O falso namorado

25 2 2
                                    

No dia seguinte, Luana já estava de pé cedinho.Arrumou seu quarto por inteiro e tomou banho pra ir pra escola.Depois de se arrumar, ela decidiu que ia de cabelo solto,e fincou a decisão.
-Bom dia.-disseram seus pais quando ela descia as escadas.
-Dia.-disse ela sorridente.
-Como você esta?-perguntou Cecília.
-Estou bem.
Luana pegou o último pedaço de bolo de chocolate e comeu.Seus pais se olhavam e ela fingiu não notar isso.
-Luana...-Tony começou.-nós gostaríamos de...saber como você está....
-Bem,porque?-ela perguntou bebendo seu leite com achocolatado.
-Não... Quero dizer.... Em relação á seus verdadeiros pais...
Luana não se apressou para beber seu gole do leite,e quando retomou a palavra disse:
-Bem,ninguém ficaria não é?-disse tentando manter firmeza na voz mas tremendo um pouco nas duas ultimas palavras.
-Claro..Claro que sim..só queríamos que você soubesse que te amamos.-Cecília disse tremula.
-Também.
O silêncio permaneceu por ali.
-Qual era o nome dela?-ela perguntou olhando para baixo.
Mesmo sem olha-los,ela percebeu que Cecília e Antony conversavam pelo olhar.
-M-Morgana...Era Morgana Fiilips. -Cecilia disse ainda tremula.
Luana comprimiu os labios e fechou os olhos.
-Querida você esta...?-Tony ia perguntando quando Luana interrompeu .
-O nome dele.Qual era o nome dele?-perguntou ainda de olhos fechados.
-Alejandro Rockwell.
-Ele morreu?-ela perguntou friamente, sem rodeios.
-Não sabemos. Até hoje é procurado lá em Londres.
-E vocês. Me adotaram porque?-ela perguntou agora olhando nos olhos dos dois.
-Porque simpatizamos com você.-Tony disse um pouco baixo.-E ela pediu.
-Ela...ela pediu?-perguntou Luana com os olhos marejados d'água.
-Pediu.-Cecília completou.
Luana se levantou e pegou sua mochila.
-Luana, espere -Tony segurou o pulso da garota.
-Eu.quero.ficar.sozinha-ela disse segurando as lágrimas e desviando o olhar de Tony.
-Por favor, nos escute.
-Estou atrasada,por favor, me deixe ir.
-Melhor você ficar em casa hoje querida porque...
-Não! Eu tenho prova hoje.-Mentiu Luana.- Faltei uma semana por ordens médicas,não quero faltar mais.
-Certo.-disse Tony.-Mas se cuide.Qualquer coisa me ligue.Te amo.
Luana não respondeu e saiu apressada. Colocou os fones e pos uma música do cantor Bruno Mars (cantor preferido dela) treasure.
O caminho todo ela foi prestando atenção na música, e em tantas outras,para não ser engolida pela infelicidade e a verdade. Chegou a escola 15 minutos depois.Ela desceu correndo as escadas que levava até o patio da escola.Olhou de relance para o patio e viu Marcelo de longe,numa rodinha de garotos altos e bonitos como ele,que riam de alguma piada.Ele olhou pra ela mas Luana desviou o olhar e correu para o banheiro.Entrando lá,se enfiou no boxe mais próximo e bufou.Levou as mãos ao rosto e chorou baixinho,para que ninguém notasse.Era exaustivo a verdade sobre a vida dela,muito triste também. Tinha uma mãe que nao conhecia,por estar morta, e um pai que era uma merda ambulante.E ai ela notou que tinha mais coisas por vir, mais dor, sofrimento e angústia. Estava esgotada,e queria sumir,esquecer tudo. Tanta coisa ruim acontecendo com ela,uma história tão má logo com ela que nunca fez mal a ninguém. Mas na verdade,para o destino,não interessava os atos bons dos outros, não mesmo.
O sinal tocou e ela saiu do boxe para lavar o rosto. Mesmo com a lavagem o rosto ainda estava vermelho,e os olhos também. Ela secou o rosto.Mas segundos depois estava chorando de novo,e desistiu de uma segunda lavagem.
Saiu para ir para sala,e viu Marcelo subindo as escadas junto com os amigos de antes.Ele olhou pra ela e parou no ato de subir, e os amigos fizeram o mesmo.Luana trocou do lado da escada, para nao tombar com Marcelo que agora ia atrás dela.Ela ia subindo,tentando secar o rosto.
-Luana!-ele gritou.
