1) Isso é disk sexo?

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O medo de passar o resto da vida sozinho é algo aterrorizador e não era diferente com Jimin. Ele morria de medo de ficar sozinho, morria mesmo.

Não era algo que ele saia por ai assumindo ou levantando como tópico em qualquer conversa casual, ele não demonstrava ser assim, se fazia de forte e fingia estar completamente bem assim como qualquer jovem adulto do século XXI costuma fazer. Mas definitivamente estar sozinho era algo que o assustava de verdade.

A sensação ruim assombrava suas noites antes de dormir, aquele momento em que se deitava na cama e fechava os olhos esperando o sono aparecer, era bem nesse momento que tudo parecia desabar e seus demônios vinham o caçar todos de uma vez só.

Sempre se perguntou se todo mundo já teve essa sensação ruim e verdadeira de que ninguém nunca iria se apaixonar por eles também ou se isso era só coisa de sua cabeça. Porque parecia pouco provável. Só não diria impossível porque estava tentando ser um pouco mais positivo a respeito da vida e essas coisas que dizem por ai ser bom pra autoestima. Só que era difícil. Deus como era difícil.

A pior parte era que sempre que Jimin se enfiava nesse lugar sombrio onde nada parecia dar certo, todos a sua volta pareciam felizes e com a vida amorosa a todo vapor. Pequenas coisas que não costumavam incomodar, agora o fazia perder a paciência. Casais andando de mãos dadas e trocando carícias na rua, os filmes melosos de romance e até seus amigos. Ele torcia o nariz e resmungava que nem um velho sempre que via alguém amando, como se fosse alguma praga. E mais cedo ou mais tarde, as pragas chegam até o seu quintal, não tem como fugir.

Jimin tinha – ou tem ainda, não sabia confirmar isso – um melhor amigo, Jeon Jeongguk. Aquele parceiro para todos os momentos, seja para gastar todo o resto do (pouco) pagamento da bolsa estudantil com bebidas para encher a cara em uma sexta à noite ou para os momentos de bad onde um ombro amigo e um ouvido era mais do que o suficiente. Eles choravam juntos, riam juntos, diziam que mesmo se arrumassem um namorado ou namorada (já que Jeongguk era bissexual e se mostrava igualmente feliz com um homem ou uma mulher), estariam sempre em primeiro lugar nas suas listas de prioridades.

Besteira. Não acredite quando seu amigo disser isso, não vai ser assim.

Porque agora Jeongguk estava namorando e faziam exatos oito dias que ele não procurava Jimin para nada. Nadinha mesmo. Nem para perguntar se estava tudo bem, nem uma mensagenzinha no celular, nem uma foto dos seus trabalhos da faculdade ou a reclamação sobre a professora que pegava muito no pé dele e era Jimin quem sempre o animava e ajudava nos trabalhos extras. Era de partir o coração, porque Jimin se sentia um pouquinho trocado.

Não era como se ele pudesse culpar diretamente a Jeongguk, porque de certa forma ele entendia. Ele sentia inveja? Sentia. Se sentiu fortemente magoado e pensou em apagar todas as mensagens que eles tinham trocado, deletar as fotos juntos pelas redes sociais e até dar unfollow no twitter? Pensou. Só que ele também entendia que Jeon devia estar lá transando com aquele cara mais velho bonitinho e que estava mesmo feliz.

Eram dois amigos tristes achando que jamais achariam alguém para amar e agora só um deles estava triste, deveria ser algo bom, não é? Matemática simples.

Depois de bastante tempo Jimin entendeu isso. Entendeu que não era o fim do mundo e que eles ainda seriam amigos, que agora as coisas seriam um pouco diferentes, mas algumas outras coisas ainda permaneciam iguais. Saber que Jeongguk estava feliz era algo bom, claro, mas isso não deixava Jimin feliz também. Porque ele ainda se sentia sozinho.

— Jiminnie, me desculpa, eu fiquei um pouco ocupado.

Essa foi a frase que o mais novo lançou assim que Jimin abriu a porta de casa depois de ter deixado ele esperando e batendo do lado de fora por mais de quinze minutos. Ele merecia, nem que fosse só um pouquinho.

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