Hyperes e Hyperion

Capítulo 1 - A guarda gentil

     A viagem até Hyperion foi incrível, raramente tenho oportunidade de sair da capital, sempre quis explorar tudo o que o universo pode proporcionar, mas muitas responsabilidades vieram com o título de princesa herdeira de Hyperes.

     Minha mãe morreu quando eu ainda era um bebê, depois disso meu pai jurou que ele faria que sua filha crescesse como uma máquina de combate e pudesse se defender e aos outros também, minha infância e começo da juventude foram em campos de treinamentos avançados, em batalhas, em missões furtivas, reuniões diplomáticas, aulas de etiquetas e línguas. Além de princesa também sou general da guarda especial, o que fez meu trabalho aumentar ainda mais. Num geral, nunca tive tempo para algo além de aprender a liderar Hyperes.

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     — Chegamos Alyssa! — gritou Sofia, mais animada do que eu esperava —. Estamos realmente aqui!

     — Você parece muito feliz por abandonar Hyperes — minha cabeça começou a doer assim que saímos da nave.

     — Pare com isso Alyssa, estamos aqui justamente para ajudar nosso povo — ela retira todas as malas da nave e leva em direção aos dois soldados que se curvaram ao me ver, estavam nos aguardando em frente a um carro preto—. Bom, você está.

     Todos esperam que esse casamento seja frutífero para Hyperes, nosso avanço tecnológico foi muito afetado pela falta de dristalis. Tudo isso por um minério, por um pedaço dele.

     A chegada ao palácio real foi rápida, a entrada do lugar é grandiosa. Um arco coberto de distralis ornamentado que brilha sua cor azul escura, quase preta, um jardim tão grande que não consigo ver o fim e por fim o castelo, por fora é decorado com o mesmo ornamento de distralis que combinou perfeitamente com o tom cinza claro das paredes.

     Eles esbanjam desse minério dessa forma e precisam de um casamento para compartilhar um mísero pedaço?

     — Princesa Alyssa Caelum de Hyperes, Império da Água, damos as boas vindas à Hyperion, Império do Distralis. — Uma senhora de boa aparência que veste uniforme da guarda real me recebeu.

     Admito que estou um pouco incomodada com o fato de mandarem uma guarda me receber, não que eu ligue da senhora ser uma guarda. Mas eu sou a noiva do príncipe herdeiro deles, e ninguém da família Real veio me receber, ninguém da família Real faz nada sem pensar, esses tipos de atitudes são pensadas, a pergunta que fica é: o que eles querem mostrar com isso? Poder? Indiferença?

     — Pode me acompanhar? Vou levá-la para seu quarto para se estabelecer e descansar até o jantar.

     — Claro — ela pega as malas das mãos de Sofia que reluta ao entregá-las, apenas soltou quando confirmei com meu olhar —, a família Real vai estar no jantar?

     — Estarão sim, Princesa — ela começa a nos guiar pelo glorioso castelo, ainda mais lindo por dentro —, eles pedem desculpas Princesa, surgiu um assunto urgente em um dos nossos planetas que não pode ser adiado para recebê-la.

     — Tudo bem, obrigada por nos ajudar.

     Chegamos ao quarto, muito maior do que o meu em Hyperes e muito mais decorado. Uma cama enorme, banheiro particular, um guarda-roupa que ocupa uma parede inteira, sofás, mesa com espelho, e o piano de caldo mais lindo que já vi. Praticamente uma casa.

     A guarda colocou as malas na cama e Sofia já começou a retirar as roupas.

     — Precisa de algo, Princesa? — perguntou a gentil senhora.

     — Não, muito obrigada pela hospitalidade — seguro as mãos da senhora e são tão macias —, posso perguntar seu nome?

     Ela dá uma risada e então passa a mão em uma mexa do meu cabelo.

     — Cinthia, Cinthia Geng-Xin — minha expressão de surpresa foi óbvia, pois ela começou a rir amigavelmente.

     — Imperatriz Cinthia? — Eu e Sofia nos curvamos, envergonhadas por não tê-la reconhecido —. Nos perdoe pelo erro, Vossa Majestade, disse Sophia.

     — Levantem crianças, queria ver como tratariam meus criados. Posso dizer que a senhorita me surpreendeu, Princesa.

     — Hum... Obrigada? — Mesmo com todas as aulas de diplomacia que tive, nenhuma me ensinou como me portar quando uma Imperatriz finge ser uma guarda Real.

     — Você é muito parecida com a sua mãe, praticamente uma réplica.

     A Imperatriz Cinthia conseguiu me deixar sem palavras três vezes consecutivas, um feito único.

     — Conheceu a minha mãe?

     — Éramos amigas, muito amigas — isso explica o suspiro quando colocou a mão no meu cabelo.

     — Me perdoe a intromissão Vossa Majestade — minha curiosidade falou alto e não posso deixar de perguntar —, como a conheceu? São de galáxias diferentes e inimigas na época.

     A Imperatriz sorriu gentilmente, havia algo nela que transmitia paz e tranquilidade.

     — Teremos muitas chances para falar sobre sua mãe, sei que deve ter muitas outras perguntas, temos uma vida toda para sanar suas dúvidas sobre sua mãe.

     — Obrigada, Vossa Majestade.

     — Me chame de Cinthia quando estivermos em particular.

     — Como desejar Vossa Majes... Cinthia.

     — Muito bom, descanse por agora, nos vemos no jantar, um guarda virá lhe mostrar o caminho.