Capítulo um

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   Elísia não compreendia a sorte que vinha tendo nos últimos dias, assim como a falta dela. Em questão que pouquissimo tempo se formou na faculdade e conseguiu um emprego no museu principal de sua cidade, o único ponto em que pode dizer que foi levado pelo seu esforço, uma vez que fora a melhor aluna de sua turma e, claro, das outras nos ultimos três anos, no minimo. Entretanto, descobrira um caso entre seu noivo e sua irmã mais velha - lá se fora oito anos de relacionamento jogado fora. Era incrivel como Vanessa conseguia tudo o que ela tinha e não tinha e era e ainda melhor na hora de jogar isso na sua cara. Agora se encontrava de virada, com os olhos inchados e um tanto avermelhados, bebia seu quarto copo de café espresso e não conseguia pensar em como falar para o seu chefe porque estava naquele estado sem mencionar que passou a noite inteira chorando que nem uma condenada enquanto destruia qualquer resquicio fisico do maldito e se xingava por estar chorando.
Passou as mãos nervosas pelos cabelos mais uma vez, agradecendo sua genetica pelas madeixas cacheadas que escondiam o fato de não ter passado um pente ali. Sua cabeça doía, assim como sua mão machucada pelo murro que acertou no rosto dele. Já sua irmã, apenas a ignorou. Percebera apenas seu tipico sorrizinho irônico. Mau sabia ela das fotos que tirou deles aos prantos quando entrou no quarto. Falando nelas, Elísia adentrou mais uma vez seu WhatsApp, indo direto no grupo da familia em que compartilhava com seus pais, tios, primos, avós e irmã, adentrou a galeria e selecionou as dolorosas imagens, pensando se enviaria ou não. Ato esse que se repetiu bastante nas ultimas horas.

— Sabe que não pode viver nisso para sempre, né? — Victor murmurou em seu ouvido, sentando-se ao seu lado.

— Provavelmente.

— Provavelmente? Claro que não! Lisy, meu amor, olha para mim. Somos amigos desde... Porra, desde quando somos amigos? — ele pergunta com um semblante pensativo.

— Maternidade? — perguntou rindo. Fora sua primeira risada naquele dia.

— Viu? Já até sorriu e, eu te garanto, você é muito mais bonita assim.

— Então sou feia quando choro? — perguntou confusa.

— Até demais, credo. Sua cara se enruga toda e um pincher chupando manga vira uma miss perto de você. — Victor diz com a voz serena.

— Isso foi cruel, sabia?

— Mas veja pelo lado bom, te vi chorando muitas, muitas vezes e ainda estou aqui com você. Sou seu amor verdadeiro, você que não percebe. — o homem gargalha, chamando um pouco de atenção no lugar.

   Victor era um jovem rapaz simpático que trabalhava na cafeteria Coração Gaúcho, que ficava a três quadras do museu em que Elísia trabalhava e um quarteirão da faculdade que ela se formou - a qual ele ainda luta para terminar. Cresceram juntos, literalmente da maternidade, onde suas mães se conheceram, já que suas incubadoras ficavam uma ao lado da outra. As mulheres, emocionadas pelos hormônios e por outras coincidências, resolveram se tornarem amigas e servirem de base uma para a outra. Desde então eram uma grande família, tanto para passar Natais juntos quanto para aceitar a panssexualidade de Victor, o que aconteceu com muita segurança e amor. Sempre estudaram juntos e cuidaram um do outro, fosse nas bebedeiras ou nos corações quebrados, como era o caso atual.

— Valos, Lisy, ele nem era tão bonito assim. Vanessa que lute com ele agora. Apesar que é dela que estamos falando, facilmente vai meter o pé na bunda dele e esperar seu próximo passo para foder com você. — Victor verdadeiramente era muito sincero e, muitas vezes, Elísia odiava isso.

— Muito obrigada por elevar meu clima, viu? — a garota disse ironicamente, revirando seus olhos.

— Vamos fazer o seguinte: você mente pro seu chefe que ta doente e vamos para a sua casa, falamos mau dos dois enquanto bebemos uma tequila gostosa e mudamos seu cabelo.

Mistério no PampaOnde histórias criam vida. Descubra agora