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CAPÍTULO DOIS!
:: highway to hell('s kitchen)

         


6 anos depois

As pessoas dizem que o tempo cura qualquer dor, inclusive a dor da perda. A morte de alguém querido, como um marido ou um pai, dói infinitamente no começo, mas a dor se torna mais suportável com o passar dos anos.

Exceto quando o seu direito de ficar de luto, de sentir a dor e de senti-la passar é retirado de você por um alienígena genocida, o que, apesar de ser improvável, aconteceu comigo. Eu, como metade da população, desapareci após o estalo de Thanos — no dia do funeral do meu pai, vale mencionar — e retornei após cinco anos, com as roupas do enterro e as bochechas molhadas pelas lágrimas.

Mas o mundo que eu deixei para trás estava diferente: minha mãe agora estava cinco anos mais velha, e a morte de meu pai e meu desaparecimento haviam dilacerado o brilho em seu olhar; minha irmã não era mais uma criança de dez anos, mas uma jovem de quinze; e minha melhor amiga estava formada, casada e tinha um filho. A única coisa que não havia mudado era eu, a esquecida pelo tempo.

Um ano depois, entretanto, eu havia conseguido deixar a minha vida em ordem. Havia retomado o curso de direito e finalmente estava no último ano, estava satisfatoriamente atualizada dos acontecimentos e a tristeza da perda do meu pai já estava começando a diminuir. Eu até havia conseguido um estágio, na firma Nelson & Murdock, em Hell's Kitchen, o que, de alguma maneira, fazia eu me sentir mais próxima do meu pai.

— Bom dia, Lizzie! — digo, entrando no quarto da minha irmã, segurando dois cabides e ligando a luz — Preciso da sua ajuda.

Elizabeth estava deitada na cama, visivelmente irritada por ter sido acordada tão abruptamente.

— O que você precisa? — perguntou, ainda deitada.

— Preciso escolher uma roupa para o meu primeiro dia no trabalho.

Eu segurava dois cabides com duas peças diferentes: um vestido vermelho que ia até os joelhos e era colado ao corpo, enquanto o outro era um conjunto de terno e calça na cor azul marinho, que era muito profissional mas pouco valorizava o corpo. Elizabeth levantou-se, deu uma rápida olhada e chegou à conclusão.

— Vermelho. Agora me deixa dormir!

— Dormir? Já são sete horas — disse, abrindo as janelas de seu quarto e retirando seus cobertores — Você precisa se arrumar para a escola.

Elizabeth agora tinha dezesseis anos. Quando eu a vi pela primeira vez desde o blip, fiquei chocada com o quanto ela estava diferente. Ela agora era uma jovem alta e ruiva com uma personalidade extrovertida e uma incrível semelhança com nossa mãe. Saber que eu havia perdido tantos anos com minha irmãzinha era devastador, mas agora eu me alegrava em saber que eu tinha uma amiga para compartilhar momentos especiais — e para acordar quando eu precisava de conselhos de moda.

— Aliás, obrigada pela dica — continuei.

— Não tem de quê — respondeu, levantando-se em direção ao banheiro.

Voltei correndo para o meu quarto para me arrumar, colocando o tal vestido vermelho. Ele era um pouco mais decotado do que eu me lembrava, mas ainda assim era apropriado para trabalhar em um escritório — ou pelo menos eu imaginava que seria apropriado. E, em um escritório de três pessoas, eu duvidava que minha roupa fosse um grande problema.

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⏰ Última atualização: Mar 22, 2023 ⏰

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