Capítulo 2

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-Você ainda vai nos arranjar problemas! Como pôde trazer ela aqui? Uma voz masculina grave gritava ao longe.

Eu acordava aos poucos, a medida que as vozes ficavam mais claras, obviamente uma discussão se instalava em algum lugar ali perto.

-Eu não podia deixá-la lá! Ela provavelmente seria devorada! Arregalei os olhos ao ouvir a voz do meu sequestrador e me vi em um lugar totalmente diferente do meu quarto. De madeira em um marrom escuro, era arredondado com uma grande janela que dava para ver as copas das árvores do lado de fora. Vigas de trepadeira entravam pela janela e adornavam as paredes e o teto. Tentei me mexer mas uma ferroada na perna esquerda não me permitiu um movimento sequer. Olhei para os lados e vi apenas um pano escuro como porta, duas sombras se movimentavam ao longe.

Então nada daquilo fora um terrível pesadelo...

-Você e suas decisões impulsivas! Se acharem que a sequestramos, o tratado já era! Gritou a outra voz.

Até eles sabiam do contrato de casamento. E estavam certos, provavelmente papai já havia movimentado toda a guarda para me encontrar.

-Podemos explicar a situação... Começou o outro.

-E você acha que vão acreditar? Vão romper o compromisso e usar como motivo para uma guerra! Interrompeu o segundo rapaz e escutei uma forte batida na parede que ecoou estrondosamente, me fazendo encolher.

-Bom pelo menos nos livramos do casamento com a princesinha mimada. Debochou o outro rindo, nem um pouco assustado com a batida.

Um aroma doce invadiu minha face e olhei para frente. Para cima, a cama fofa na qual estava deitada era feita de madeira também, mas era como se uma árvore tivesse criado aquele formato oval e fundo como uma tigela, dando lugar a um abrigo. Folhas e brotos de rosas surgiam de todos os lugares, dando um aroma agradável e aconchegante. O próprio lençol parecia uma pétala de flor.

Parecia uma obra feita por ninfas.

-Você com certeza se beneficiaria muito com isso.- Riu o outro com escárnio.- Mas não acha que está exagerando demais? Até chamou aquela bruxa pra cuidar dela.

Bruxa? As bruxas não haviam sido extintas ou exiladas devido ao número crescente de magia negra?

-Viu o corte na perna dela? Além disso, a burrinha perdeu muito sangue tentando fugir.- Ele estalou a língua.- Como se ela realmente fosse conseguir.

-Aliás, como estão suas bolas? Perguntou o outro e pude ouvir uma risada seguida de um rosnado baixo. Sorri vitoriosa e ri por dentro.

Bem feito.

-Cale a boca! Berrou irritado.

-Como desejar "alteza". Debochou o outro.

Os sons de passos passaram a se aproximar e as duas sombras aumentaram por trás da cortina. Fechei os olhos e fingi dormir ouvindo o farfalhar do pano a medida que seus passos ficavam mais próximos e eu sentia sua respiração próxima a minha testa.

-Já deu raio de sol, sei que está acordada, pode parar de fingir. Falou ele, mesmo de olhos fechados, pude ver o maldito sorriso malicioso em seus lábios.

Abri devagar os olhos, me deparando com duas joias amarelo ouro, reluzindo para mim. Franzi o cenho, ele estava perto demais.

-Como vai raio de sol? Espero que tenha me visto em seus sonhos. Ele se afastou um pouco, mas ainda insistia em continuar sentado na cama.

-Não sabia que os elfos solares haviam se tornado mudos. Debochou a outra voz, o tom obviamente sarcástico me irritando.

Grunhi irritada, se eles achavam que eu ficaria ali a mercê deles e de seus comentários descarados eles estavam redondamente enganados.

Sob a Luz do LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora