Capítulo 2 Parceiros de negócios

5 2 0
                                    

     Sofia escolheu um vestido tradicional de Hyperes, de cor azul claro com detalhes em branco e rosa com ombros caídos e leves. Queria ir de cabelo solto, porém Sofia insistiu tanto que esse vestido combinava com um coque alto que a deixei fazer.

     O guarda bateu na porta às sete da noite em ponto, Sofia irá me acompanhar durante o trajeto apenas para parecer que me sinto desconfortável sozinha com um homem, o que não poderia ser mais mentira. Não posso dizer que fui uma santa durante todos esses anos treinando ao redor de homens, mas tenho que me fazer de boa princesa até que a negociação seja concluída.

     — Boa noite, Vossa Alteza — o guarda é uma graça, usa um óculos redondo que o deixa muito fofo, não faz muito meu estilo, mas sei que faz o da Sofia, que saltou os olhos quando o viu —, me chamo Rafael, serei seu guarda pessoal a partir de hoje.

     — Muito prazer Rafael, sou Sofia, dama de companhia da Princesa Alyssa.

     O sorriso de ambos denunciou claramente que se sentiram atraídos, e eu adoro dar uma de cupido.

     Rafael começou a nos guiar para o salão de jantar.

     — Você será meu único guarda? — Quero começar a construir uma amizade com ele, e tenho muita habilidade em lidar com soldados.

     — Particular, sim, porém todos os guardas irão te proteger se necessário.

     — Agradeço por seus serviços, então.

     — Não precisa agradecer, Vossa Alteza, é meu dever.

     Chegando ao salão, Rafael abriu a porta para mim, mas antes de entrar eu tive uma ideia em mente.

      — Rafael, enquanto eu janto, você poderia fazer um rápido tour com a Sophia? Queremos andar por aí amanhã então seria bom se ela soubesse de uma coisa ou outra. — O rosto de Sophia ficou vermelho enquanto arregalava os olhos para mim: "eu vou te matar", ela iria me agradecer depois.

     — Obviamente, se a senhorita assim desejar — diz Rafael para Sophia.

     — Claro, sim, claro — os dois saem então e me deixam sozinha na porta.

     Respiro fundo antes de entrar, não sei o que esperar. Já conheço a Imperatriz, mas a aparência do Rei e do Príncipe não são de meu conhecimento, se forem de acordo com suas reputações, devem ser os mais asquerosos possíveis.

     Abro a porta e uma forte luminosidade me deixa cega por alguns instantes, quando me acostumei vejo quatro pessoas sentadas em uma mesa retangular. O Rei, está na ponta, com seu traje Real, seu rosto já mostra sinais de sua idade avançada, porém seus olhos mostrando a maldade que tal senhor ainda consegue cometer; A Imperatriz está ao seu lado, agora vestido como tal e ainda mais linda que antes, não sei como o Rei conseguiu conquistar uma dama como ela, não sei se realmente a conquistou; E por fim, sentado do outro lado do Rei, o Príncipe, seus olhos alongados como os do pai, seu cabelo castanho escuro estava um pouco bagunçado, a roupa não se encaixou corretamente em seu corpo e seu olhar neutro para o prato de comida mostravam que ele não está afim de estar aqui.

     — Princesa Alyssa, seja bem-vinda — a Imperatriz Cinthia se levantou e sorriu ao me ver entrar —, este é meu marido, Imperador Mun Geng-Xin, e meu filho, o Príncipe herdeiro, Tan Geng-Xin.

     Me curvo para o Imperador mas não olho para o príncipe.

     — É uma honra Vossa Alteza, finalmente conhecê-lo.

     — Igualmente, Princesa Alyssa — seu olhar não baixava a guarda —, sente-se ao lado de meu filho.

     — Achou meu filho bonito, princesa? — perguntou a Imperatriz, parecendo realmente curiosa.

     — Bom... — não quero olhá-lo inteiramente ainda, quero ter ao menos essa escolha para fazer, só metade de seu rosto estava ótimo.

     — Vai deixar minha noiva envergonhada desse jeito, mãe.

     O sorriso da Imperatriz foi de lado a lado do rosto, pelo visto o príncipe sabe como agradar a mãe, mas seu pai e eu sabemos que essas palavras foram ditas apenas para agradar a Imperatriz.

     — Me desculpe, Alyssa — ela pega minha mão do outro lado da mesa —, posso chamá-la assim? Pode me chamar de Cinthia enquanto estivermos em família.

     Antes que eu pudesse responder, o Imperador olhou ferozmente para a sua esposa, em sinal de repressão.

     — Ainda não somos uma família, e nunca seremos. Mas vamos ser bons parceiros de negócios. — Ouvi o príncipe dar um leve sorriso ao ouvir as palavras do pai, obviamente concordando com ele, eu também.

      O jantar rápido e silencioso, todos da família Real foram embora antes de mim. Fiquei um tempo sozinha sentada ali até que os serviçais começassem a aparecer para retirar as coisas da mesa. Todos se curvam para mim e começam seus trabalhos, resolvi ajudá-los e comecei a separar os pratos dos talheres, peguei a pilha de pratos com os talheres em cima.

     — Por favor Princesa, não precisa fazer isso, é nosso trabalho — uma menina, de no máximo 10 anos, disse, num tom de medo que me incomodou bastante.

     — Eu quero fazer, não se preocupe — seus olhos estavam confusos, ela obviamente não tinha passado por isso antes —. Qual seu nome?

     — Alice, Princesa, trabalho como auxiliar de cozinha com a minha mãe.

     — Bom, Alice — tento sorrir o mais amigavelmente possível, para fazê-la se sentir confortável —. Pode me mostrar o caminho até a cozinha?

      Ela acenou que sim com a cabeça, parecia mais tranquila mas ainda confusa com a situação, eu entendo o lado dela.

      Chegamos a cozinha, ficava próxima a sala de jantar, no subsolo. Estava um pouco abafado demais até para mim, havia duas ou três janelas somente, a iluminação não ajudava muito, parecia até a cozinha do meu quartel.

     — Pode deixar aqui, Princesa, mais tarde irei lavar, obrigada pela ajuda — a menininha se curvou com uma graciosidade notável.

     — É nesta cozinha que vocês preparam todas as comidas do palácio?

      — Sim, Princesa.

      — Me chame de Alyssa, nossos nomes são bem parecidos — o sorriso dela entregou a felicidade de saber que nossos nomes combinavam —. Como conseguem num lugar assim?

      — Trabalhamos com o que temos, Princesa — ela obviamente não estava preparada para me chamar pelo primeiro nome, e não é meu objetivo deixar uma criança desconfortável.

      — Entendo... Bom, obrigada por me mostrar aqui, Alice. Espero nos vermos mais.

Ela se curvou novamente enquanto eu saia para o térreo novamente.

     — Não sabia que gostava de ajudar serviçais, Princesa, o que mais vocês fazem em Hyperes? — A voz e o tom de arrogância com certeza são do Príncipe Tan, ele ficou esse tempo aqui?

     — Estava me vigiando, Príncipe? Não tem nada melhor para fazer em Hyperion?

     — Existe algo melhor do que ver minha noiva? — Ele estava querendo caçoar comigo.

     — Por favor, eu seria sua noiva se o amasse, e não tem nada mais impossível do que isso. Como seu pai disse, sou sua futura parceira de negócio, só.

     — Pelo menos, pensamos igual.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 02, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Hyperes e HyperionOnde histórias criam vida. Descubra agora