𝘃𝗲𝘁. 𝗁𝗒𝗎𝗇𝗅𝗂𝗑

01 : : is he your boyfriend?

Mais uma vez a velha companheira de Lee Felix era inevitável e completamente previsível. Todas as noites sozinhos e ele não esteve ali com ele. Em meio aos macios lençóis postos com cuidado, de maneira delicada, assim como o garoto que mais uma vez recebia uma visita das lágrimas juntadas e acumuladas por tantas semanas, Felix chorava como uma criança.

Não era um choro baixo ou contido, o garoto afundava sua cabeça em um dos travesseiros brancos e gritava, gritava muito, descontando - ou fazendo o possível para isso - as suas dores recentes. Buscava uma luz de algum ser divino para o ajudar, o dizer o que fazer, por quê sabia que sozinho não conseguiria.

Ele chorava, e chorava... E chorava. Se usufruindo de sua velha amiga e derramando tudo sobre aquela maldita tristeza perene, que insistia em o reencontrar todas as vezes que o seu namorado não retornava a casa.

Tantas juras, tantos momentos e tanto amor. Tantas palavras bonitas e insignificantes recebidas do amor da sua vida.

Era como se todo o caminho percorrido tivesse sido perda de tempo, pois agora mesmo as boas lembranças se tornaram o mais melancólicas possíveis. A amargura e insegurança eram o que dominavam agora o loiro entre os lençóis, até que os olhos começaram a pesar. Ele apenas desejava que isso acabasse com uma boa conversa, que tudo não passasse de um mal entendido, e que logo seu namorado estaria chegando um pouco mais perto, e o amando como prometera fazer durante tantos anos.

Nesse momento, Felix gostaria de voltar a acreditar na probabilidade de um "talvez".
Talvez ele esteja lá. Mas ele não pode mais se enganar, Lee sabe que o "talvez" não existe. Seu namorado está lá, ao lado dela. Isso é tão óbvio que chega a ser cômico o quanto Christopher Bang não faz questão de esconder-se entre as linhas.

Quando teve certeza dos encontros de Christopher e sua ex-namorada ele estava tão decidido a romper o seu relacionamento. Ele estava tão decidido, até Christopher chegar na casa de ambos e mais uma vez, demonstrar todo o afeto do mundo. Dizia que seria incapaz de viver em um mundo onde Felix não existisse, dizia em um tom claro as palavras mais belas que o garoto já se deu o prazer de escutar, os beijos mais deliciosos que tinha a oferecer.

Christopher surpreendentemente, e de alguma forma, ainda amava Felix, e o mais novo percebeu isso.

Mesmo o enganando, o traindo e fazendo lágrimas deslizarem pelas bochechas do garoto todas as noites em que estava fora, ainda o amava. Não era um amor bonito, mas ainda sim, era amor.

E Felix não podia resistir ao amor da pessoa que mais amou. Todavia, isso doía, e continuaria doendo, permanentemente até tudo se esfriar.

Ultimamente os dias do loiro tem sido melhores quando o sol se põe distante e recôndito a sua visão, tem sido muito mais pitoresco sem o homem que amava aparecendo banhado pelos raios da luz natural que saiam de sua janela.

A pessoa que mais amava estava se retirando aos poucos da vida do Lee, traçando seu próprio destino e seu próprio espaço no coração do namorado, esse que só diminuía a medida em que as saídas noturnas também se tornaram matinais e assim por diante.

A dor de sentir que alguém que você ama está te deixando te torna um alguém mais resistente a desastres emocionais. Aos poucos Felix saberá disso.

Por agora, o travesseiro molhado aconchega os fios loiros e o rosto sereno do menino cansado de se lamentar e implorar por um amor. Os lábios levemente abertos, assim como uma parte de seus pensamentos vazios. Ocupados por um alguém a passos de se tornar inexistente em uma certa mente.

. . .

A manhã era nublada e com uma chuva fina naquela cidade litorânea, Felix esfregava seus olhos em mais um despertar, se virou para o lado oposto da cama. Estava vazia. Em um ato inconsciente seus olhos já estavam marejados, quando o loiro percebeu, os esfregou de novo rapidamente. Se levantou, indo até o banheiro do quarto minimalista, quando foi capaz de se observar, percebeu que, curiosamente, era lindo quando chorava.