Henry e Eliza

85 5 10
                                    

Me desagrada tocar a campainha dos vizinhos que eu nunca notei as 4h da tarde. Eu com certeza tenho umas falhas de caráter e preciso resolvê-las, ninguém tem culpa de eu ter me afundando.

Novamente toco a campainha, presto atenção e ouço um piano parar de se tocar. A porta se abre abruptamente, e uma garota meio infurecida sem me olhar na cara dispara a reclamar:

-Sério eu já falei que não vou comprar esses chocolates eu tenho diabetes maldição!- Aí ela percebe que sou eu, e muda totalmente a expressão, pedindo perdões com a voz adocicada- Ahh Luan?!! Me desculpa? Achei que fosse as crianças de novo, não achei que fosse você, eu jamais falaria assim com você, não por ser você sabe? Eu nunca falaria assim com alguém...

E ela continua a falar inúmeras palavras, eu nem consigo prestar atenção, eu a interrompo:

-Eu posso entrar preciso falar com o seu irmão?

Ela me olha com um sorriso esticado, olhos arregalados, e com ar na voz responde rapido:

-Claro que pode, eu te levo até o quarto dele, ou se você preferir eu chamo ele pra você? Vocês são amigos? Por que meu irmão precisa de amigos decentes sabe, e você é tão é... É tão é... vizinho- Ela diz isso de forma inconclusiva e me puxa para dentro.

A casa deles em estrutura se parece muito com a minha, uma sala pequena de entrada para casacos e guarda chuvas, depois uma sala grande no centro da casa, com as escadas. As diferenças daqui para lá é que aqui tem bastante cores vivas, e pinturas pelas paredes, sem contar o piano perto da janela.

A menina continua me puxando, sério eu que tenho raiva que ponham a mão em mim? Ela praticamente me arrasta pelas escadas, e bate com uma força estrondosa na porta do quarto do irmão dela, eu fico até assustado e ela grita:

-Henry eu vou abrir!

Eu tô quase falando para ela que não precisa disso, mas subitamente ela escancara a porta, olha em várias direções, e diz:

-É ele não está Luanzinho, deve estar no telhado querendo levar um raio na testa de novo...

-Espera ele já levou um raio na testa mesmo?

-Ah sim! Ele quase morreu, e agora eu não sei o que ele quer com aquela antena velha no telhado, se quiser você pode subir lá, pela janela dele tem jeito, a não ser que você tenha medo de altura, ou tenha labirintite sei lá, eu até te ajudaria a subir se eu não fosse tão frágil e delicada...

-Eh! Não precisa sabe... éh? Qual o seu nome mesmo?

-Eliza, mas pode me chamar de Liza ou se preferir de Lady gaga, Madonna, El, Cleópatra, você que sabe.

Eu sorrio forçadamente acenando com a cabeça, e mais do que depressa passo a janela para fora e subo por uma escada que está fixada na parede. Eu mal conheço a Eliza e já acho ela insuportável, é a típica garota barulhenta que usa cores vibrantes, ela é uma cópia do irmão em aparência, parece até mais alta do que ele, a diferença é que ele é mais desbotado.

Chego ao telhado inclinado, e em seu topo está Henry com umas ferramentas, e a antena caída. Eu vou até ele que está sentado, ele percebe que estou aqui, eu continuo em pé. Engolindo seco meu orgulho digo:

-Me desculpe ter te machucado Henry, eu me arrependo de ter sido um cara tão chato com você. E se você não quiser me desculpar tá tudo bem, penso que se alguém agisse assim comigo eu não o desculparia...

-Sabe Luan eu nem fiquei com raiva! nem senti dor, só sangrou um pouco, e eu de cara percebi que você é ranzinza, sei lá. Eu te desculpo por que eu já pedi tantas desculpas para os outros devido as minhas idiotices! Não levo isso pro coração.

Ta De Sacanagem Vida?Onde histórias criam vida. Descubra agora