Interlude - Suga BTS

Amizade? Talvez.

Jiyoung

Em uma manhã fria, Suga ainda não tinha chegado no estúdio, pois estava em um ensaio fotográfico com os membros. Aproveitei para organizar algumas de minhas coisas pelo estúdio e deixá-lo um pouco mais com a minha cara. Pus alguns quadros, tótens e travesseiros no sofá de couro do ambiente.

Mal percebi quando, enquanto eu organizava a sala, a porta se abriu, revelando a silhueta do dono do estúdio. Suga estava completamente diferente do habitual. Eu odiava ter que admitir, mas naquela manhã, se não tivéssemos nossas divergências, ele facilmente teria me arrancado os suspiros. Ele usava um terno de tweed cinza e nos pés calçava um sapato social bem lustrado. Seus cabelos escorridos estavam todos penteados e bem alinhados para trás. No rosto, ele usava uma maquiagem discreta que escondia seus minúsculos sinais. Foi quando me dei conta que olhava para ele boquiaberta e rapidamente voltei à realidade.

-O que é isso? - Ele segurava o tapete que eu colocara na entrada, substituindo o gatinho mal educado.

Suga tinha notado que o tapete de boas-vindas tinha uma mensagem incomum:

Não há lugar como o 127.0.01

-Ah, Localhost... - Respondi. - Legal né?

Ele leu o tapete de novo e fechou os olhos, parecia furioso.

-Sei. - O rapaz disse, não sabendo nem um pouco. - Escute, esse estúdio ainda é meu, então deixe como está.

Ele entrou e sentou no sofá, observando as almofadas e as mantas que eu tinha colocado recentemente.

-O que você queria? - Perguntei tentando não olhar diretamente em seus olhos. Sua beleza estava me deixando desconcertada.

Eu me perguntava o que sairia daquela conversa.

-Achei isso em minhas coisas. - Ele tirou de sua pequena mochila uma caderneta conhecida. - Imaginei que fosse seu.

-Ah, meu bloco de notas. - Recebi. - Obrigada.

-Ahn... acho que não tenho uma personalidade tão difícil quanto pareço, não é mesmo?

Rapidamente, reconheci seu assunto.

-Você andou lendo minhas anotações?

-Não é um segredo de Estado, é?

-Aish...

-Não sabia que você trabalhava com computação...

Dei de ombros.

-Códigos, e isso não é mais tão importante. - Guardei minha caderneta.

-Como você faz isso? - Ele parecia extremamente curioso.

-Você, mais do que ninguém, deveria saber disso. É como estudar uma língua estrangeira. No início, o texto parece incompreensível, mas aos poucos você aprende as regras e começa a entender o sentido.

Suga concordou, encantado. Queria saber mais.

-Porque você parece tão interessado, de repente?

-não é nada... - Ele fingiu desinteresse. - Só achei que poderia ser útil saber.

-Uhum... - Concordei. - Qualquer dia posso te ensinar, mas só quando você parar de ser cabeça dura.

-Eu... Eu não.... - Ele suspirou. - Okay... Acho que começamos com o pé esquerdo.

-Ah, você acha? - Debochei.

Ele estava disposto a se desculpar? Era isso mesmo o que eu estava pensando?

-Ok. - Ele disse seco.

Continuei parada esperando que ele falasse algo mais do que um “ok”. Ele continuou me olhando, piscou algumas vezes pensativo, mas não disse nada. Foi então quando eu falei:

-Mas eu aceito suas desculpas...

Por um momento, ele engoliu o seco.

-Desculpas? Mas quem falou em desculpas?... Eu só estava dizendo que...

-Ah meu Deus. - Revirei os olhos. - É sério isso? Nossa, quão maduro da sua parte.

-Maduro da minha parte? Eu...

-O que? Qual o seu propósito com essa conversa? Só dizer que começamos com o pé errado?

-Eu perdoaria sua vaidade facilmente se você não tivesse ofendido a minha.

-Eu ofendi sua vaidade? - Olhei ele de baixo para cima. - Oh, então eu que devo pedir desculpas?

-Eu não disse isso...

Suspirei. Eu podia simplesmente deixá-lo ali com seu superego rodeando a conversa e ir tomar um ar. Mas não podia deixar a vontade de xingá-lo passar. Quando menos esperei, já tinha soltado na sua cara.

-Você é um narcisista de merda, sabia?

Não pude deixar de notar sua mandíbula se mexer. Eu tinha o irritado, e isso não era novidade.

-Narcisista? – Ele bufou com um sorriso sarcástico. – Você é realmente muito ridícula, sabia Jiyoung? - ele debochou com um sorriso no rosto.

-Sabe, Suga... - suspirei. - Há uma seção especial no inferno para pessoas como você.

-ótimo, porque eu odeio ficar esperando na fila.

Não deixei de rir. Quando me dei conta, estávamos rindo um do outro naquele estúdio vazio e escuro. Um sorriso tranquilo nasceu no meu rosto e no dele. Nossa amizade, se é que podíamos chamar assim, era estranha e cheia de furos, mas pelo menos era sincera.

Quando ele se levantou, prestes a voltar para a sua sessão de fotos, não pôde deixar de dar uma última olhada para mim.

-Quando eu voltar, quero tudo como estava antes.

-Pode deixar, Pd-Nim! - Lancei uma piscadela e o ignorei completamente.