- Callum...Podemos conversar?
A elfa da lua estava nervosa. Fazia dois anos que não via seu namorado (se é que ela ainda poderia chama-lo assim) e, por mais que tivesse dificuldade de admitir, não houve um dia em que Rayla não tivesse passado longas horas olhando o por do sol pensando em Callum:
- Olha, já tá tarde e eu tenho que descansar. Quem sabe amanhã?
Disse Callum frio.
Callum sempre foi um garoto alegre e gentil mas quando Rayla foi embora ele se tornara distante e um pouco temperamental. Com o tempo ele foi voltando ao seu jeito dócil, mas a chegada inesperada de Rayla fez com que esses anos solitários voltassem para Callum como um tiro em seu peito. Ele andava lentamente em direção à mesa para organizar suas coisas:- Por favor Callum! Não nos vemos a dois anos! Você não acha que deveríamos ter uma conversa?
A insistência da garota só deixava Callum menos paciente:
- Tá bem!
Disse Callum cedendo:
- Então, já que você voltou suponho que tenha encontrado o Viren.
- Na verdade não. Eu procurei por toda Xadia mas não achei nenhum sinal dele.
- Que ótimo! Então quer dizer que você foi embora à toa!
A voz do mago continha sarcasmo e raiva. Seu tom fez a elfa se encolher por um segundo, mas a garota logo ajeitou a postura.
- Olha, eu sinto muito mesmo. Eu não deveria ter ido atrás do Viren sem te avisar, mas, Callum, você tem que entender. Eu só queria te proteger.
- Me proteger de quê, exatamente? De um mago morto?! Eu sei cuidar de mim mesmo, Rayla! Nunca pedi ou precisei que você fizesse isso por mim! Se você realmente se importasse comigo...não teria demorado tanto para voltar.
As palavras dele apresentavam claramente raiva e decepção, mas também tristeza por todos esses anos em que olhava para o lado e não via ninguém. Sentia tristeza por todas as noites em que a lua cheia iluminou seu rosto molhado pelas lágrimas. Mas principalmente, sentia tristeza por todas as vezes em que se perguntava se a garota que ele amava ainda sentia algo por ele...ou se ainda estava viva.
Sem nem perceber, lágrimas silenciosas começaram a escorrer pelo seu rosto. Um silêncio desconfortável se instalou entre os dois por um tempo, até Callum resolver quebra-lo:
- Eu te procurei. Assim que terminei de ler a sua carta eu fui atrás de você...Mas eu não te achei. Isso é óbvio.
- Callum, eu...
- Eu fiquei com raiva! Raiva de mim por te deixar escapar. Raiva das suas visões por te fazerem ir...Raiva de você por ter me deixado.
Essa última parte foi dita em um tom muito baixo para que Rayla não pudesse ouvir, mas não adiantou. E ao ouvir essa frase sair dos lábios de Callum, a elfa sentiu seu coração ser partido e pisoteado ao mesmo tempo. O seus ombros enrijeceram e lágrimas ameaçaram cair de seus olhos:
- Callum...M-me desculpa. Se eu pudesse voltar no tempo, eu voltaria. Mas eu não posso. Eu vou te entender se você precisar de um tempo e vou entender se você não quiser mais que sejamos amigos. Mas por favor. Me perdoa.
A voz da garota saia chorosa. Ouvir Rayla chorar fazia o coração de Callum doer, porém não poderia comparar á dor que sentira nos últimos anos sem a elfa ao seu lado:
- Eu...não sei se posso. Eu senti saudade, muita saudade. Você me machucou de uma maneira que eu pensei ser impossível. E agora você chega do nada me pedindo perdão?!
O garoto finalmente se vira para a elfa. Os dois tinham os rostos cobertos de lágrimas, mas agora raiva também começava a surgir no rosto de Rayla:
- Olha, eu sei que você sentiu saudade e sei que doeu em você, porque também doeu em mim! Eu estou me esforçando para entender o seu lado, mas você tem que entender, Callum! Eu não poderia ficar em paz se não tivesse ido! Eu te amo e sempre te amei, mas não poderia viver com o peso de quê algo poderia acontecer com você ou com o Ezran se eu não fizesse nada!
