Capítulo-1

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SE PASSARAM TRÊS MIL ANOS desde o fim da guerra santa, onde quatro dos cinco clãs se juntaram para selar o clã dos demônios. Durante a guerra, nosso amado clã das Fadas se juntou ao clã das deusas, mas não sei se essa foi a melhor escolha.

A única coisa que eu tenho daquele fatídico dia é a lembrança dos humanos nos traindo e matando cada um dos meus irmãos e irmãs, nunca pensei que veria nossa amada e pacífica floresta passar por algo como isso, um verdadeiro massacre.

Naquele dia, um humano me atacou pelas costas numa tentativa falha de arrancar minhas asas, mas por ser fraco apenas as quebrou e as manchou de carmezim.-Me lembro da dor até hoje. Quando achou que elas tinham perdido valor deixou meu corpo "morto" para trás e partiu.

Meu corpo quase morto foi capaz de se curar de célula por célula com a Gota da Vida, a benção que recebi da Árvore Sagrada. O poder da cura absoluta da árvore me foi dado no momento de meu nascimento, e como eu já não era mais nenhuma criança, não foi difícil usar minhas últimas forças para manipular a Gota da Vida.

Passei dias desacordada e quando acordei, estava totalmente curada. A felicidade não durou muito, pois quando olhei para os lados tive a verdadeira visão do inferno. Todos os meus companheiros e amigos queridos estavam mortos, com os corpos dilacerados, ensanguentados e principalmente sem vida.

Passei por um estado de negação muito forte, gritando e chorando por horas... até cair desmaiada sem forças. Quando acordei depois de alguns minutos, ainda abalada, saí em busca de sobreviventes e achei alguns companheiros, isso me alegrou um pouco. Mas tinha algo me incomodando, por que tinha tantos corpos de humanos mortos espalhados se foram eles que nos atacaram?

Flashback...

——Íris? –disse uma voz assustada– É você mesmo?

Estava tão abalada que não fui capaz de reconhece-lá pela voz, tive que virar o rosto para saber quem era. E lá estava ela, minha melhor amiga, Gerhead. Ela estava tão abalada quanto quanto eu, mas ao contrário de mim, ela tinha muitos machucados espalhados pelo corpo.

Gerhead! Não se mova, certo? –pedi– Gota da Vida!

Então na palma da minha mão nasceu um broto de Flor de Girassol, que logo desabrochou e derramou uma gota transparente e recheada de princípios de cura da Árvore Sagrada em Gerhead, a curando instantaneamente.

Obrigada Íris. –agradeceu com um sorriso amarelo. Apenas acenei com a cabeça e lhe ofereci um sorriso sem dentes.

Então senti a Flor de Girassol sumir da minha palma, seu trabalho já havia sido feito. Foi ai que senti algo rodeando meu dedo anelar, estranhei muito já que não uso anéis.

Era um anel fino e com uma pequena folha repousada em sua parte superior, inteiramente banhado em ouro. Quando o notei, meus olhos se arregalaram e minha consciência pareceu fazer um "click", era o anel de Gloxinia. Céus, onde ele estava?

Antes que eu fosse abrir minha boca para perguntar o paradeiro de Gloxinia á Gerhead, ela mesma começou a falar.—Que tragédia... não foi? Mas ao menos a Guerra Santa acabou, o sacrifício de nossos companheiros não foi em vão.

Do que está falando?

Surpirou.—Entenda como preferir.

MIZPÁ, Gloxinia.Onde histórias criam vida. Descubra agora