Desnudo, estou sendo arrastado por dois soldados. Após ter me negado a ferir minha irmã, fui condenado a uma vida miserável como um escravo.
Assim como nós anos passados, aqueles que conseguiram passar dos rituais já devem ter saído do templo e ido para suas casas comemorar. No dia que meu irmão voltou para casa depois de se tornar um homem, foi uma grande festa. Nosso pai tinha pego o nosso primo emprestado com o nosso tio, para o meu irmão poder fazer oque quiser com ele. Não pude ver oque ele e os adultos fizeram com meu primo, pois por eu ser novo, eles me mandaram para a cama cedo. Só conseguia ouvir os gritos de dor do meu antigo primo. "Me desculpa, eu faço qualquer coisa mas parem com isso por favor!" No dia seguinte quando vi meu primo, seu rosto estava enfaixado na parte do olho e com uma marca feita a faca em seu peito escrita "porco". Depois disso nunca mais o vi.
No começo do dia de hoje, eu não tinha a menor intenção de saber oque tinha atrás da porta preta, local para onde levavam os fracassos da provação. Infelizmente, por ironia do destino cá estamos nós, descendo cada vez mais fundo em uma escadaria com pouca iluminação. Porém com o tempo, a descida que começou silêncio, dava espaço para sons que pareciam parte do próprio inferno.
Um cheiro forte de fumaça, um calor tão grande quanto um dia de sol normal, mesmo já estando de noite. Gritos de dor. Som de couro instalando.
Chegando no andar inferior, descubro a origem de todas as coisas que ativaram meus sentidos.
Era uma sala grande, com várias pilas espalhada pela sua área. No fundo da sala uma grande fornalha, com porta circular. Essa porra estava aberta e dava para ver bem o seu interior. Chamas vermelhas vivas e brasas brilhantes. Dentro dela também tinham oque pareciam estacas incandescente. Quem estava alimentando o fogo eram quatro escravos, que diferente dos visto lá em cima, estavam com uma roupa de couro bem pesado cobrindo seu tronco e pernas até o joelho. Suas mãos e pés ficavam expostos. Em suas cabeças estavam presas máscaras de ferro, que de longe pareciam bem pesadas. Provavelmente isso era feito para dar o maior nível de desconforto possível para eles. Dois traziam sacos pesados de carvão e os outros dois, usando a mão tinha que jogar e ajeitar o carvão dentro da fornalha.
- Vocês estão muito lentos. Eu quero ver fogo.- um dos guardas que estava observando a fornalha reclama- Talvez vocês precisam de um incentivo.
Com uma par que, com certeza, só os guardas podiam usar, ele tira uma quantidade generosa de brasas e joga nos pés dos meninos. Claro que um dos meninos se jogou para trás caindo no chão.
- EU FALEI PARA PARAR?- o guarda rosna.
Sem escolha o garoto se levanta apressado e volta ao seu trabalho, pisando nas brasas. Provavelmente gritando de dor, mas a máscara devia impedir que qualquer manifestação saísse dali de dentro.
Os guardas que me levaram me jogaram no chão e subiram as escadas provavelmente para fugir do calor.
- Então você é o último fracasso do ano né?- fala um dos guardas, com aparência diferente dos outros.- Levem ele para a parede. Outros dois guardas me pegam e leva para a parede a esquerda da sala, para o final de algo que parecia ser uma fila.
Os guardas não estavam utilizando sua habitual armadura mas sim apenas luvas que iam das mãos ate o antebraço e o cintos que os permitiam carregar suas espadas e principalmente, suas chibatas, marca registrada de um guarda. Oque pareciam dar as ordens era o guarda mais diferente daqui. Sua pele era mais escura que a nossa. Seu corpo com certeza era músculo apesar da grande barriga. Em sua cabeça nenhum fio de cabelo. Já no seu rosto, um cavanhaque longo e com traços grisalhos. Seu corpo estava brilhoso devido ao suor de seu corpo.
Na "fila" que eu estava tinha mas 5 meninos na minha frente. Dois foram puxados, e acorrentados em pilastras diferente. Seus braços foram presos de forma que "abraçassem" o pilar.
- Vocês dois falharam no segundo teste, então serão marcados duas vezes.- o chefe dos guardas fala a sentença dos chorosos meninos.
- Peguem dois ferros!- os dois garotos que estavam alimentando a fornalha param oque estão fazendo, cada um mete suas mãos dentro do fogo e pegam as estacas incandescente e entregam para um guarda com velocidade.
Agora que eu via o objeto por inteiro eu entendi. As estacas na verdade eram ferros de marcar gado, ou escravo no caso. Na ponta do metal brilhoso tinha uma peça em formato de lua, igual a nossa bandeira.
- Por não terem honrado o Grande Rei, vocês não são mais considerados homens da nossa sociedade. Vocês receberam a marca da deusa da lua para que todos saibam que vocês são escravos como ela.
Com o término da frase, o metal é precisando contra as costas dos meninos.
- AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!- um grito uníssono é feito por eles. Bons segundos se passam , um cheiro de carne pairando o ar, os guardas tiram o objeto quente. Nas costas deles ficou uma marcação perfeita, em preto, da lua. Ao redor da marca, uma mancha vermelha viva. Suas mãos são soltas. Um dos garotos se ajoelha em dor, o outro cai no chão com toda a força. Não sei dizer se morreu pelo choque da dor ou só desmaiou. Os guardas simplesmente não se importam levam eles para o outro lado da sala e o jogam para lá apenas esperando que outros guardas o peguem e os levem para outra sala.
O mesmo processo ocorre com os outros três na minha frente. Até chegar a minha maldita vez. Sou pego novamente pelos braços, e fico na mesma posição que os outros.
- Não vou fazer o mesmo discurso de antes. Já está repetivo.- fala o chefe da guarda.
O guarda, que já segurava o ferro, revira o olho e se prepara para me marcar, finalmente meus dias como homem estavam acabados. Fecho meus olhos e cerro meus punhos, me preparando para a dor que víria. Com a sensação de ardência nas minhas costas começa a aumentar-
- Espere.
- Oque foi agora?- o guarda do ferro pergunta irritado.
- Ele é o último. Vamos aproveitar isso. Ele não passa de um escravo de qualquer jeito.
- Oque está falando?
- Ah não se faz de desentendido.
- Pelo amor do Rei.- enquanto eu ainda tentava entender oque estava acontecendo, a dor intensa invade meu corpo.
- AAAAAAAAHHHHHH!!!- grito da mesma forma que todos os outros. Com certeza foram os piores segundos da minha vida. Não só pela dor física. Mas por tudo aquilo que isso representa. Mesmo se eu arrancasse a pele das minhas costas, todos saberiam que eu era um fracasso, um erro, um escravo.
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Khizy
Ficción GeneralUm garoto, agora sem nome, teve seus direitos como ser humano tirados dele, após falhar na sua provação. Seu pai não excitou em assinar os documentos abrindo mão de seu filho e o mandando para um grande mercado de escravos. (Essa história contém sex...