O bilhete

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Era um dia comum em São Paulo,ensolarado e poluído.As pessoas passavam apressadas,falando no telefone e mechendo no celular, todos em conversas monótonas, apaixonadas e inconvenientes. A única pessoa que passava distraída, era uma garota alta,morena, de cabelos grandes,ondulados, pretos e olhos castanhos escuros, um corpo bonito mas não tao chamativo.Se chamava Luana.Ela olhava para as arvores,as pessoas,a calçada, totalmente absorta em seus próprios pensamentos.Ia em direção a um prédio grande e azul.
Caminhou ate lá, e entrou.Andou apressada até a sala de aula e se sentou.Já havia muitas pessoas na sala,conversando, rindo,algumas em pé falando animadamente e outras sentadas falando baixo.Quando todos sentaram a professora chegou e o silêncio reinou.Era segunda feira,a terceira semana de aula,Luana já estava acustumada com a turma,mesmo porque já estavam juntos a 3 anos.
-Bem classe,agora me entreguem o dever de Matemática, coloquem aqui em cima da minha....
A professora parou de falar e olhou pra pra porta.Um garoto alto,moreno, dos olhos verdes e cabelos negros estava parado a porta.Vestia uma blusa pôlo branca, uma bermuda beje,um vans preto,e uma mochila da mesma cor nos ombros.Sorria.A sala toda estava silenciosa então a professora disse
-Ola seja bem-vindo! É aluno novo -perguntou a professora sorridente
-Correto - disse ele estendendo a mão - prazer sou Marcelo
-Ah sim,sou Cintia,você pode se sentar ali do lado da Katia,terceira fileira
-Obrigada - disse Marcelo
E se sentou.
-Bem,como ia dizendo, deixem seus deveres na minha mesa que eu irei revisar.Bom,vamos falar agora sobre equaçao.Equaçoes,como vocês podem ver,equação são quando...
Mas ninguém estava prestando atenção, os olhares estavam vidrados no aluno novo que parecia estar levemente interessado na explicação da professora.Luana por sua vez nem parecia notar que o garoto existia, estava lendo um enorme texto em seu caderno absorvendo cada palavra que lia,e seus olhos esquadrinhavam vorazmente cada letra.
40 minutos depois o sinal tocou.
-Tchau gente,até amanhã- falou a professora saindo da sala
As pessoas voltaram a conversar e havia uma rodinha de meninas em volta do garoto novo, e elas riam bobamente a cada palavra que ele dizia.
-...e essa é a Mônica, minha amiga também -dizia Katia
-Prazer - disse Marcelo
-Bom aquela ali sentada na última carteira é Maria,ela e meio esquisita sabe.-dizia Katia debochadamente e as amigas soltavam risinhos agudos
E assim por diante,Katia foi apresentando as pessoas ate chegar em Luana
-E aquela lá é a Luana, ela é legal,mas é meio monótona,nem tenta fazer amizade - disse Katia aumentando a voz,fazendo questão de Luana ouvir.As duas tinham uma inimizade enorme,e todos sabiam disso.
-Ah Katia,porque você tem tantas qualidades, pra fazer posse -disse Luana com um sorriso debochado
-Talvez eu tenha querida, é só questão de ter inteligência o bastante pra perceber.
-Então acho que ninguém tem tanta inteligência em questão - disse Luana em voz alta escrevendo no caderno a anotação da lousa.
Katia ficou brava e murmurou algo para suas amigas que concordaram e fecharam a cara pra Luana.Luana nem ligou, aliás já estava acustumada com a diferença entre ela e a colega de classe.
Duas aulas depois, chegou o intervalo, e a garota desceu para o patio.Não estava com fome, nem vontade de conversar, então apenas decidiu ir para biblioteca. Foi e ficou lá até o sinal para o termino do intervalo bater.Devolveu o livro para prateleira e saiu apressada,entrou na sala e se sentou.
Três aulas depois o sinal tocou e todos começaram a guardar seus matérias,inclusive Luana.Quando apanhou seu livro de Matemática debaixo da mesa,deixou cair um papel e apanhou sem dar muita atenção, mas quando colocou o papel na mala,percebeu que ela não tinha posto nenhum papel na carteira e então abriu. Com uma letra esgarranchada e longa, estava escrito " eu acho que também não tenho inteligência em questao''.
Luana ficou encabulada,pois não tinha ideia de quem era aquilo e como a pessoa colocou aquilo em sua mesa.A mensagem ela entendeu, mas não entendeu quem escreveu aquilo.Passou o resto da aula quieta, e quando tocou o sinal, ficou claro,enquanto ela caminhava,que aquilo deveria ser levemente investigado...

A perseguiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora