— Deveria estar dormindo, não acha? — dei um sobressalto assim que escutei a voz da minha mãe — Desculpe, está tudo bem? — perguntou preocupada sentando ao meu lado
Balancei a cabeça em afirmação me ajeitando sobre o balanço da varanda
— Certeza? Está tão quieta desde que sentou-se aqui — disse ela ajeitando o casaco sobre os ombros
— Só pensando... apenas isso
Sorri tentando tranquilizar ela, não fazia tanto tempo mas o tempo passou para meus pais. Observando minha mãe percebo que o tempo foi generoso com ela, mesmo com marcas de expressão ainda continuava linda, meu pai também
Senti falta deles, no começo foi difícil a adaptação mas com o tempo foi se tornando rotina. Depois de dez anos fora, finalmente tinha voltado para casa. Meus pais me receberam muito bem, dava pra ver a saudade que eles sentiam, já que me viam apenas quando eles tinha tempo do trabalho
— Está sim... só estou me lembrando dos meus amigos da escola, já faz tempo... — divaguei observando a rua silenciosa
— Quando você foi embora todos vieram aqui preocupados querendo saber o porquê você estava faltando — disse ela — conversei com eles e vi que ficaram chateados, e eu entendi eles, assim como eles vão entender o porque você foi embora
— Não é tão fácil, mãe. Foram dez anos longe, você e o papai me via sempre que podia e eles já faz anos que ao menos escutou minha voz
— Não fique assim, tudo vai se resolver. Aliás, você nunca me disse que estava namorando aquela menina que tinha uma mecha verde no cabelo — meu coração palpitou lembrando dela
— Eu nunca namorei, a gente só ficava, nada demais. Por que o interresse logo agora? — perguntei arqueando a sobrancelha
— Por que lembro que ela foi a que mais ficou chateada, digo que até triste, perguntava desesperadamente para onde você tinha ido, seu número... eu não lhe passei nem uma informação já que foi um pedido seu
— Fez certo... bom, preciso entrar — disse quando me levantei, deixei um beijo em sua testa
— Boa noite, olhe o que deixei em sua bancada — assenti subindo para o quarto
Estranhei um envelope na bancada e me aproximei para pegar, li as palavras e minhas mãos ficaram trêmulas, uma carta com bordas douradas estavam me convidando para um baile de reencontro com os velhos alunos, eu estava com muito medo mas iria, seria uma chance de reencontrar eles
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A semana passou rápida e com a chegada com final de semana, veio o baile de reencontro. Eu estava me arrumando totalmente nervosa, me olhei no espelho e constatei que estava ótimo para um baile, usando um vestido de mangas longas preto até a metade das minhas coxas com um decote em "v" deixando minha clavícula e ombros expostos. Coloquei argolas grandes de pratas e um cordão com um pirgente de lua
Meus fios ondulados estão soltos dividido no meio e bem cheios, na maquiagem fiz o de sempre, apenas coloquei uma batom vermelho e marquei bem meus olhos, nos pés estou usando uma sandália de salto alto com tiras no tornozelo.
Desci as escadas calmamente e encontrei com meus pais
— Uau filha, você está linda — minha mãe disse assim que me viu — se pretende deixar alguém babando, vai conseguir em
— Não fale essas besteiras, meu bebê ainda está muito nova para namorar — papai disse emburrado
— Pai, eu já tenho vinte e seis anos - lhe avisei, parece que ele nunca vai deixar de ser ciumento — E não pretedo deixar ninguém babando, me arrumei para mim mesma, não quero chamar atenção de ninguém