Me Liga! - VMIN

2) Como é que você é? Me fala logo.

Quando o outro dia veio, Jimin se viu passando a todo momento por Jeongguk, que até pouco tempo parecia ter sumido do mapa, mas agora esbarrava com ele a todo e qualquer corredor daquela faculdade enorme. O olhar inquisitivo como se soubesse de algo, mesmo que ele provavelmente não soubesse de coisa alguma. Era como se tudo que ele fez, tudo que ele disse, tudo que ele pensou tivesse sido exposto, mesmo que provavelmente fosse só sua cara de pânico entregando que tinha algo errado.

Não errado errado, era só diferente.

Jimin é um estudante de cinema muito orgulhoso. Orgulhoso de suas habilidades, de sua devoção nos estudos, de nunca ter reprovado em nenhuma matéria (provas finais acontecem, ele entendeu depois de uns choros e muito desespero) e de ser um dos exemplos de bom estudante naquela universidade. Dos que se entregam e batem de frente para mostrar o que sabem fazer. Famoso orgulho da família, bom, se não fosse o fato de ser gay e na maioria das vezes sua família fingir que ele não existe, mas deu para entender o conceito da coisa.

A mente e imaginação de Jimin o ajudaram a chegar onde chegou, a alcançar tudo que alcançou, mas agora essa mesma mente só estava o ajudando a piorar toda sua situação e transformar em um enorme monstro devastador de nações o que não deveria ser mais que uma pequeno mosquito zumbindo em seu ouvido. Porque tudo isso era só para ele relaxar e distrair um pouco das preocupações e medos da vida e não se tornar mais um item em sua lista de tormentos. Tudo culpa do Jeongguk.

Nem conseguiu prestar atenção na aula, coisa que ele realmente gostava de fazer, pra ser bem sincero, chegava a se sentir mal pelo fato de sua cabeça estar em qualquer outro lugar que não nos slides que a professora passava em frente ao enorme quadro branco a respeito da concretização do conceito visual de um personagem e cenário. Direção de arte era a matéria preferida de Jimin e nem nisso ele conseguia focar. Maldita carência.

A franquia de internet foi quase toda nas redes sociais tentando achar algum Taehyung que usasse fotos com um sinalzinho de v com os dedos, mas esse era um sinal nacional para os Coreanos e aparentemente existiam milhares de Taehyungs por ai e, assim como desconfiado, sua busca não deu em nada além de frustração.

Mas parte sua ficou feliz de não ter achado nada. Talvez essa fosse mesmo a graça da coisa toda, assim como em um plot bem elaborado de um filme, como nos projetos que Jimin costumava fazer em sala de aula, a parte boa de toda a situação fosse a mistura de mistério e expectativa. Uma voz. Não um rosto ou uma pessoa, era só uma voz e Jimin conseguia lidar com uma voz. Ele não conseguia era lidar com tudo aquilo que ele sentia ao ouvi-la, ou até mesmo lembrando de como ela soava contra ao ouvido, sentindo falta de ter alguém falando daquele jeito consigo, mesmo que fizessem apenas algumas horas que tudo tenha acontecido. Ainda estava vívido e palpável demais.

Era idiota, ele sabia. Mas a sensação boa de antecipação o consumia por inteiro e isso só fez seu dia durar muito mais do que deveria.

Não foi no dia seguinte que ele conseguiu ligar de novo pro número do chat (agora salvo apenas como Taehyung, porque parecia mais íntimo, mais real), mas sim na noite após essa. Porque Jimin viu que não era justo travar essa batalha contra ele mesmo, que o mundo em si já era duro demais com ele e com tudo que ele acreditava e que ele merecia um pouco disso, um pouco dessas sensações boas e desse momento de liberdade. Até mesmo uma liberdade de sua própria mente e antigos conceitos.

Talvez Jimin estivesse aprendendo alguma coisa no final das contas, ele só não sabia disso ainda.

Taehyung o recebeu como se fosse um velho amigo, em um tom carinhoso e animado, dizendo que estava feliz em ouvir sua voz de novo e foi estranho porque Jimin estava feliz de verdade em ouvir a voz de Taehyung também e algo esquisito aconteceu em seu estômago e em seu coração, mas achou que fosse fome, porque ele não havia feito nada pra jantar aquele dia depois de pensar tanto sobre ligar ou não, e com a fome ele conseguia lidar mais tarde, depois de alimentar sua carência e vontade.