A garota aumentou o passo mas na segunda escada Marcelo a alcançou e segurou seu pulso.
-Me solta, por favor.-ela disse quase implorando.Chorava muito.Estava muito mal.
-Luana...O que você tem?-ele disse secando as lágrimas dela.
Ela subiu as escadas correndo com Marcelo em seus calcanhares. Quando ia entrar na sala Marcelo puxou novamente seu pulso e encostando ela na parede.
-Me conta.
-Marcelo...-ela soluçava fortemente.-por favor... Me deixa..
Marcelo olhou penalizado para Luana.
-O que você tem?
-Nada,nada.
A professora apareceu na porta e entrou na sala.
-Preciso ir...
-Não -Marcelo disse com firmeza fitando os olhos vermelhos de Luana.
-A aula,preciso ir...
Mas Marcelo colocou suas mãos apoiada na parede,uma a cada lado da Luana.
-Primeiro você me conta,depois você vai pra aula.
-Você não manda na minha vida.-Luana disse afastando os braços de Marcelo.
-Não mando, mas quero saber o motivo disso.
Luana andou apressada e bateu na porta da sala,que estava fechada.A professora abriu.
-Luana?!-ela parecia confusa.-Você esta...esta bem?
-Otima.-disse ela secando os olhos.-Posso entrar?
A sala estava silenciosa e todas as pessoas olhavam de Luana para Marcelo.Já o garoto,olhava para Luana, de braços cruzados e uma cara pouco amigável.
-Claro... Você pode sim...eu...-mas Luana já adentrava a sala apressada com Marcelo atrás de si,e sentou na sua cadeira.
-Bem..Peguem seus livros,e abram na página 49.
Luana abriu a mochila e depositou o livro em cima de sua carteira.
-Você está bem?
Luana levantou o rosto e viu Mônica, a melhor amiga de Kátia em sua frente.
-Ótima.
-Porque esta chorando?
-Nada demais.
-Entendo.
Luana tremeu os labios na intenção de dar um sorisso.Mônica se afastou.
-Você não pode se esquivar de mim pra sempre.-Marcelo ralhou.
Luana nem deu atenção e continuou folheando a folha de seu livro.A aula toda, Marcelo tentou conversar com Luana,mas esta não respondia. No final da aula, pelo silêncio da garota, ele levantou enfurecido e foi se sentar ao lado de Narcisa,uma garota que passara o número de Luana para ele.
Na hora do intervalo, ela levantou e saiu da sala.Foi para biblioteca.
Quando chegou lá, apanhou o livro mais próximo e foi se sentar.Não prestou nem um terço de atenção no livro, e só leu para desviar os pensamentos ruins de si.
-Oi.-disse uma voz baixa ao seu lado. Ela não deu atenção.A pessoa,que ela já sabia quem era,puxou uma cadeira para o lado dela.
-Não fuja de mim,eu só quero te ajudar.-falou Marcelo.
-Então me ajuda.-Luana falou.
-Como?
-Sumindo da minha vida.
Marcelo bufou e levou as mãos ao rosto.
-Para de me tratar assim.-ele disse com a voz abafada.
-Você que pede.
-Eu peço?-perguntou ele abaixando as mãos.-Eu me preocupo com você e o máximo que você faz é me mandar sumir, como você sempre faz,sempre me tratando como um lixo.Mas afinal, deve ser isso que eu sou para você.
-Eu nunca disse isso!-ela se virou pra ele indignada.-Só quero ficar sozinha.
-Pois fique.-ele disse se levantando e saindo da biblioteca.
Luana passou o últimos cinco minutos lendo o livro.Depois jogou ele em cima da mesa e recomeçou a chorar.Saiu apressada da biblioteca. Ia atrás de Marcelo.
Caminhou por dois minutos e achou ele sorrindo no meio de duas garotas.Caminhou lentamente até ele.
-Marcelo.-murmurou.
Ele se virou lentamente para ela.
-Eu.
-Posso falar com você?
Ele fitou o rosto de Luana,ainda vermelho e por fim decidiu.
-Pode sim.
As duas garotas bufaram e se retiram,entre resmungos.
-Bem...-ela começou enxugando as lágrimas e olhando para os próprios pés.-Queria te pedir desculpas.
-Desculpada.-Marcelo falou secamente.
Luana viu que não conseguiria insistir para ele desculpa-lá,pois sabia que ele não aceitou as desculpas.Ela fez menção de sair,mas Marcelo falou.
-Porque esta chorando? Não me esconda, não teria porque não confiar em mim.
Luana que estava de costas para ele,porque ia sair dali,se virou.
