Há alguma coisa errada com as crianças

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Houve um estrondo que estremeceu as paredes, depois veio acompanhando o som que nunca ouvir em toda minha vida. Não há como descrever para vocês, é impossível! É como explicar a cor para um cego. O barulho veio dos céus durante o dia. A sensação conhecedora da presença é desconfortável como você saber que um pássaro voou de cabeça contra o vidro, com a intenção de se esmagar.


Todos abriram suas portas para saberem o que estava acontecendo e os seus rostos foram na direção da cor...


A cor não é possível assimilar a nada, não faz parte do nosso planeta, brilhava mais forte e mais intenso do que a própria presença do Sol. Ela deslizava como uma cobra, vindo das alturas e aterrissando no chão, e nós sabíamos onde ela poderia estar. O entusiasmo azedo piorou assim chegamos à creche, e os nossos filhos estavam desacordados.


A tonalidade pulsava como se tivesse vida própria, estava entrando na boca de todas as crianças. O som que veio com ela fez todos nós estremecermos, como se estivéssemos chegando perto da boca de um grande felino, pronto para nos devorar, mas ela sumiu nos orifícios dos seus pequenos corpos desacordados, e o som desapareceu junto. As nossas crianças foram levadas ao pequeno hospital, e o médico lá não encontrou nada de errado. "Uma possível desidratação devido à onda de calor. Não tenho certeza". Foi o que pensamos no início.


Quando a minha filha acordou no meio da noite, sabíamos que tinha algo errado com ela. Seus olhos pareciam muito mais profundos em seu rosto, sua voz estava diferente e não desejava manter contato visual. Ficou o tempo todo olhando para o centro da parede e cochichando como se estivesse conversando com outras pessoas, parecendo responder perguntas e falando coisas que nós não entendíamos, vocabulário primitivo.


A minha companheira achou melhor ligar para o médico, eu disse que seria apropriado esperar o sol nos banhar novamente. Não conseguimos dormir naquela noite, alguma coisa pairava sobre o ar quando a nossa pequena garota despertou... algum desconforto... aquele que ninguém sabe o porquê, experimentando um mau pressentimento. As pessoas chamam isso de sexto sentido, perigos percebidos, mas ignorados pelo cérebro, para que você possa agir mais rápido em uma situação de perigo. 


Todas as famílias estavam reclamando do estado mental dos seus filhos, ficavam compartilhando em todas as tardes as estranhezas: eles ficaram vazios, frios, sempre gostavam de se reunirem e conversar entre eles, geralmente na mesma tonalidade do vocabulário primitivo em comum que só eles sabiam o significado. Sempre que um de nós chegava perto, eles simplesmente paravam de falar e ficavam nos encarando, nos observando, sem dizer um piu.


O primeiro incidente aconteceu na mesma semana em que o som trouxe aquela luz.


As famílias estavam fazendo as compras no final de semana como nós fazemos, alguns levaram suas crianças, e outros se comportando como se nunca tivessem tido filhos. Então os barulhos vieram do lado de fora: as crianças estavam gritando, se divertindo, bem diferente da presença vazia que nos acompanhava. As que ainda estavam presentes no mercado, foram contagiadas pela euforia de gargantas juvenis.


Os adultos estavam atordoados do lado de fora no momento em que colocaram os pés na calçada para saber a origem do infortúnio, tinha um anel de crianças se divertido com algo. Nós chegamos perto... de longe parecia apenas uma garotinha divertindo-se com sua bicicleta, mas, quando nós finalmente percebemos o que havia acontecido e por que a atmosfera havia se tornado drasticamente tensa, foi terrível a compreensão do horror que estávamos enfrentando.

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