HETEROCROMIA

Feliz Aniversário, Beomie!

Naquele momento, Beomgyu se considerava a pessoa mais entediada do mundo, e talvez essa fosse a última sensação que deveria estar sentido naquela noite em específico, mas ele simplesmente não conseguia mudar isso ou só não estava disposto a tentar.

Era seu aniversário, e Beomgyu não era o tipo de pessoa que comemorava aquela data como a maioria das pessoas faziam, não tinha algum trauma sobre aniversários ou festas, ele apenas pensava diferente.

Para o Choi, aquele era um dia como qualquer outro, e como em todos os outros, ele queria seguir sua rotina tranquilamente, sem agitação, o que se resumia em ir à academia pela manhã, almoçar com seus amigos, ir à universidade a tarde e depois, voltar para o apartamento que dividia com Soobin e Yeonjun, e passar o resto da noite fazendo nada além de aproveitar a companhia agradável dos Choi.

Mas, para sua infelicidade e felicidade de terceiros, não foi isso que ele encontrou em casa ao chegar da faculdade.

A música alta abafava as conversas paralelas e os gritos animados de "Feliz aniversário!", o lugar estava repleto de pessoas desconhecidas, tinham estudantes dançando no meio da sala, se agarrando nos cantos do apartamento e bebendo como se estivessem a meses sem água. Um completo caos, era exatamente o oposto do que Beomgyu havia planejado.

— Que porra é essa? — sussurrou, pasmo.

— Parabéns, Beomgyu! — parabenizou, um cara alto e loiro que o Choi nunca viu em sua curta vida.

— Obrigado, mas quem é você? — Ele questionou, vendo-o ficar completamente sem graça.

— Sou um colega do Yeonjun...

— Isso, Yeonjun, onde está? — interrompeu, deixando o rapaz ainda mais constrangido.

— Da última vez que o vi, estava na cozinha — respondeu, desistindo de se apresentar.

— Obrigado.

Sem demora, Beomgyu trilhou caminho entre o aglomerado de pessoas, algumas o cumprimentavam e parabenizavam durante o percurso, mas o Choi estava mais interessado em estrangular um certo alguém na cozinha.

— Choi Yeonjun! — berrou, ao encontrar o mais velho preparando uma bebida com Vodka e sabe-se lá o que diabos era aquilo azul.

Yeonjun virou-se para ele com um sorriso sínico e disse:

— Olha se não é o aniversariante mais lindo do mundo! — Ele envolveu os ombros de Beomgyu com o braço, puxando-o para perto.

— Por que fez isso? Conversamos sobre isso no almoço, hyung! — disparou, sentindo que a qualquer momento sairia fumaça pelos ouvidos.

— E é a mesma ladainha de sempre. — Yeonjun o soltou para cruzar os braços e olhá-lo de frente. — Quando foi a última vez que se divertiu de verdade? — questionou, com os olhos atentos.

— Hoje, no almoço — disse, imitando o gesto do mais velho.

— Fofo. Mas não é disso que estou falando, Beomgyu. — Ele volta a preparar o drink.

— Como espera que eu me divirta nesse inferno? — reclamou, abrindo os braços para que o amigo olhasse em volta. — Eu só conheço três pessoas das oitenta que você convidou pra festa que eu não autorizei fazer.

— É uma surpresa, e pra ser surpresa você não podia saber — ironizou, constatando o que era óbvio pra ele.

— Eu espero que ao menos tenha trancado o meu quarto, porque se eu encontrar alguém transando na minha cama, há Choi Yeonjun, você me paga! — ameaçou, vendo-o revirar os olhos e tirar algo do bolso dianteiro da calça skinny preta, era a chave do seu quarto.