– Atenção! – bati no quadro atrás de mim. – Esse é o Projeto Ally Na Banda!
Olhei para os meus dois amigos de banda na minha frente que estavam com aquelas caras insuportáveis de tédio, só porque sabiam o quanto eu odiava. Mas, pelo menos, o meu esforço de algumas horas tentando convencê-los de que fazer a Ally entender que sua voz era magnífica valeria muito mais a pena do que procurar qualquer outra aspirante à vocalista tinha dado certo. Naquele momento, estávamos na Records pós-destruição. Depois do nosso pequeeeno acidente, limpamos tudo, ajudamos a colocar novos vidros na vitrine ao som de ameaças encantadoras do Luke e ela estava fechada, por isso, usávamos como local de reunião da banda.
– A Ally chegará em alguns minutos. – olhei a hora no meu celular. Faltavam 5 minutos para o horário combinado. – Uns 30, mais ou menos. Lembram o que vão fazer, não é?
– Claro, Félix. Você repetiu vinte vezes. – Dylan respondeu enquanto levantava da cadeira e batia no balcão com suas baquetas. – Como ela aceitou participar disso? Está ameaçando a garota?
– Não foi preciso. Ela apenas aceitou que eu tinha razão.
Não poderia ser mais mentiroso. Na verdade, o que aconteceu foi que eu havia passado as últimas semanas enchendo seu armário de bilhetes com mensagens sutis que a lembravam de como sua voz era bonita, fiz alguns comentários durante as aulas que davam a entender que eu seria alguém muito mais feliz se alguém daquela sala aceitasse sair comigo para "ouvir música" e pedi que disfarçadamente algumas pessoas comentassem pelos corredores da escola como a minha banda ficaria linda com uma vocalista loira. Então, ela foi vencida pelo cansaço!
***
Uma hora depois, ela chegou na loja. Pisquei para Eric, pois era sua deixa.
– Oi! Não fomos devidamente apresentados. – ele puxou a cadeira que o Dylan estava prestes a se sentar, fazendo com que ele quase caísse. – Pode sentar. Eu sou o Eric. Ah, que falta faz uma figura feminina na banda... Temos que lidar com brutamontes.
– Ei! – protestei.
– Você não, meu homem.
Ally deu uma risadinha (devia imaginar que o Eric era o brutamontes).
– O que vocês aprontaram? – ela olhou para meu quadro, então dei um chute para ele virar para o outro lado e não revelar nosso plano.
– Só uma conversa. Há boatos de que você gosta de cantar. Cantar... Quem é mesmo que gosta de cantar? – ele colocou a mão no queixo e fez uma atuação de alguém pensando. Ator! – Quem é mesmo? – repetiu olhando para Dylan. Pisei no pé dele, para que se lembrasse. Do seu celular começou a sair a voz da Beyoncé em "Crazy in love". Ally nos olhou rindo, mas também curiosa para entender a situação.
– Ah, Beyoncé! Nossa, acabei de lembrar de uma entrevista que ela deu há um tempo. Você sabia que ela é suuuuper tímida? Não é, gente?
– Siiiim - falamos em uníssono.
– Já falou que fica apavorada em lugares com muitas pessoas. Acho que o mais legal sobre isso é que no palco ela consegue esquecer desse detalhe e de todas as outras preocupações. No palco, ela é a Beyoncé.
Eu e Dylan aplaudimos. Lindo!
– Não me diga.
– Digo! E digo mais! Assisti a um documentário sensacional esses dias... – dessa vez, Dylan estava ligado e já colocou "Toxic" para tocar. – I Am Britney. Já assistiu? – ela fez que sim com a cabeça. – Perfeito! Então, deve ter notado quando ela disse que sempre lutou muito para se acostumar com as pessoas colocando-a no centro das atenções. Não só isso, mas ela sofreu muito durante a carreira com os haters e todas as pessoas que não acreditavam nela. Mas ela não desistiu e hoje ela é e sempre será... Britney Spears.
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Um bilhão de hits
RomanceA Estação Quatro estava começando a fazer sucesso quando perde uma peça essencial: sua vocalista. Agora, enquanto tenta encontrar uma nova, o guitarrista da banda depara-se pela primeira vez com um sentimento que só conhecia através das músicas de s...