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As luzes do poste cintilavam no alto das torres do Palácio Nachte, e umas poucas brilhavam intensamente na praça da catedral, pouco mais ao norte. Algumas também iluminavam o cais ao longo das margens do rio Polly, onde mesmo sendo tarde para uma cidade em que a maior parte da população iam para suas casas durante a noite, uns poucos marinheiros e estivadores ainda eram vistos na escuridão. Os marinheiros, ocupados com suas embarcações, se apressavam para cuidar dos ultimos detalhes das tarefas de cordame, enrolando bem as cordas nos deques escuros e limpos, enquanto os estivadores corriam para transportar ou puxar cargas até a segurança dos armazéns próximos.

As luzes também estavam acesas nos bares e boates,  onde também tinham sua cota de pessoas mesmo para uma quarta, mas pouquissimas pessoas vagavam pelas ruas. Fazia sete anos desde que Trevor Storm fora eleito para a liderança da cidade, trazendo consigo uma sensação de ordem e calma a intensidade rivalidade entre as familias de liderança internacional de mercadores e banqueiros que faziam de Cristal City uma das cidades mais ricas do mundo. Apesar disso, a cidade nunca havia deixado de borbulhar, as vezes até ferver, enquanto cada grupo lutava pelo poder, algumas trocando de alianças e outras permanecendo inimigas implacáveis. Mesmo em uma noite perfumada com o jardim da primavera, Cristal City não era o lugar mais seguro para estar ao ar livre depois que o sol ia embora.

A lua havia se erguido soberana no céu, que agora tinha uma cor de cobalto, em frente a uma horda de estrelas submissas. Sua luz caia sobre a praça onde a ponte Volturi, com suas abarrotadas lojas, e se juntava a margem norte do rio. Sua luz tambem banhava uma silhueta vestida de negro que estava de pé no telhado da Igreja de Todos os Santos. Era um jovem, de apenas de 17 anos, porém alto e orgulhoso. Depois de inspecionar atentamente a regiuão abaixo, ele levou uma das mãos aos lábios e soltou um assobio baixo e penetrante. Em resposta, sob o seu olhar, logo se uniam a ele cerca de vinte homens, jovens como ele, usando as mesmas vestes pretas, embora alguns tivessem chapéus ou capuzes de tons escuros como vermelho-escarlate, azul e cinza, todos com espadas e adagas presas ao cinto. A gangue de jovens de aparência perigosa se espalhou, seus movimentos marcados por uma confiança que beirava a arrogância.

O jovem olhou para baixo, para os rostos ansiosos que o miravam, pálidos ao luar. Ele ergueu o punho acima da cabeça em uma saudação desafiadora.

- Sempre unidos! – Ele gritou, enquanto os outros também erguiam o punho, ou erguendo as armas e brandindo elas, respondendo em coro:

- Unidos! – O coro se estendia e continuava, parecendo mais alto do que a quantidade de pessoas que realmente estavam ali, o que fez o rapaz estufar ainda mais seu peito.

O jovem rapidamente desceu como um gato pela fachada inacabada, saltando e fazendo a capa esvoaçar até pousar agachado e em segurança no meio do grupo. Com expectativa, eles se reuniram ao redor do rapaz.

- Silêncio, meus amigos! – Ele ergueu uma das mãos para interromper um último e solitário grito, dando um sorriso cruel. – Sabem por que os chamei aqui esta noite? Para pedir sua ajuda. Durante muito tempo fiquei em silêncio enquanto nosso inimigo, Viego Redhunt. Saiu por essa cidade difamando minha familia, jogando nosso nome na lama e tentando nos humilhar de um jeito patético. Normalmente eu não hesitaria em chutar um cão sarnento como esse, mas... – Ele foi interrompido por uma pedra grande e afiada, atirada da ponte, que aterrissou aos seus pés.

- Chega de besteira, imbecil! – Gritou uma voz, tão rouca como a de quem passara anos da vida fumando.

O jovem e seu grupo se viraram como um só na direção daquela voz, mesmo ja sabendo a quem pertencia. Cruzando a ponte, outra gangue de rapazes se aproximava. Seu líder se gabava a frente, metido em um terno de veludo preto com uma capa vermelha, presa com um fecho de golfinho e cruzes sob um fundo azul, com a mão pousada na espada. Ele era razoavelmente bonito, embora a aparência fosse prejudicada pela boca cruel e pelo queixo frágil, e mesmo um pouco acima do peso, não havia duvidas quanto a força de seus braços e pernas.

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