𝟎𝟑 - 𝐕𝐈𝐒Õ𝐄𝐒

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Storyteller's
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A garota andava calmamente pelos corredores da escola. Por onde passava, recebia vários olhares estranhos de diversas pessoas.

Enquanto olhava alguns quadros históricos da escola, algo acaba colidindo contra o corpo da garota.

— Ei, olha por onde anda! — Uma garota fala. Sua pele era morena, e os olhos azuis como oceano. O que tinha de beleza tinha de falta de edução.

— Aumente o tom de voz para mim novamente, e vai ver quem vai ter que olhar por onde anda! — A garota fala calmamente.

— Nunca te vi aqui, é novata! Qual seu nome? — A mesma garota pergunta.

— Kalmia Addams.

— O que? A esquisita da Addams tem uma irmã? Eu já devia saber, toda de preto parecendo que vai para um velório! É uma Addams mesmo! — A garota cruza os braços. As duas garota que estavam atrás dela começam a rir.

— E qual seu nome? — Kalmia diz inclinando a cabeça.

— Bianca Barclay! — Diz a morena arqueando uma sobrancelha.

— Muito bem, Bianca Barclay! Se você se dirigir a minha irmã ou a minha família de forma ofensiva mais uma vez... — Kalmia diz passando a mão levemente na roupa de Bianca, como se tirasse a poeira inexistente. — Eu farei questão de ir ao seu velório.

Bianca tira seu sorriso do rosto e fica com seu semblante sério.

— O que você fez para parar aqui? — Bianca pergunta.

— Eu matei dois garotos e deixei uma diretora em estado grave no hospital! — A garota diz colocando as mãos para traz do corpo. — Tem certeza que vai querer ficar no meu caminho? Eu amo quando minha lista aumenta.

Bianca dessa vez olha com os olhos arregalados para suas amigas e diz.

— Deixem a esquisita aí, temos que ir ensaiar com o coral! — Bianca fala e sai com suas amigas.

Kalmia continua seu caminho olhando os corredores da escola, mas algo chama sua atenção.

Era um corredor com diversos retratos de diversos alunos antigos e atuais. Mas um chama mais sua atenção que outros.

Era sua mãe na esgrima com mais algumas mulheres em sua volta, na qual a garota não sabia quem era.

Ela encosta levemente as pontas dos dedos no quadro, e então tudo fica escuro como se estivesse em um enorme breu sem fim.

Os estalos do metal se colidindo faz a garota despertar.

Seus olhos se abrem rapidamente em sinal de alerta. A garota se levanta do chão colocando a mão na cabeça que girava e sentia fortes pontadas.

Ela pode notar que o barulho do metal eram dois sabres de esgrima se colidindo. Sua visão estava desfocada por conta da tontura, mas pode notar que eram duas garotas duelando.

Forçando mais a visão, a garota pode ver algo tanto quanto... inusitado.

Era sua mãe e a diretora Weems batalhando uma contra outra. Mas parecia ser mais um tipo de brincadeira do que um duelo de inimigos.

— Você venceu! — Disse Weems rindo. — Realmente, não tem como competir com você!

— Você chega lá, mas tem que trancar mais os pés, está deixando eles muito moles e é fácil te dar um golpe! — Sua mãe dizia recuperando o fôlego.

— Vou me lembrar disso na próxima vez! — Weems sorria para Mortícia.

Elas eram jovens, era um vislumbre do passado.

A garota chega mais perto das mesmas, elas não podiam a ver, mas ela estava lá. Estava lá por inteiro, ela sentia.

— Me mostre agora! Quero ver se aprendeu mesmo! — E então, cada uma pega a sua espada e começam uma nova luta.

Kalmia chegou mais perto, perto o suficiente para a espada de Weems acabar acertando seu rosto em um golpe que a mesma foi dar em Mortícia.

A luta continuou como se nada tivesse acontecido, porque não aconteceu. Mas quando Kalmia colocou a mão no rosto, onde ardia fortemente, pode ver seus dedos sujos de sangue.

O golpe de Weems fez um corte na sua bochecha, mas como era possível? Isso era só uma visão.

Então em um piscar de olhos, a garota levantou do chão em um sobressalto.

— Você está bem? — Um garoto diz estalando os dedos em seu rosto.

— Quem é você? — Kalmia diz ainda desnorteada.

Xavier Thorpe! — Ele diz dando a mão para ela e a ajudando a levantar. — Está tudo bem? Eu te encontrei desmaiada aqui no chão.

— Está! — Ela pensa rápido. — Eu só estava meio tonta, devo ter desmaiado por isso! — Ela força um sorriso.

— Seu rosto está cortado, tem certeza que não quer ir para a enfermaria? — Ele diz e a garota arregala os olhos.

Coloca a mão no rosto e novamente seus dedos saem melados de sangue.

— Tenho certeza! Obrigada, mas tenho que ir! — Ela diz virando as costa e saindo andando.

— Espera! Você não me disse seu nome! — Ele gritou para a mesma que se distanciava.

— Kalmia Addams! — A garota gritou de volta.

— Addams? — Ele perguntou confuso.

A garota só saiu correndo deixando o mesmo sem resposta.

Já fazia um tempo que isso estava acontecendo. Ela tinha visões, e através delas ela sabia que Wandinha também tinha, porém não eram iguais. Wandinha podia ver o passado, presente e futuro. Kalmia também, só tinha um problema, sempre que ela tinha alguma visão, não apenas sua consciência era transferida de plano, como também seu corpo. Isso fazia com que ela pudesse sentir tudo em suas visões. Se algo a machucasse lá, machucaria aqui também! E com o tempo, diversos hematomas de visões que a garota já teve começaram a aparecer no seu corpo. Mas por alguma motivo, não duravam muito, um ou dois dias depois ele sumia, como se a garota nunca tivesse sido atingida.

Após voltar para o quarto, Kalmia observa Enid fazendo as unhas e Wandinha escrevendo algo na sua máquina datilográfica.

— Cadê a mamãe e o papai? — Kalmia pergunta.

— Estão na diretoria falando com a diretora Weems. — Wandinha diz e logo olha para a mesma. — O que aconteceu com seu rosto? — A garota se levanta da cadeira e vem até Kalmia.

— Eu caí! Só isso!

— Caiu? Você nunca cai! — A garota a olha desconfiada. — Eu tenho curativo.

...

Estava toda a família do lado de fora da escola se despedindo. Kalmia conversava com sua mãe.

— Antes de ir, quero te dar isso! — Sua mãe tira um colar do bolso.

Era um cristal vermelho, com tiras prateadas em sua volta, atrás estava escrito "Addams De Sangue"

— O que isso significa? — Ela pergunta.

— Vocês saberá com o tempo, querida! Não se preocupe!

A garota olha novamente para a escrita atrás de seu colar, mas nada faz muito sentido em sua cabeça.

Ela coloca o colar no seu pescoço e se despede de seus pais.

ADDAMS DE SANGUE - Xavier ThorpeOnde histórias criam vida. Descubra agora