"Não tenho medo do escuro,mas deixei as luzes acesas agora".
(Renato Russo - Tempo perdido)Era uma manhã fria de outono em Londres contra as vidraças as gotas pesadas da chuva, a garoa se chocava devagar contra os edifícios e o som produzido ecoava pelo ar. Era o terceiro dia de chuva consecutiva na cidade. O frio obrigava grande parte da população a sair fortemente agasalhada e o céu, como sempre, permanecia nublado enquanto a névoa se desfazia por entre os respingos d'água.
Em meio a multidão, um homem
caminhava a pessoas largos por entre o chão úmido. Ao que parecia, estava atrasado para algum encontro ou serviço, o que seria mais provável tendo em vistia o horário e a pasta negra que carregava. Vistia um terno marrom coberto por um sobretudo de mesma cor que, provavelmente, era de grande valia para amenizar a brisa gelada que se estendia por toda capital inglesa. As ruas estavam cheias de transeuntes, mas poucos usavam guardas-chuvas, e a garoa começara a afinar desde o temporal da noite passada.Era um homem alto, de bom porte, aparentava cerca de trinta anos e exibia um fraco sorriso, meio mascarado pela pressa com que caminhava em direção a banca. O homem comprou o seu jornal e seguiu em direção ao ponto de taxi, quando foi interrompido pô uma cigana sentada de costas para um dos edifícios antigos do centro.
- senhor... Senhor!
- Eu? - o homem perguntou espantado.
- É, o senhor. Quer tentar a sorte?
- Estou meio apressado, fica pra outra vez...
- todos precisamos tomar cuidado com o futuro. Sabe, o que fazemos para alterar fortemente o nosso destino. Prometo que será rapido.
- eu também estou sem dinheiro, mas quem sabe outro dia.
A cigana sorriu e olhou fixamente nos olhos do homem.- cobrarei só meia libra, estou com um pouco de fome. O senhor me ajuda e eu te ajudo. O que acha?
- já que insiste tanto...E
u ainda vou me arrepender disso,pensou ele enquanto caminhava a direção da mulher.
- Qual o seu nome? - perguntou a cigana.
- pensei que você adivinhasse... - disse o homem, rindo.
- eu vejo o futuro, seu nome está no passado. Dê- me sua mão esquerda.
- Eu pensei que leria a mão direita- continuou o homem ainda achando graça daquela situação. Mesmo assim ele obedeceu, no fundo, sentia que era importante.
- mas você é canhoto - justificou a cigana
- como sabe?
- É meu trabalho adivinhar as coisas, agora, por favor, fique quieto, preciso me concentrar .
A cigana olhou novamente no fundo de seus olhos, ele nunca havia visto um olhar assim, era como se ela estivesse vendo no fundo de sua alma.- E aí, vou ter uma vida longa?
- um homem inteligente como você não deveria brincar com essas coisas.
- desculpa, estou meio apressado - falou o homem, ao mesmo tempo em que partia em direção ao táxi.
- espere , Haryel! - gritou a cigana enquanto a carregava o braço do homem tentando contê-lo.
- está bem.... Calma. Mas como você sabe o ...
- eu já te falei, é o meu trabalho, o universo esconde coisas muito maiores do que você pensa. Aliás, você mesmo esconde coisas muito maiores do quê você pensa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Artífice um detetive, um monge Budista e um Assassino
AdventureEm duas de tempestade, um assassino que mata atravéz de armadilhas extremamente laboradas vem enganando a polícia Londrina numa série de crimes inusitados. Heryel Kitten é um detetive inteligente, prático e muito dedicado ao seu trabalho, que agora...