A Primeira Filha Desonesta

Capítulo 655: Marca da Lua

Não havia muitas cítaras no segundo andar da loja de cítaras, mas todas pareciam ter histórias significativas por trás delas. Cítaras comuns não poderiam ser comparadas. Essas cítaras eram mais adequadas para o status atual de Ning Xue Yan como princesa herdeira. Se ela usasse uma cítara comum e sem nome, não seria capaz de impressionar ninguém.

Portanto, não importa o quão habilidosa a loja fosse na fabricação de cítaras, sua melhor opção era escolher uma famosa cítara antiga.

A atendente de loja perspicaz conduziu Ning Xue Yan para frente, permitindo que ela olhasse para todas as cítaras.

Todas as cítaras antigas foram colocadas na mesma área. Fosse a mesa sob cada cítara ou o incenso perfumado pairando no ar, todos os detalhes mostravam o valor dessas cítaras.

A que mais a atraiu foi a cítara antiga descansando bem no meio de todas elas.

A localização da cítara, a enorme mesa abaixo, bem como o extraordinário incensário em forma de cabeça de dragão sobre a mesa, fazia com que as outras cítaras parecessem que a estavam adorando.

Qualquer um teria visto a cítara antiga imediatamente.

Ning Xue Yan não foi exceção. Ela levantou a bainha da saia e caminhou para frente para se aproximar da cítara. Ela queria um olhar mais atento. Heng Yu Qing, uma especialista em cítara por mérito próprio, não conseguiu se impedir de correr.

Depois que ela teve uma visão clara do padrão e da fraca marca da lua crescente na cítara, ela perguntou surpresa: "Esta é a Marca da Lua?"

A Marca da Lua era um bom nome para uma cítara, mas a cítara com um nome tão bonito tinha uma história comovente, uma história que se espalhou entre as pessoas por anos.

Diz a lenda que a princesa imperial Chu Yue do Estado de Jiang se apaixonou pelo preceptor do Estado de seu país, Xuan Yin, mas ele não poderia se casar para sempre por causa de sua posição como preceptor. Para ficar com seu amado, Chu Yue desistiu de sua identidade como princesa e serviu a Xuan Yin como uma serva comum.

O imperador ficou furioso ao saber disso. Ele forçou um casamento de aliança em Chu Yue e a despachou no sedã nupcial enviado por Estado de Lin. Quando sua comitiva passou pela fronteira dos dois Estados, Xuan Yin sentou-se atrás da cachoeira em uma pequena montanha e tocou cítara. Ele usou a cítara antiga que havia feito pessoalmente para Chu Yue, a Marca da Lua.

Quando Chu Yue ouviu o belo som da cítara, ela saiu correndo do sedã nupcial e chorou tristemente. Ela se despediu de Xuan Yin à distância e voltou para o sedã, onde usou uma adaga que havia preparado de antemão e se matou. As servas do lado de fora do sedã imediatamente levantaram a cortina quando perceberam que algo estava errado, mas Chu Yue estava além de qualquer ajuda. Ela estava morta, como uma flor murcha.

Quando Xuan Yin soube que Chu Yue havia morrido, ele largou a cítara e pulou na antiga cachoeira atrás dele. Ele estava tão desesperado que uma das cordas da cítara se soltou depois que ele tocou a última música. Felizmente, um mestre desconhecido corrigiu essa  corda mais tarde.

Para homenagear  o casal de amantes, a Marca da Lua se tornou uma história transmitida de geração em geração.

Xuan Yin era um especialista em cítara que recebeu a admiração de muitos durante seu tempo. Seu conhecimento da cítara era considerado sem precedentes, não superado nem por seu predecessor nem por seu sucessor.

Mais tarde, o Estado de Jiang foi destruído em uma guerra e os nove estados se expandiram sem restrições. Muitos anos se passaram sem que ninguém mais visse esta cítara, mas sua história continuou se espalhando, principalmente entre as senhoritas do boudoir. Elas ficaram tão apaixonadas pela história dos amantes que até mesmo a cítara chamada Marca da Lua tornou-se um conto eterno.