Prólogo

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Atualmente as coisas parecem ter saído um pouco do controle, não dá pra saber se fosse quando o trabalho começou ou quando ele quase deu errado, dinheiro e experiência é o único foco visado até então, são as únicas coisas que forçam as pernas a erguer o maldito corpo que só quer descansar eternamente em um caixão simples, afinal, um confortável sairia caro demais.

__ Ainda não entendia como pode ter uma bagunça tão avassaladora dentro de si, não entendia como nunca soube organizar e limitar seus problemas, sua confusão ainda a mataria.

Isso é... Todos temos problemas, certo? Óbvio que essa resposta é positiva, por mais que ninguém goste de assumir, nada é perfeito, e se está perfeito, desconfie.  Vamos mudar o foco agora, talvez uma festinha cairia bem? Beber e se divertir para esquecer dos problemas do cotidiano monótono e deprimente, tentar não estragar o final de semana seria uma maravilha, até qualquer coisa se tornar um tornado.

[...]

Um belo vestido colado e um salto nunca foram tão confortáveis como agora, se sentir bonita em um momento de tanto estresse nunca fora tão bom. Se olhando uma última vez, ___ pegou sua bolsa onde só levaria o celular e a carteira, passou um pouco de perfume e sorrio para seu reflexo.

Felizmente a noite estava em uma temperatura agradável, mas com certeza a boate estaria quente, afinal, quase 150 pessoas estariam dividindo um espaço minúsculo — para a quantia que estaria ali — sem muitas entradas de ar, com certeza tudo daria muito certo.

Na fila mesmo já estava se divertindo, reencontrou umas amigas do ensino médio e colocaram as fofocas em dia, ___ se sentiu bem por não ter dado certo com o garoto de quem gostava na época, certamente sua vida estaria bem pior do que está. Deixando o passado para trás, as quatro entraram na boate, rindo e brincando que arrumariam alguém para as pôr na área vip — Não que fosse algo difícil, tinham muitos idiotas ali só querendo se amostrar com dinheiro e pelas garotas —, até mesmo brincaram em colocar ___ para tentar primeiro, mas ela recusou dizendo que é bem mais divertida e descontraída quando já está meio alta, então iria depois de alguns drinks.

[...]

A noite parecia cada vez mais longe de acabar, o que não incomodava as garotas de jeito algum, entretanto, ___ não se sentia mais tão bem, já tinha perdido a conta de quantos shots de tequila e whisky virou com os caras, também tinha um tempinho que não via duas das meninas, e a que ficou simplesmente não a enxergava ali, estava ocupada demais agarrada em um maluco que encontrou pela área vip. Com as pernas meio bambas ___ se levantou e pegou sua bolsa, murmurando baixo — Para ela, sua voz saia mais alta que o normal, enquanto para os outros não passava de sussurros — que iria embora, que não estava se sentindo bem.
Passou pela multidão quase caindo, sentia as mãos ousadas aproveitando de seu estado deplorável, mas só pensava em chegar na saída e vomitar até mesmo seu estômago se possível. Os fios soltos agora estavam uma bagunça, os saltos pretos estavam em sua mão esquerda, enquanto a direita ela usava para caminhar se apoiando na parede. ___ Tinha vomitado tudo o que bebeu e sua alma, mal se sentia viva, mal raciocinava, só pensava em chegar em casa, agradeceria depois ser um sábado a noite e não ter que trabalhar no domingo.

O metrô estava um deserto, exceto por ___ e mais um cara ali, ele estava do outro lado, nem mesmo piscava por estar olhando a mulher que dormia largada no banco. Com cuidado ele se aproximou, tirando os fios de cabelo do rosto dela, ouvindo a mesma resmungar que queria dormir, ele pareceu não se importar, já que deu um sorrisinho e continuou a tocar nela.

Um homem encapuzado e meio ao fundo observava tudo, mas ao notar que a moça se encontrava desacordada, ele levantou rápido, indo até os dois e parando na frente do cara, tocando com calma o ombro do mesmo, antes que ele pudesse falar algo, o encapuzado lhe acertou um soco bem dado, fazendo o porco nojento cair pro lado, puxando o corpo da morena que por estar apagada, não teve forças para evitar cair no chão, assustando pelo baque.

___ Não sabia o que estava acontecendo, mal conseguia ver direito, estava chapada demais para tentar ficar acordada. Shuji não teve pena alguma do cara que já se encontrava apagado e cheio de sangue, ele não pararia até quase o matar, talvez o matar fosse a melhor situação ali, porém ouvir uma voz trêmula e baixa o fez parar, a voz da morena o fez parar.

O casaco que cobria o corpo da menor fedia a cigarro e a perfume barato, sentir ambos os cheiros estando com uma ressaca fodida não foi nada bom, tropeçando em seus próprios pés, ___ foi até o banheiro vomitar. Ela não se lembrava de ter chegado em casa, lembrava vagamente de ter pego o metrô e de ver dois caras brigando, mas nada além disso.

Depois de um banho descente e um café da manhã reforçado, ___ arrumou a casa sem muita pressa, parando para olhar o casaco mal cheiroso que usava quando acordou, com certeza não era seu ou de alguma amiga, ela verificou os bolsos antes de por para lavar, encontrando um esqueiro bonito, daqueles que só apaga se fechar a tampa, ela o olhou bem, notando que continha um nome gravado nele.

– Shuji Hanma...

A vadia do chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora