Laura's Thoughts: your almost life

Melancolia: sweet nighteen

A verdade da vida é que ela não importa o quanto bom você é, o quão puramente religioso é, o quão corajoso é,  a vida,  infelizmente, não dá as coisas proporcionais ao seu esforço em comparação com o outro. A vida é comprada e eu lamento muito ter esperado 3 anos para notar isso.

Espero que a minha patética existência possa fazer com que você descubra que é a vida é assim. Faça o que tiver vontade, viva o que tem que viver, não é só porque você é uma pessoa boa, melhor do que tantas outras, que o destino vai te poupar. Ele não vai. Agora, aos 19 anos te falo, com toda certeza, o quanto perdi não sendo eu mesma, enfiada nos livros e em um sonho alto demais. Longe demais...

Eu sempre achei que se me esforçasse suficiente, tirasse as melhores notas, andasse como as pessoas esperassem que eu fosse, seguisse os mandamentos de Deus- seja qual lá quais eles sejam- eu seria diferente. Realizada, feliz. Eu sou infeliz, tão infeliz que na minha vida nada mudou. É tudo o mesmo.

Mesmas pessoas, mesma cama, mesma rotina, mesmos estudos, mesma infelicidade de sempre. Eu me arrependo tanto de não ter vivido, me arrependo tanto de não ter feitos amigos, de não ter rido mais e sim chorado. Passaram 3 anos e hoje eu choro mais do que eu abro a boca, choro todas as vezes antes de dormir. Choro por tudo que eu perdi, choro por ser viciada em perseguir um sonho que é alto demais para mim. Choro quando eu vejo que as pessoas que me machucaram, que me trouxeram dor, na verdade estão melhores do que eu que tanto lutei pra conseguir resultados em minha vida.

Por que não avisam isso para nós, jovens? Por que deixam a gente sonhar em ser grande se a maioria de nós está fadado à mediocridade? Por que não me avisaram que todos os escrotos do passado não precisavam se preocupar com merda do futuro, pois desde o nascimento eles já têm um futuro? Vocês alguma vez já se sentiram como dono do mundo? Como se não importa o que acontecesse, as coisas iriam da certo do mesmo jeito? Eu nunca me senti assim. Sempre me senti como se estivesse perto do necrotério. Fedendo, gelada e rezando para estar entre os mortos. Mas eu nunca estive. Estou aqui. Sabe quando você quer ir embora, mas não quer que as pessoas pensem que é tão covarde ao ponto de partir? Sabe qual a sensação de querer recomeçar com um nome novo, em um lugar novo, com amigos novos, de preferência muitos  e não conseguir?

No dia que eu pensar em ser grande novamente, eu mordo a minha língua até sangrar. Até escorrer tanto sangue que ela fique inchada. Até que eu pare de falar, até que interrompa meus pensamentos e que eu sinta  dor. Uma dor física, tudo menos emocional. Não tem dor pior do que aquela que não tem cura.

As vezes eu acho que ser infeliz deixa as pessoas à minha volta mais felizes. Todos eles parecem gostar mais quando estão melhores do que eu, o que nesse momento não é tão difícil. Sempre me imaginei fazendo o que eu sempre quis, namorando um grande amor e vivendo altas aventuras. Eu não vou viver isso e a verdade é que muito de vocês também não vão.

Não sejam ingênuos como eu. Essa cegueira com que eu me colocava só me fez perder anos da minha vida, mentir descaradamente para pessoas que eu queria por perto, afastar pessoas que me queriam por perto e ficar tão sozinha que chega a ser trágico.

Sou uma tragédia. Eu que sempre achei que seria tudo, sou nada. Não vivi nada, sobrevivo regando infelicidade e esperando o irreal. Vivo na esperança, mesmo sabendo que nada vai acontecer. Não sejam como eu, sejam melhores. Vocês tem que ser. Vivam como gostariam de viver, sintam o que devem sentir. Não tem nada pior do que perceber que é um fracasso e não tem nada, nem ninguém que possa mudar isso.

É estranho ter esse sentimento que a minha vida só começará após a morte, mas ao mesmo tempo é tão doloroso pensar em morrer antes das outras pessoas. É egoísta demais para uma menina que as pessoas esperavam sucesso. Será que isso é melhor do que ver a cara de decepção deles quando descobrir que sou uma farsa ? As vezes eu me perco nas minhas próprias mentiras. Eu nunca fui boa de fazer amigos, mas os que eu fiz, eu minto. Cai em um ciclo vicioso e involuntário de mentira, só para não lidar com os comentários dos outros ao meu respeito. Sempre achei que os bons mentirosos eram aqueles que mentiam com naturalidade, mas os melhores são os que mentem por mais tempo. Eu sou uma boa mentirosa, mas eu nunca quis ser. 

Por que parece que todas as pessoas ao meu redor tem algo que eu não tenho? Algumas pessoas já encontraram o amor, outras a profissão dos sonhos. Algumas são tão felizes com o presente que nem se preocupam com o futuro. Eu sempre me preocupei com o futuro, pois meu presente sempre foi um eterno vazio. Doí saber que nada vai mudar isso. 

Nunca gostei de chorar, meus pais também nunca gostaram que eu chorasse. Eles falavam que eu chorava muito quando pequena, por isso, quando tinha 15 anos,  resolvi fazer um jogo. Uma promessa:

" Não desperdice suas lágrimas por algo que não merece". Assim, mecanicamente, eu avaliava se a situação era o fim, se fosse, eu chorava e se não fosse,  poupava.  Acontece que o jogo quebrou e não tem mais concerto, por isso vivo chorando.