Pela ferida

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Há dores que chegam devagarinho.
Feridas que se vão abrindo quando a realidade nos vai rasgando o interior.
Vão chegando sem avisar, penetrando em nós sem pedir.

Há dores que nos deixam imóveis, nada poderemos fazer para as impedirmos de chegarem. 
Há dores que se instalam e são como que uma doença que se vai alastrando pelo nosso corpo.
Dores deixadas por quem nos prometeu tudo e nada nos deu.
Quem gritou a sete ventos que tinha vindo para ficar e que afinal partiu sem sequer avisar.

São os reversos de um amor que nos pareceu perfeito quando cegos de amor nos deixamos levar pelo brilho de uma paixão e nos rendemos às palavras que nos aumentaram a emoção, fazendo com que deixássemos de ver a realidade, que estava à frente dos nossos olhos.

Só no dia em que o sol deixou de brilhar é que percebemos que o frio nunca deixou de ali morar, fomos nós que quisemos fazer Verão de um Inverno que se prolongou.
São esses amores que passam por nós só para nos enganarem.
São essas lições de vida que nos fazem sofrer com a partida do amor que não nos soube amar.
São desilusões que o tempo saberá curar. Feridas que só doem quando o calor do sofrimento não nos deixa ver que existe mais caminho à nossa frente.

Um dia, no entanto, passamos a mão pela ferida.
Sacudimos a poeira que as mentiras deixaram sobre nós.
Olhamos em frente, e de repente, vamos ver que há um campo florido em que podemos viver sem que as dores do passado continuem a doer.

Aprendemos com as lições que a vida nos dá.

Não será nosso, o amor que só nos pertence enquanto o vivemos.
E quem não vem para ficar só passa para nos ensinar uma lição que é nossa, mas também dele. Partirá então e nós ficaremos para viver a nossa realidade.

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