-Pra você não é nada importante,mas para mim sim.
-Me conte.
Luana suspirou.
-Eu descubri o nome dos meus pais.
Marcelo olhou para ela surpreso.
-E quais são?-ele perguntou .
-Morgana e Alejandro.
-Você não sabe o sobrenome de nenhum deles?
-Sim
-E qual é?
-Morgana Fillips e Alejandro Rockwell.
Marcelo estalou a lingua.
-Você conhece ele?-ela perguntou assustada.
-Sim...Uma vez ouvi falar,que ele estava agindo em New York..
Luana mordeu o labio e fixou o olhar em um ponto fixo.
-Que foi?-Marcelo perguntou assustado.
-Preciso ir pra lá.
-Aah não!-ele exclamou.- Você ainda esta pensando nessa história maluca?
-Estou.Você sabe que eu vou para onde ele estiver.
-Matar ele?
-Sim...Não sei...Talvez só conhecer... E falar um monte pra ele.
-Você seria morta só por tentar.
-Mas eu tentaria.
Foi a vez de Marcelo morder o lábio.
-Quando vai?
-Não sei.Vou ter que arrumar muita grana.Tenho 300 reais apenas...Vou ter que trabalhar, ou slah....
-Tá, eu tenho 400,então já temos 700 reais.
-Na verdade eu tenho 300 reais.
-E eu 400.
-Mas você não vai.
-Vou sim.
Luana colocou as mãos na cintura.
-Não.
-Sim.
-Já falei que não.
-Você não manda.-Marcelo falou e encarou a menina e cruzando os braços.
Luana mostrou o dedo do meio e Marcelo sorriu,puxando Luana para um abraço no qual ela cedeu. Ele beijou o topo da cabeça de Luana.
-Vai ficar tudo bem.-ele disse.
Luana ia responder mas uma voz poupou o esforço.
-Marcelo?Luana?
Só pela voz ela reconheceu que era Katia.Luana ia se desgrudar de Marcelo, mas ele nao cedeu.
-Pois não?-Luana perguntou ainda abraçada ao garoto.
-Vocês estão namorando?-Katia perguntou desconfiada,e o grupinho de garotas em volta dela riu.
Marcelo ia responder mas Luana foi mais rápida.
-É óbvio.
-Óbvio que o que?-Katia perguntou mais desconfiada.
-Que sim garota.
Marcelo ofegou e as garotas fizeram coro a ele.
-Isso é sério?-Uma das garotas perguntou abismada.
-Lógico.-Luana respondeu calma.
-Marcelo?-Katia procurou a afirmação dele.
-Nós...-Ele ia falar besteira,Luana sabia,então apenas apertou o braço dele.- estamos sim -disse com firmeza.
Kátia estava boquiaberta,assim como as outras.Ela olhou para Luana,irritada e saiu apressada com suas amigas.
Quando ela se afastou, Luana se desgrudou de Marcelo e disse desesperada.
-Ai ai ai ai ai desculpa!
Marcelo sorria.
-Porque você disse aquilo?
-E eu sei lá!-ela disse andando de um lado para o outro.-Me desculpa, sério.Você deve estar me odiando.
-Não estou não.-Ele sorria.-Não poderia odiar a minha própria namorada.
-Eu não sou sua namorada!-ela parou apontando pra ele.
-Foi o que você disse para Kátia.
-Mas você sabe que é mentira!
-Então vai contar a verdade pra ela.
-Eu....Olha eu vou fugir logo, não me importa o que eles pensem!
-Eu também vou!
-Marcelo... Pense...As aulas que você vai perder...Sua mãe, seu pai... O seu irmão..
-Não irei perder minha familia. E não ligo para as aulas.
-Você não vai comigo.-ela falou tentando manter a calma.
-Você não vai conseguir sozinha.-ele falou mas calmo ainda.
-Não me subestime.
-Não estou fazendo isso.
Luana mordia o lábio nervosamente.
-Você não vai.
-Se não quiser ir comigo,você não vai,pois contarei a Cecilia e Tony.
Luana aregalou os olhos.
-Você não faria...você não pode..-Ah eu posso.O que será que vão achar quando souberem que você quer ver um traficante?Que quer fugir apenas com 300 reais,e sozinha?
-Você é patético.
-E você simplória.
Luana ficou em silêncio.
-Sua vida vai estar em jogo.-ela falou.
-A sua também.
Luana ficou impaciente.
-É meu pai. Minha vida.
-Você é minha namorada, sua vida é minha.
-Lógico que não!
-Então vai dizer isso ao povo.
-Não tenho coragem.
