4 - Segura minha mão

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A semana passou normal, aulas longas e professores passando mais trabalhos com a turma toda reclamando, eu não falava nada, apenas anotava. Naquela semana Harry quase não veio para as aulas, era engraçado ver as meninas da nossa turma todas arrumadas esperando-o chegar para puxar algum assunto qualquer. Todas nós sabíamos exatamente o que se passava na cabeça de uma as outras "ele deve se apaixonar por alguem", assim como o Principe William conheceu Kate na faculdade, a matemática deveria ser óbvia.

Acontece que nas aulas em que Harry ia, ele ficava muito quieto, do jeito que era claro que não queria chamar atenção e esperava que não olhassem para ele. Os professores no começo faziam muitas intervenções nas aulas direcionadas a ele, com as semanas foram diminuindo. Ele sempre sentava do meu lado, escrevia suas anotações com uma letra impecável, quando não sabia como começar a frase pousava a caneta na boca pensativo. As raras vezes que eu virava meu rosto para olhar ele, eu pensava como ele podia ser tão bonito, era ruivo com sardas respingadas no rosto todo, olhos verdes e um sorriso tímido, ele era realmente uma beleza digna da realeza.

Na sexta-feira, ele não foi a aula. Eu terminei minha grade do dia e me encaminhei a biblioteca, não pensei em pegar seu numero de celular para mandar uma mensagem e ter certeza que ele poderia ir, e se ele tivesse algum compromisso real? Continuei caminhando para a biblioteca, veio na minha mente se eu deveria ter me arrumado melhor, era um dia frio, estava de meia calça, saia, camiseta branca de gola alta e colete de lã, segurava a jaqueta nos braços porque a caminhada entre uma sala e outra havia me dado calor.

Cheguei na porta da biblioteca e espiei por cima para ver se havia alguem lá dentro, estava ate bem vazio, mas no canto avistei ele, os cabelos ruivos eram inconfundíveis. Caminhei na direção dele e quando ele ergueu a cabeça e me viu, ele sorriu.

- Olá – cumprimentei ele me encostando na mesa onde ele estava sentado

- Oi Di – ele se levantou e me deu um beijo na bochecha – pronta?

- Para fazer o trabalho? – eu ri, meio surpresa pelo beijo no rosto – claro, porque não

- A verdade é que eu já fiz o trabalho – ele me encarou – eu tive um tempo vago essa semana, então achei que poderíamos ir jantar

- Você fez tudo? – encarei ele surpresa – de verdade?

- Claro, entre as viagens que eu precisei fazer eu usei meu notebook – ele apontou para o aparelho na mesa – posso te enviar se quiser conferir

- Tudo bem, eu tenho certeza que ficou ótimo – sorri, talvez mais do que devesse – você presta atenção nas aulas então deve ter ficado muito bem feito

Ele levantou, colocou o notebook na bolsa tiracolo e deu a volta na mesa, ficou do meu lado. Fiquei olhando-o, e seus movimentos leves

- Bom, tem um carro esperando a gente – ele sorriu – eu não queria, mas infelizmente não consigo dispensar a guarda certos momentos

- Sem problemas eu devo imaginar, mas e agora como vamos fazer? - Sorri ansiosa, só que com medo do que esperar do jantar

- Agora nós vamos sair pelo outro lado da biblioteca e andar até aquela esquina – ele apontou despretensiosamente - e vamos entrar no carro que vai parar ali e torcer para que ninguém perceba

- Certo – sorri começando a andar quando senti a mão dele no meu braço

- Espera Di, temos que nos disfarçar um pouco – ele ergueu a gola da minha jaqueta, senti suas mãos levemente geladas arrumando-as e correndo os dedos pelos meus cabelos, eu só o encarava que sorria e me encarava de volta – quase pronto

- Certo – tentava me manter firme e não corar – tem umas pessoas se juntando ali na outra saída também

- Sim, são uns fotógrafos – ele não olhou na direção deles, tirou um gorro dos bolsos colocou sobre os cabelos ruivos e se virou para mim – o que acha?

- Está ótimo - fiz um joinha com a mão - mas tive uma ideia, vem comigo

- Por onde – ele me encarou confuso – temos que ir para aquela esquina o carro vai parar ali Di

- Vamos dar a volta e sai pela outra saída, assim eles não vão nos ver saindo – ele me olhava confuso ainda sem ter certeza se era a escolha certeza – Harry você confia em mim ou não? - estendi a mão brincando como quem diz "vem"

Ele me olhou, olhou para minha mão ... sorriu e entrelaçou os dedos nos meus

- Vamos logo Di – ele me puxou e eu nem acreditei

- Eu vou na frente – inverti e passei a frente dele, eu sabia o caminho – agora temos que sair no próximo corredor

- Você é quem manda – ele riu e apertou mais minha mão - esse corredor?

- Isso, eu vou olhar pra ver se a porta está livre – olhei para minha mão na dele que claramente não ia ser solta e empurrei a porta com a outra mão, olhei e vi que haviam dois ou três fotógrafos encostados na parede esperando alguma coisa ou alguém, voltei para dentro – eles ainda estão lá e acho que o carro está chegando, vamos sair juntos, mas rápido.

- Tive uma ideia – ele empurrou a porta e saiu, passou a mão que ainda segurava a minha por cima do meu ombro como se me abraçasse e eu deitei o rosto na lateral do corpo dele, demos dois passos na calçada quando o carro preto parou bem do nosso lado, um homem alto saiu do lado do passageiro e abriu a porta para nós e entramos.

Estávamos salvos, dentro do carro real, longe de fotógrafos, protegidos, e ainda sim Harry continuava segurando minha mão com força, e eu não tinha certeza que queria que ele soltasse.

- Você salvou a gente Di – Harry me olhava, já sem a touca com o cabelo ruivo espalhado para todos os lados, me olhava com os olhos azuis tão perto que refletiam as luzes ao redor

- Acho que sim – ri um pouco tímida

- Agora, vamos ao jantar que te prometi. – ele me olhava, com um brilho no olhar

- Certo

O segurança nos olhava sem muito interesse, me mediu um pouco e parou os olhos em nossas mãos, Harry percebeu, mas não soltou, se aproximou e sussurrou

- Você se importa? - ele olhou nossas mãos e sorriu de lado

- Não, eu gostei – sorri de volta para ele

- Ótimo, eu também

- Mas e ele? - indiquei o segurança com os olhos

- Ele não vai falar nada – Harry ergueu nossas mãos e passou seu dedo em meu rosto – ele não pode falar nada, é como se não tivesse visto nada

- Entendi – sorri de novo quando senti o carinho em meu rosto - Vamos aproveitar então.

A Realeza em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora