Capítulo Único

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Músicas para acompanhar

Stay – Hot Chelle Rae
The Edge of Tonight – All Time Low
The Great War – Taylor Swift
James Dean & Audrey Hepburn – Sleeping With Sirens

Liam não sabia que horas eram. Embora soubesse que estava tarde e que todos os outros terem ido embora era um sinal de que ele deveria ter feito o mesmo, algo sobre aquela noite fazia com que ele não quisesse voltar para casa ainda.

Era estranho. Eles estavam bem. Monroe ainda estava por aí, mas eventualmente eles resolveriam isso. Eles sempre resolviam. No entanto, por enquanto, a guerra e o Anuk-ite foram derrotados. Todos que ele amava e conhecia estavam bem — ou tão bem quanto alguém poderia estar depois de ser perseguido por um bando de pessoas prontas para atirar na sua cabeça sem pensar duas vezes.

Havia muitas coisas na cabeça de Liam agora, e mesmo que fosse estranho voltar para casa e aceitar que amanhã ele seria um adolescente normal vivendo um dia comum numa escola onde alunos assistiram em silêncio Gabe e Nolan acabarem com ele por ser diferente e ainda ter que fingir estar tudo bem para os seus pais, também parecia estranho não querer deixar a cena do crime e só esquecer todo o caos por um momento.

Mas o problema era... Liam não conseguia parar de olhar para Theo. Do momento em que tudo acabou, até agora, alguns passos de distância dele, sentado sozinho na calçada em frente a uma vaga ao lado da sua caminhonete, no estacionamento do hospital. Havia algo magnético em Theo que atraía Liam para perto do outro garoto, e desde que Theo aparecera no hospital mais cedo, Liam estava achando difícil manter distância. Especialmente após o fim da guerra. E não tinha nada a ver com a bala alojada em sua perna horas antes.

Era apenas o seu estúpido coração e todas as mentiras que ele vinha dizendo a si mesmo esse tempo todo. Mentiras que não se justificavam mais.

Agora eram apenas eles dois ali. Liam estava... meio aterrorizado. Tinha certeza de que Theo podia cheirar isso nele. Mas conforme diminuía a distância entre os dois, Liam percebia que Theo não estava prestando atenção, apenas encolhido na sarjeta, os braços apoiados nas pernas e seu olhar a esmo, parecendo longe dali; perdido em pensamentos.

— Oi — Liam disse, e logo se sentiu ridículo, quando se deu conta de que sua voz saíra abafada, como se estivesse sem fôlego.

Theo não se mexeu. Mas estava ouvindo, porque em seguida ele soltou um rouco:

— Oi.

— Você ainda está aqui.

— Estou — Theo respondeu. — Todo mundo foi embora há um tempo, imaginei que você fosse precisar de uma carona.

Liam franziu a testa.

— Você... estava me esperando? Pra me levar pra casa?

— A menos que você queira voltar sozinho. Se esse for o caso, você pode ir.

Porém, ao invés de aceitar o convite, Liam sentou-se ao lado do outro garoto, copiando os movimentos de Theo. Um espacinho separava seus corpos.

— Eu não quero ir pra casa ainda.

Theo não disse mais nada. E os dois caíram num silêncio esquisito — ao menos para Liam, que acompanhava os batimentos compassados de Theo enquanto os seus pareciam retumbar entre eles, como uma trilha sonora horripilante. E por um segundo, Liam se perguntou como seria se ele conseguisse se controlar como Theo fazia. Como tinha aprendido? Com os Dread Doctors, provavelmente. Mas ainda assim era curioso. Desse jeito, era mais difícil desvendar que pensamentos roubavam a atenção de Theo para longe de Liam.

it'll never be alright without you; thiamOnde histórias criam vida. Descubra agora