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Lucy - Julho de 1999

Lucy perdera a conta de quanto tempo estava olhando seu reflexo no espelho. Já havia se passado mais de um ano da batalha de Hogwarts, mais de um ano que sua vida mudara por completo depois do ataque de Fenrir Greyback.

Ainda não havia se acostumado com as cicatrizes em seu rosto e, no fundo, duvidada que um dia se acostumaria, por mais que Lupin tentasse convencê-la daquilo, por mais que Adam lhe dissesse que aquelas marcas em seu corpo não importavam, elas eram um lembrete diário de tudo que veio depois do ataque.

Ela conseguia se lembrar da dor das mordidas, de como queimavam mais e mais a cada segundo. Lembrava de como havia sucumbido ao pânico e a agonia antes de desmaiar e acordar uma semana depois da batalha, em uma cama no St. Mungus com os braços amarrados e com Adam e seus pais ao lado dela, completamente aliviados de vê-la acordada.

Não demorou muito para que Lucy percebesse uma série de mudanças causadas pelo ataque: O olfato mais aguçado, as mudanças constantes de humor, principalmente quando a lua estava cheia, a vontade de comer carne crua, o descontrole de sua magia em determinados momentos e as marcas que tanto a incomodavam em seu rosto, seus braços e seu colo.

Por meses Lucy sequer conseguiu sair de seu quarto, se comunicando com seus pais e Adam apenas pela porta. Não queria ver ninguém, só queria ficar sozinha, digerindo tudo o que havia mudado, tentando encontrar a si mesma dentro daquele ser completamente novo que emergia dela.

Sabia, no entanto, que tivera sorte. Além de Greyback não estar completamente transformado, o que poderia tê-la levado à morte ou a uma transformação completa em licantropa, ela tinha o apoio de outros além de sua família. Adam e Sarah foram incansáveis em mostrar que estavam ao lado dela, assim como Alden, que passou a tomar conta de seu caso como curandeira, mas foi a ajuda de Remo Lupin que, muitas vezes, fizeram a diferença para Lucy.

Tinha ciência que o ex professor de Defesa Contra as Artes das Trevas era um lobisomem completo e foram as experiências de Lupin que a ajudaram a não se afundar por completo em sua tristeza. Aos poucos, Lucy foi aprendendo a controlar suas mudanças de humor, mas Lupin fazia questão de dizer que era importante dar um passo de cada vez e não ultrapassar seus limites.

Com o passar dos dias, Lucy foi deixando os outros entrarem em sua nova vida. Tentou mais de uma vez terminar seu namoro com Adam, por mais que o amasse, não queria vê-lo preso a ela, não queria ser um peso para o lufano ou para a família que tanto sonhavam em formar um dia. Adam, no entanto, foi incansável em mostrar a ela que não iria a lugar algum, fazendo com que o amor que ela sentia por ele apenas aumentasse.

— Lucy? - A voz de Adam do outro lado da porta tirou a corvina se seus pensamentos.

— Pode entrar. - Ela respondeu, se ajeitando em frente a penteadeira branca. Não precisava esconder as cicatrizes dele, não mais.

— Bom dia, meu amor. - Adam disse ao entrar no quarto, indo em direção a ela e lhe beijando com suavidade — Está pronta pro dia de hoje?

— Absolutamente não! - Lucy exclamou, soltando um suspiro pesado.

Se ela tivesse um vira-tempo e conseguisse falar com a sua versão do ano anterior, a Lucy do passado acharia que ela estava mentindo. Depois do ataque, Lucy desistira de seu futuro, o que incluía seu sonho de trabalhar no St. Mungus, afinal, não tinha conhecimento de licantropos no corpo de medibruxos do hospital. A mudança em seu pensamento aconteceu quando uma carta de Jada Hughes chegou em suas mãos. Uma oportunidade: Ingressar no programa de internos.

Aquela era a chance de sua vida, a chance de retomar de onde havia parado, um estímulo para se reencontrar e impedir que o ataque de Greyback fosse uma sombra para o resto de sua vida. E, durante meses, a ideia de fazer seus NIEM'S e, posteriormente a prova de seleção para o hospital, foram o combustível que Lucy precisava para correr atrás de melhorar a cada dia.