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Ela tinha expectativas com o mundo
Mas isso voou além do seu alcance
E balas foram pegas com seus dentes
A vida continua, fica tão pesada...

- Paradise - Coldplay

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Continuação...

Olivia Miller  on:

Não conseguia raciocinar direito, depois de anos voltarei a vê-lo.

– Olivia? Tá tudo bem? – consigo ouvir a voz de Paul ao meu lado.

Eu não conseguia responder, as palavras simplesmente não saiam da minha boca.

– Ei, olha pra mim! Me conta o porquê ficou assim– seu olhar era de preocupação.

– Meu pai... ele está voltando... – disse ainda com o olhar distante.

– Por que isso te preocupa? – perguntou.

– Ele me abandonou quando criança – respondi depois de alguns segundos.

– Se quiser desabafar vou estar aqui para te ouvir! – Paul disse enquanto me puxava delicadamente pra se sentar na cama, ele pegou meu celular que havia caído no chão e ao olhar pro aparelho vi que ele ainda estava inteiro.

– Eu tinha 9 anos quando aconteceu, ele nem fez questão de me olhar nos olhos quando saiu da nossa casa, minha mãe ficou desolada. Ela sempre me falava o quão importante era ser forte e durante toda a minha infância eu nunca vi ela daquele jeito, ela chorava todas as noites em seu quarto, quando amanhecia ela agia como um robô... isso ficou durante um mês, depois desse período ela se fechou para o amor –dei uma pausa para respirar um pouco, mas logo continuei– Eu me acostumei a viver sem a presença dele, minha mãe sempre ia nas apresentações da escola, tanto no dia das mães como também no dia dos pais, era sempre ela, nunca foi ele! – meus olhos se encheram de água, era doloroso relembrar isso.

Paul me puxou para um abraço, ele ficou fazendo carinho nas minhas costas sem dizer uma palavra e eu agradeci por isso.

– Quando fiz 18 anos eu implorei pra minha mãe ir acampar comigo, era sempre assim nos meus aniversários e eu não queria que isso mudasse – minha voz estava embargada – Ela cedeu e nós fomos acampar, mas no meio do caminho sofremos um acidente, eu não me lembro como aconteceu... só me lembro de ter visto ela dentro do carro em chamas.

Ao olhar pra cima tive a visão dos olhos castanhos de Paul, ele estava com uma expressão de pena.

– Eu acabei desmaiando e quando acordei já estava no hospital, eu chamei pelos médicos, queria saber se minha mãe sobreviveu... mas eles disseram que eu cheguei sozinha no hospital, falaram que quando a ambulância chegou eu era a única que estava no local do acidente. Os policiais procuraram pelo corpo dela e não acharam nada, então depois de uma semana encerraram as buscas e declararam ela como morta... Eu me culpo até hoje, me culpo por ter feito ela ir acampar, ela não queria, isso tudo é culpa minha! – ao terminar de falar Paul me apertou ainda mais em seus braços.

– Não se culpe, por favor não faça isso, você não teve culpa – ele tentou me consolar.

Não sei ao certo quando comecei a chorar, mas não me importei, eu precisava soltar tudo, soltar todo o choro que venho segurando a bastante tempo.

■  ■  ■

Acordei no susto, olhei pra janela e já era noite, as árvores se balançavam conforme o forte vento. Procurei Paul pelo quarto mas a única coisa que encontrei foi um pedaço de papel em cima do criado mudo, peguei o papel já imaginando o que poderia estar escrito nele.

Eternity / JASPER HALE (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora