1 - Di e Henry

550 27 2
                                    


Algo realmente não estava normal aquele dia, e eu como sempre demorei tempo demais para perceber isso, talvez a primeira dica fosse o campus cheio de seguranças cercando todas as portas e encarando todos os alunos como se fosse potenciais perigos, perigo do que eu não fazia ideia, mas eu estava preocupada demais em chegar na sala de História das civilizações Pré-Andinas, aquela aula era o auge da minha semana, mal sabia eu que seria o auge da minha vida depois daquela Terça-feira.

O anfiteatro estava cheio, eu corri e achei um lugar na última fileira, não haviam muitas. Imagine o Coliseu, lá em baixo um pequeno palco onde o professor dava aula e depois dez fileiras com dez cadeiras em formato de semi círculo, a maioria das salas eram assim, eu gostava porque conseguia ficar escondida no fundo da sala, e disfarçar a minha cara quando todos os professores repetiam quase que sempre a mesma piada com meu nome.

Me chamo Diana, exatamente como Lady Di, muito original quando se mora em Londres e sua mãe era uma grande fã da figura mais popular, carinhosa e amada de todo Reino Unido, ou até de todo mundo. Mais ainda sim esse não era um nome popular, mas eu tinha fama, até porque por cursar História eu tinha algumas aulas onde a família real era sempre abordada e eu era mais uma vez obrigada a ouvir piadas do tipo "Hey Di, como anda a Rainha?". Eu gostava de pensar de Diana vinha diretamente do nome da deusa da caça da Grécia antiga, que era o motivo do nome da verdadeira Di. A menina que tinha o nome da deusa da caça e que foi a mais caçada de sua época .... OK eu gostava da monarquia, já tinha lido muitos livros, filmes e revistas de fofoca. Mas a verdade que meu nome aqui é a origem de todo auge que minha vida teve nesse dia, como já havia comentado antes.

Professor entrou na sala, mandou todos se sentarem, então a porta abriu e entraram dois MIB's (homens de preto), bateram um papo com ele e se dividiam pela sala, enquanto os alunos se encaravam tentando entender o que estava acontecendo, alguém entrou na sala e parou na porta.

Acredito que houve um delay de 5 segundos até as pessoas, na verdade as mulheres da turma se tocarem quem era a figura parada na porta, eu por estar lá em cima só enxergava o topo da cabeça do cara, mas isso também durou o tempo do professor iniciar o comunicado

-Turma, atenção - ele nos encarou com um sorriso muito animado – vamos dar as boas-vindas, ao nosso colega de turma – e ele virou para o "nosso colega de turma" - Sua alteza real Príncipe Harry

Eu juro que achei que tinha entendido muito errado, fiquei olhando em volta vendo se alguém fazia uma reverencia, é isso que deveríamos fazer nesse momento, mas todo mundo só congelou, até a voz de sotaque quebrar o silencio

-Só Harry professor, está ótimo assim – ele sorriu sem graça como se quisesse se esconder – posso me sentar?

-Claro, acho que temos um lugar vago .... deixe me ver – Professor esticou o pescoço procurando um lugar e como um falcão cravou os olhos em mim - lá em cima, perto da ... quem diria hein? Do lado da Di, nossa pequena Lady Di

Eu juro que queria que uma cratera se abrisse no chão, que hora horrível para ter esse nome e PIOR, para o professor fazer a piada mais besta com o filho da dona do meu nome, eu olhei para frente e sorri, tirei minha bolsa da cadeira do meu lado enquanto via a Sua Alteza Real vindo em minha direção.

-Com sua licença .... Di, certo? - Ele me olhou e sorriu com aquelas milhares de sardas salpicadas pelo rosto.

-Claro – sorri sem graça - Di ... Diana, mas você sabe – abaixei a cabeça querendo me esconder da vergonha daquele momento

Ele riu baixinho e se sentou, eu fiquei dura feito pedra sabão esculpida no teto da capela cistina.

Professor seguiu com a aula, o que foi bom, primeiro porque ninguém queria abrir a boca e parecer idiota na frente de um membro da família real e porque sentar na última fileira impedia que as pessoas ficassem encarando-o como se ele fosse um ser alienígena. Eu mantive meu olhar para frente e as vezes olhava de canto de olho, ele escreveu tudo a aula toda, muito cdf parecia ser. Não queria ser clichê, mas ele cheirava muito bem, era como uma pastilha de menta ... acho que perdi uns minutos de aula pensando se esse era o cheiro da realeza, voltei a terra quando senti um toque no meu braço:

-Err, desculpa Di – ele me encarava

-Oi – virei meu rosto bem devagar na direção dele encarando aqueles olhos meio verdes com pequenos toques de castanho – sim?

-Você poderia me passar os assuntos das últimas aulas – ele fez uma pausa – por favor?

-Claro, foram só duas aulas – comecei e folhear o caderno procurando as datas – aqui começa no dia 05

-Muito obrigada, eu vou tirar uma foto, tudo bem?

-Você tem um celular? - pensei mais saiu mais alto do que eu pensei – nossa, me desculpa

-Tudo bem – ele sorriu – sim eu tenho celular, não posso aparecer em público com ele, mas eu o uso bastante

-Sim está certo – abaixei a cabeça - me desculpa eu achei que uso de celular entrava na etiqueta de nunca tirar um selfie com o povo e .... - mais uma vez falei de mais – olha esquece

-Você sabe muito de etiquetas então - ele riu e falou baixinho – isso vem no pacote com o nome? - e me encarou

-Sim ... - aqueles olhos - Não não, eu sou só muito curiosa, curiosa até demais, desculpa Alteza

-Harry – ele continuou - só Harry

-Certo Henry ....

Minha voz foi abafada pela voz do professor encerrando a aula, e indicando um trabalho em dupla para a próxima aula, anotei no caderno quando Harry retomou a conversa

-Quer fazer junto? O trabalho

-Claro – sorri educadamente – podemos marcar um dia na biblioteca, se for tranquilo pra você

-Sim me avisa o dia e vamos sim – ele se inclinou para pegar a bolsa no chão e se levantou, eu o acompanhei no mesmo movimento - Você me chamou Henry?

-É, eu sei que o nome de batismo, olha eu não sou uma perseguidora sua – ri nervosa - só que minha mãe gosta muito da sua família e em casa a gente sabe muito de tudo

-Ninguém me chama de Henry – ele riu da minha cara de pavor quando ele falou isso - Só meus pais ..., mas já que você é Di

-Eu sinto muito

-Pelo o que? Seu nome ser Diana?

-Sim ... quer dizer não - levei a mão ao rosto querendo e pedindo a deus para que eu parasse de falar tantas bobeiras – por te chamar de Henry, de falar do celular, e pelas próximas bobeiras que vão sair da minha boca

-Eu te desculpo, mas – ele foi andando e falando comigo – pode continuar, não gosto quando as pessoas não agem naturalmente perto de mim – ele foi descendo as escadas do anfi- teatro e eu junto com ele – eu sou um cara normal.

-Normal tipo um príncipe que come batata frita? - eu sorri quase rindo

-Quer comer batata fritas? - ele se virou me encarando – eu posso fazer isso um dia

-Um dia quem sabe – arrumei minha bolsa no ombro – sabe minha mãe não vai acreditar nisso quando eu contar.

Sorri para ele e sai andando. 

A Realeza em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora