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Vidigal// RJ 📍

Leão 🤬

Quando entrei para o tráfico, eu era menor de idade, não tinha maldade e não entendia muito sobre o tráfico ou sobre a vida. Tinha 14 para 15 anos e entrei por causa de um amigo, que me chamou. Numa comunidade carente, quando você não tem dinheiro para comprar um tênis, uma roupa, muitas vezes procura esse caminho.

Minha mãe sabia que eu estava no tráfico, mas ela não podia fazer nada, só sofrer. Ela é separada, tinha eu o primo é minha prima para criar, tinha que pagar aluguel, ganhava salário mínimo... sofria, mas ficava calada. Ela não tinha o que fazer, para onde me levar.

Às vezes não está faltando nada dentro de casa, mas aí você vê um colega com um tênis que você não tem e quer comprar um igual. Você arruma um trabalho, mas o dinheiro do trabalho não paga. Aí você vai e parte para aquela vida.

A maior parte dos jovens que entram para o tráfico entra por causa do dinheiro. Muitos chegaram a trabalhar antes de entrar para o tráfico, mas não ganharam dinheiro suficiente, então procuram esse caminho. É mais difícil para esses saírem dessa vida.

Quando era pequeno, meu sonho era ser o dono da favela. É eu consegui ser dono morro do Vidigal . Eu estudei até a sexta série, quando ainda estava no tráfico. Muitos dos jovens envolvidos no tráfico vão à escola, eles têm a esperança de conseguir uma coisa melhor.

No tráfico, você ganha dinheiro fácil, vem mulher fácil, você começa a comprar uma roupa aqui, ouro, quando vê, aquela é a tua vida. Se não tiver outros amigos, que trabalhem em outros lugares, fica difícil sair. Quando você tem esses amigos, eles te incentivam, te chamam para mudar de vida.

Muitas vezes, muitos jovens querem sair, mas não conseguem porque já estão fissurados naquilo. Muito dinheiro fácil, mulheres.

Conforme os anos foram passando, a situação foi ficando pior. Quando eu era menor, era tudo tranqüilo. Eu não tinha medo, se fosse preso, iria para uma dessas instituições para crianças e depois de poucos meses estaria na rua, mas quando fiz 16, 17 anos, foi ficando mais perigoso.

Comecei a participar dos confrontos armados, a trocar tiros com a polícia, com facções rivais, vi meus companheiros caindo do meu lado, aí fui ficando com mais ódio ainda.

Eu sabia que, se a polícia me pegasse, iria me matar. Isso deixa os caras ainda mais psicopatas, com a mente mais terrorista, como os grandes traficantes, tipo Fernandinho Beira-Mar.

Nessa idade, ainda cheguei a sair do tráfico porque queria me alistar, servir ao Exército. Fiquei fazendo uns bicos, tirei meu título de eleitor... Mesmo trabalhando no tráfico, eu não tinha ficha na polícia, nunca tinha sido preso. Eu me preparei para o Exército, mas acabei sobrando, então, voltei.

Com 19 anos, eu tinha essa idéia de sair, mas não consegui. Aí arrumei uma mulher, companheira, que depois de um tempo engravidou. Nove meses depois, ela acabou morrendo no parto mais deixou o meu bem mais precioso Pérola.

Hoje eu em dia do minha vida pela minha favela tenho minha coroa do meu lado tenho meus irmãos o rato é sabiá minha prima quê considero como irmã é o mais importante tenho meu grande amor minha filha é tudo pra mim eu mato é morro por ela.

A babá dá minha filha //Não Revisada Onde histórias criam vida. Descubra agora