1- Miguel

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                                                                                                Miguel


-Força, Miguel! Você consegue!

Fadigado, Miguel Monteiro já estava sentindo o cansaço de puxar aqueles pesos. Seu pai, como seu treinador, era bastante rígido e nunca facilitava a vida do seu filho perante aos seus objetivos. Sua voz impertinente parecia abelhas ecoando ao redor dos seus ouvidos. Seu ombro já estava doendo, mas seu fôlego de glória fazia Miguel ter mais força de vontade ainda para continuar lutando contra seu adversário.

-Você consegue!

Apesar da persuasão da voz do seu pai comandar seus instintos, Miguel estava sentindo a pressão. Não só dos pesos ganhando da sua força, mas também do ordenar da voz do seu pai. Então, ele soltou os pesos e se lamentou, arfando constantemente enquanto recuperava o seu fôlego.

-Você não está concentrado o suficiente._alegou o seu pai se aproximando dele. -O quê está acontecendo?

Miguel levantou-se rapidamente sem demonstrar a dor no seu braço, pegou sua garrafa de água no chão e começou a movimentar-se para dentro do banheiro. Enquanto seus passos se tornavam pesados, Miguel reparou que havia uma multidão de pessoas o observando e suas expressões de lamentações o enfureceram por um momento.

-Vai me contar o que está acontecendo?!

-Eu sinto muito, pai._respondeu Miguel, se sentando no banco. -Não tive um bom dia.

Para Miguel foi uma surpresa ao ver seu pai se lamentando. Não houve nem mesmo um sermão dessa vez. Ele apenas sentou-se ao seu lado e olhou para o filho.

-A competição está chegando._disse ele, entrelaçando as mãos uma na outra. -Você vai estar preparado para isso?

Miguel sentiu um certo apelo vindo daquelas palavras. Dificilmente alguém veria o lado compreensível do seu pai. Arthur para Miguel era um homem bastante autoritário e gostava sempre das coisas como queria.

-Estarei pronto, eu prometo._respondeu Miguel, olhando para o pai. -Não vou falhar.

Miguel gostava do seu pai, apesar dos seus descontroles, do seu vício nas bebidas. Miguel sentia um certo orgulho dele. Antes da morte da sua mãe, Arthur era o melhor pai do mundo. Às pessoas daquela cidade o amavam. As crianças do bairro queriam sempre treinar com ele na sua academia. Arthur era um homem forte, destemido, apaixonado pela vida, mas perdeu-se durante algum tempo. E a única coisa que lhe fez de fato voltar a sorrir para vida, foi voltar a treinar o seu filho.

-Estou contando com isso, meu filho.

Então, Arthur levantou-se com um sorriso no rosto, deu-lhe um tapa de leve no braço e saiu do banheiro. E a necessidade que Miguel sentiu de estar sozinho foi grande demais. Ele se levantou do banco e parou na frente do espelho. Miguel não queria mentir para seu pai, mas a realidade estava pesando demais a sua mente. No dia em que sua mãe morreu, Miguel estava junto no banco passageiro. Às vezes as lembranças vagavam pela sua mente e o fazia lembrar daquele dia. Miguel se lembrava plenamente daquele momento. Os dois estavam a caminho de um jantar importante. Arthur finalmente queria inscrever o filho numa competição de renome e sua mãe que era contra aquele esporte acabou discutindo com o filho na estrada. Fernanda apoiava os sonhos dos filhos e Arthur não. Miguel queria ser fotógrafo, mas seu pai tinha um outro futuro para ele.

"Mãe por favor, já falamos disso."_Miguel disse, colocando o cinto de segurança. "Eu gosto de lutar, eu quero fazer isso."

"E a fotografia?"_perguntou Fernanda, ligando o motor do carro. "Você adora fotografar! É o seu sonho. Por quê está fugindo disso?"

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⏰ Última atualização: Nov 26, 2022 ⏰

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