ANTOLOGIA DO HORROR

INFERNO

- NÃÃÃÃÃO, EU NÃO FIZ NADA! - gritava Marcos, amarrado nu em uma maca de madeira enquanto recebia chicotadas de um senhor gordo com hábitos de padre.

- DEUS, ABSOLVA ESSA POBRE ALMA - Gritava o gordo, enquanto balançava o chicote.

Marcos não sabia ao certo quantas foram, mas quando foi levado de volta para sua cela, podia sentir fitas de sangue quente escorrendo de sua costa. Aquilo doía tanto, que o fazia ter vontade de morrer.

O que eu fiz para merecer isso. O que eles dizem não pode ser verdade, eu não fiz isso, eu não posso ter...

O rapaz de dezesseis anos havia sido trancado naquele lugar por seu pai após ter sido acusado pelo mesmo de ter esquartejado sua própria mãe.

Naquela noite, de fato, ele viu as partes do corpo de sua mãe flutuando em um mar vermelho na banheira de sua antiga casa, e viu também suas mãos marcadas com sangue. Mas eu não poderia ter feito aquilo, não seria capaz...

Depois e antes disso é só escuridão. O diretor daquele lugar que andava fazendo a justiça divina castigando bandidos, assassinos e estupradores apenas disse que ele havia sido deixado ali por ser um assassino frio.

Se era verdade ou não ele não sabia, mas se fosse, Marcos já estava pagando por seus pecados e esperava que a absolvição chegasse logo.

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- O que fez para estar aqui? - Marcos quis saber.

- Fui condenado por estuprar uma garota de 14 anos - respondeu Davi, um negro alto cheio de cicatrizes no corpo.

Davi foi a pessoa que mais se aproximou e em algumas vezes ajudou Marcos dentro daquele lugar. Na hora de "lazer", que acontecia duas vezes por semana, os presos ficavam todos juntos no pátio durante algumas horas.

Em uma dessas ocasiões, Marcos esbarrou em um cara gordo e grande, com "chifres" e símbolos estranhos pelo corpo. O gordo tentou esmagar sua cabeça com um pedaço de madeira e se não fosse por Davi, talvez ele não precisasse mais sofrer.

- Por que fez isso? - indagou o garoto.

- Alguém teve que assumir a culpa e eu sou o negro da história - respondeu, sorrindo.

Será possível?! Eu não conheço esse cara, ele deve ser um...

- Trabalhava em uma fazenda para um grande exportador de arroz. O velho deu uma festa e depois de muita bebida ele e seus amigos tão ricos quanto ele estupraram e mataram a filha da empregada.

- E por que você está aqui, não eles? - Marcos estava incrédulo.