Chamada de vídeo

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*Sasa*

Me acordei com dor de cabeça, dormi muito mal. A semana estava maravilhosa, porque eu entraria de férias logo. A última vez que conversei com as meninas, elas estavam planejando uma viajem para uma casa de praia no Espírito Santo. Me levantei e fui ver como a Agatha estava, ela estava largada no sofá da sala, quando me viu ficou toda manhosa implorando por ração. Depois de alimentá-la eu fui banhar.

Me arrumei e fui para o consultório sem tomar café, odeio quando esqueço de tomar café, tomei um remédio para melhorar minha situação. A Fabíola disse que eu tinha que visitar uma paciente no presídio.

- Eu não faço consultas em Presídios - falei

- Mas foi a justiça que solicitou sua presença lá, você vai ser bem remunerado por essa consulta - falou ela

- O que ela quer? - perguntei

- Uma consulta padrão de 50 minutos, vai ser rapidinho - falou ela

- É muito fácil falar, onde que fica esse presídio? - perguntei

- A unidade prisional Femininia de Palmas, toma o endereço - falou ela me entregando um papel pautado.

Rua Castro Alves, Quadra 4-A, Lote 05 e 06, Setor Bela Vista - Taquaralto

- Tá bem - falei saindo da minha sala. Fui dirigindo ouvindo Mitski. O dia estava nublado, finalmente chegou os raros dias que chove no Tocantins chegou. Assim que cheguei lá fui recebido pela chefe de segurança do presídio.

- Prazer, eu sou Nizan Pereira dos Santos, mas pode me chamar de Niza - falou ela abrindo a porta da sala de interrogatório.

- Prazer - falei estranhando o local - O que aconteceu com a paciente?

- Ela está muito alterada, tivemos que amarrá-la em uma maca, tentamos deixar ela na solitária, mas não sabíamos que a detenta tinha tendências suicidas - respondeu Nizan

- O que ela fez? - perguntei

- Estava batendo a própria cabeça contra a parede com muita força, pegamos as gravações da câmera de segurança - falou ela tirando o tablet da pasta para me mostrar. Nunca peguei um caso assim. Ela estava gritando muito.

- EU QUERO MORRER! ME TIREM DAQUI SEUS FILHOS DA PUTA! - ela não parava de repetir isso, os agentes penitenciários interviram quando a cabeça dela começou a sangrar muito.

- Levamos ela para o Hospital e para assegurar que ela não vai fazer nada contra as outras detentas ou contra si própria, amarramos ela com uma camisa de força na maca. Chamamos você aqui porque precisamos de um encaminhamento para um hospício - falou ela

- Manicômio - corrigi ela

- Claro, vou te levar na enfermaria para avaliá-la - falou ela - Não é seguro trazê-la aqui para essa sala.

Assim que chegamos lá, vi uma garota com aparência Jovial, parecia que tinha 19 anos, ela presa na maca e logo tirei um laudo para encaminhamento. Foi uma coisa rápida, ela estava dormindo, então fiquei um tempo avaliando as condições físicas dela. As mãos estavam inchadas, a cabeça estava enfaixada, os pés e os braços estavam amarrados na maca. Nos últimos 5 minutos ela se acordou olhando para mim.

- Oi, eu sou o médico que veio dar uma olhada em você, está tudo bem agora - falei para ela

- É incrível como o sistema funciona - falou ela calma - Fingi estar dormindo esse tempo todo, estava esperando você me xingar como os outros.

- Não, claro que não meu trabalho é te ajudar com seus problemas - falei olhando para seus olhos.

- Tome cuidado doutor, ele está vindo - disse ela com seriedade - Não tem como você fugir dele, ninguém escapada dessa sombra

CCC - sasa editionOnde histórias criam vida. Descubra agora