-E porque?
-Porque vão me zoar eternamente.
-Ué,mas se você tem medo que te zoem,terá medo de procurar seu pai,não?
-Não! Alias,se você for comigo mesmo,terá que ficar sabendo dos planos,e vai ter que andar comigo...E o nosso fingido namoro vai evitar perguntas embaraçosas.
-Isso é verdade.
O sinail tocou.
-Vamos.-Luana disse andando apressada.
-Você vai de mão dada comigo!-Marcelo puxou a mão dela.
-Não!-ela tentou puxar sua mão.
-Vai sim.
E entre resmungos e socos em Marcelo ela seguiu o caminho,mas parava de agredi-lo quando via alguem.
-Vou te matar.-ela rosnou no ouvido dele quando algumas pessoas olharam para as mãos deles.
-Eu sei que sou lindo.-ele disse em alto e bom som, para que os outros pensassem que era isso que Luana dissera ao ouvido dele.
Luana nao se aguentou e mostrou o dedo do meio para ele.Seguiram para o caminho da sala e quando entraram, ela se sentou imediatamente e Marcelo lançou um olhar debochado a Luana e se sentou. As ultimas aulas ela aturou olhares de Kátia e de suas amiguinhas. Sorria para ela e via a garota se roer de raiva. Quando o sinal tocou, Luana guardou o material e esperou Marcelo.
-Me esperando porque?-ele parou no ato de enfiar o caderno na mochila.
-Quero que ligue para sua mãe.
-Pra que?-ele perguntou desconfiado.
-Liga pra ela,e fala que vai fazer um trabalho na minha casa,e depois fala pra ela que você vai voltar as nove porque o trabalho é importante.
-E o que nos vamos fazer?-Marcelo perguntou desconfiado.
-O trabalho seu anta!-ela respondeu.
-Mas é só pra daqui a duas semanas!
-Vou estar ocupada até lá.
-Vai estar fazendo o que?-ele perguntou ainda com o caderno na mao.
-Procurando um emprego.-disse ela procurando o celular no bolso da calça de Marcelo.
-Oooh...quem deixou você mecher ai?-ele censurou Luana.
-Ah cala essa boca.-ela disse pegando o celular.
Quando ele ia ligar Luana gritou.
-Espera!-ele parou.Ela pegou seu celular e discou algum número.Esperou.-Alô?! Pai,eu vou na casa de Marcelo, e já vou pra casa,com ele.Sim pai,com ele.Ele vai ter que dormir em casa.Porque temos trabalhos atrasados pra amanhã, que não fiz por causa do acidente.Temos sim.Pai pelo amor de Deus,ele é só meu amigo! Não começa! Daqui pouco estou ai!É,no meu quarto sim!Tchau.
Luana encerrou a chamada.
-Seu amigo é?-Marcelo perguntou pondo a mochila nos ombros.
-É,é,agora vamos.
Ela puxou Marcelo pela mão e saiu andando.
-Quem disse que eu vou dormir na sua casa?
-Você tem que ir.-disse ela saindo na rua com Marcelo ao seu lado.
-Porque?
-Além do trabalho, precisa me ajudar a arrumar um emprego.
-Ah meu Deus....E você me perguntou se eu quero ajudar?
-Não.Mas eu preciso de sua ajuda, sério.
-E como eu vou fazer isso?
-Sei la.A gente vê.
Em 10 minutos eles já estava na casa de Marcelo.Depois de convencer os pais de Marcelo,Luana ficou conversando com eles,enquanto o garoto tomava banho.Quando este desceu,estava trajando uma calça moletom cinza e uma pólo preta,junto com sua mochila da escola.
-Vamos?-Luana perguntou.
-Simmm - ele disse andando em direção a ela.
-Vou levar vocês.-Albert, o pai de Marcelo,disse.
-Obrigada.-Luana agradeceu.Estava cansada demais para andar.
Se despediram de Cauã,e depois de Noberta que abraçou o filho repetidas vezes.Quando se dirigiram ao carro, foram conversando muito bem e alegremente. Chegaram a casa de Luana e se despediram de Albert.
Caminharam até a porta e ouviram vozes gritando, lá de dentro.
-ESTOU FARTA!VOCÊ NÃO ME AMA MAIS!-Cecília berrou.
-AMO!MAS VOCÊ ESTA FICANDO IRREDUTÍVEL! NÃO DA MAIS!PRA MIM CHEGA.-Tony berrava também.
Luana levou a mão na boca,e Marcelo segurou seus ombros.
Não podia ser, isso não poderia estar acontecendo.

A perseguiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora