Se é para sofrer... Sofremos os dois

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Subitamente sinto me em baixo... Tudo o que senti no dia anterior no hospital.... Voltou...
Nada na minha cabeça fazia sentido... Repentinamente a minha auto-estima baixou, via-me inferior a todos...

Começo a aperceber me que a vontade que tenho de me cortar, está a crescer dentro de mim a cada dia que passa...

Pego nas laminas, sento me no chão e corto os braços mesmo no meu quarto... Enquanto me cortava lembrava me de tudo que as pessoas eram e eu não... De tudo o que as pessoas tinham e eu não...

Feito isto, não consiguia ficar nem mais um minuto em casa... Tinha que sair de alguma forma... Recordo me que existe um poste ligeiramente ao lado da janela do meu quarto...
Limpo as mãos e os braços com uns toalhetes que tinha no quarto...

Agarro no meu casaco preto com o símbolo da morte (Era o meu casaco favorito...) e nos fones para ouvir música...

Abro a janela e começo a descer pelo poste... Chego ao chão da rua olho para a janela da Emma porque já eram 17:00 e ela estava a olhar para mim...
Peço desculpa com um olhar... Ela nada disse ou fez... Apenas continuou a olhar para mim...

Começo a correr em direção ao rio...
Ela sai de casa e vem a correr atraz de mim... Eu já ia com algum avanço por isso não me tinha apercebido que ela tinha vindo atrás de mim...

Tinha quase chegado ao rio quando oiço mais que 2 pessoas a falar...
É claro que olhei para trás como um ato involuntário e vejo uma rodinha em volta de uma rapariga...

- Não...!!- exclamei eu vendo a Emma a ser espancada.
Corro até ela e dou um murro a um dos tipos que estava a bater nela... Sendo eles mais que nós também sou espancado...

-Não te metas onde não és chamado... - Ameaça me o rapaz mais alto tirando uma navalha do bolso do casaco...
Cansados pararam de nos bater e vão embora...

Eu- Estas bem???- pergunto tentando levantar me do chão.
Ela- Já estive pior... Porque viestes??? Eles eram mais do nós...
Eu- Tentei fazer a coisa certa... Eu não te iria deixar ser espancada e ficar a olhar...
Ela- Sei que não é o momento mais oportuno mas... Não ficas tes de ir minha casa?- pergunta me com a cabeça rebaixada...
Eu- Desculpa... Precisava de ir dar uma volta para espaircer um bocado...

Ela cala se durante uns segundos...
Ao mesmo tempo que ela ia falar eu também ia...
Ela- Desculpa, o que ias dizer?
Eu- Não, tu primeiro...
Ela- A sério... Diz tu...
Eu- Eu ia perguntar se querias fazer me companhia...
Ela- Eu ia perguntar o mesmo... - Diz com um sorriso radiante.

Começamos a andar e vi que ela não estava bem... Ela não conseguia andar... Peguei-a ao colo e começo a andar em direção a casa dela...

Eu- tens alguém em casa?
Ela- a esta hora não...
Sorrio a olhar para a frente... Ela fica a olhar para mim durante todo o caminho... O que me deixa um bocado pensativo...

Chegamos a casa dela e ela da-me as chaves de casa para a mão...
Eu- Onde fica o teu quarto?
Ela- A última porta do lado direito...

Levo-a para o quarto e pouso-a na cama lentamente...

Ela- Ainda não te agradeci por teres tentado ajudar...- afirma

Logo após ter dito estas palavras inclina se para a frente solta um leve sorriso e dá-me um beijo na cara prolongado...

Live isn't easy...Onde histórias criam vida. Descubra agora