Interlude

A verdade nua e crua

-Não sei como eles conseguiram meu número. - Jiyoung bufou ignorando a 13° ligação seguida.

A garota trabalhava concentrada na mesa de mixagem enquanto arrumava um software de segurança em seu computador. Novamente, a tela do seu celular se acendeu e o aparelho começou a vibrar com mais uma ligação.

Antes que pudesse ignorar a chamada, Suga tomou o celular para si.

-Deixe comigo... - Ele atendeu a ligação. - Alô?... Não... Você ligou errado... Não existe nenhuma Dan Jiyoung aqui... Você vai insistir?... Posso denunciar você por perseguição... Não ligue de novo.

Após o rapaz desligar a ligação, a garota tomou o celular de suas mãos.

-Não preciso que faça isso. - Ela disse brava. - Eu posso me cuidar sozinha.

- De nada. - Ele disse por fim. 
  
Suga percebia o quanto a garota estava incomodada com toda aquela situação. Já faziam mais de um mês que as investigações tinham começado e a vida de Jiyoung virara de cabeça para baixo após ser exposta. Frequentemente ela era fotografada em cafés, ou fazendo atividades simples do seu cotidiano. Seu rosto parava nos principais sites de notícias, com as manchetes mais sensacionalistas possíveis e que desmereciam todo o trabalho da produtora na Big Hit. No entanto, tudo isso não parecia afetar Jiyoung. Em seu mundo particular, ela só tinha um medo.

-Ela não sabe ainda. Se me ver desse jeito...

-Sua avó?

-Uhum.

-Acho que é um bom momento para você contar, antes que a situação piore.

Ainda assim, ela não parecia convencida.

-Precisa dizer a verdade.

-Não quero que ela se decepcione.

-Você é uma produtora musical, que fez músicas para um grupo e teve o trabalho plagiado. Se foi plagiado, é porque é bom. Sua avó pode descobrir.

-Eu não acho que ela vá descobrir, mas... - Jiyoung parou pensativa.

-Mas o quê?

-Estou preocupada que minha tia possa descobrir.

-E ela é uma ameaça?

-Acho que ela me odeia. - A garota balbuciou.

-Precisa contar para sua avó. O mais rápido possível.

-Mas eu... Não acho que estou pronta, eu...

-Jiyoung, você não está entendendo. - Suga disse. - Isso está tomando grandes proporções.

A garota se encolheu na cadeira enquanto escutava o rapaz.

-Não quero acelerar as coisas, mas tudo indica que você pode ganhar a causa e, se ganhar, a música irá para seu nome. E ainda tem o prêmio.

-Acha que a música poderá ser escolhida?

-Com todo esse escândalo, acredito que a comissão poderá considerar com cuidado.

-Suga! Apenas diga o que pensa.

-Eu acho que você pode ganhar. - Ele admitiu. - É por isso que precisa dizer a verdade para sua avó... O mais rápido possível.

A garota suspirou ao ouvir aquelas palavras. O futuro, apesar de promissor, ainda a assustava. No entanto, em seu interior, ela sabia que só precisava dar um passo de cada vez, e esse passo exigia que ela dissesse a verdade. Pensar naquilo a assustava, principalmente por idealizar o que poderia ser dito, ou imaginar no que sua avó poderia falar. Será que ela gostaria de saber que sua neta largara tudo para viver da música? Será que ela a apoiaria? Todas essas perguntas rodeavam a cabeça da produtora.