na mão além da habitual mochila que sempre tinha consigo. Fabi o viu caminhar até sua mesa pelo canto do olho, tentando disfarçar sua observação. Ele largou sua mochila e se encaminhou na direção dela.

- Oi, Fabi, querida. Tudo bem?

- Oi, Levi. Tudo ótimo e você? Essa semana está corrida pra ti, não é?

- Está. – Ele puxou a cadeira de Felipe que ainda não havia chegado e sentou-se próximo a ela. – Mas faz parte do trabalho.

- E algum dia a gente se acostuma?