Callum se surpeendera com o tom de voz da garota. A raiva começou a dissolver nos dois aos poucos e eles deram alguns passos pra frente:
- Se você quiser que eu vá embora e não volte nunca mais, eu vou. Mas não sem seu perdão.
Callum suspirou e baixou a cabeça:
- Eu não quero que você vá embora, eu só preciso de um tempo pra digerir tudo.
Rayla concordou com a cabeça e se virou em direção à janela:
- Espera! Aonde você vai?
Rayla virou para Callum. Ele parecia agitado:
- Eu não sei. Talvez eu passe a noite na floresta.
Callum enrijeceu. A ideia de deixar Rayla sair não lhe agradava. Ele tinha a sensação de que se deixasse ela passar por aquela janela, ele poderia levar mais dois anos para poder ve-la novamente:
- Ta-talvez você possa passar a noite aqui, digo, o castelo é-é enorme, e com certeza deve ser bem mais confortável que a floresta.
- Cla-claro...pode ser.
Rayla estava feliz com o convite. Talvez ele ainda a quisesse por perto, afinal.
Os dois saíram do escritório e começaram a andar pelos corredores do castelo. O lugar era imenso. Rayla já havia esquecido o número de vezes em que tinha virado em um corredor novo e não fazia a menor ideia de por quantas portas já havia passado.
Eles andaram por alguns minutos até pararem em frente à uma porta de madeira. Atrás dela havia um cômodo pequeno com uma escrivaninha de madeira escura e uma janela grande na parede oposta. Em cada uma das paredes laterais havia uma porta:
- Esse é o meu quarto e do Ezran...bem...era. Agora ele dorme na suíte do rei. Você pode ficar no antigo quarto dele essa noite.
Disse Callum adentrando o quarto. Ele guiou a garota até a porta da direita onde havia outro cômodo com uma cama de solteiro a esquerda, um tapete luxuoso, uma poltrona, um armario e alguns quadros na parede. Callum ascendeu uma vela que estava ao lado da cama e a entregou para Rayla:
- Se precisar de mim estarei no quarto atrás da outra porta. Tem cobertores no armário. Vou lhe trazer um pijama.
Callum deixou a elfa sozinha no quarto. A garota se manteve no lugar por alguns segundo até que resolveu explorar o quarto. Ela foi se aproximando da parede com quadros e encontrou uma pintura de Ezran e Callum sorrindo em frente à um lago cristalino. Rayla aproximou a vela do quadro. Callum deveria ter uns 10 anos e segurava animado seu caderno de desenhos que carregava para todos os lados. Rayla sorriu com a imagem, eles pareciam tão felizes. Ela foi tirada de seus pensamentos quando ouviu a porta se abrir com Callum segurando uma muda de roupas atrás dela:
- Eu trouxe um pijama meu velho se você quiser, e uma muda de roupas pra você vestir amanhã.
- Ergh...Obrigada.
Rayla se aproximou para pegar as roupas das mãos de Callum. A ação fez com que seus dedos se tocassem e eles se encarascem por alguns segundos, até se afastarem envergonhados:
- Bo-boa noite Rayla.
- Boa noite Callum.
Disse a elfa antes que o garoto fechasse a porta e saísse apressado.
Assim que Callum saiu, Rayla começou a vestir o pijama. Era uma camiseta verde escura de manga comprida e uma calça da mesma cor. As peças tinham o cheiro dele. Rayla sorriu com o pensamento. E depois de muitas semanas, ela finalmente conseguiu descansar de verdade.
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Oiii! Essa é a minha primeira fanfic ent n julguem. Talvez eu continue com ela, mas não tenho certeza. Enfim...é isso. Espero que gostem💕
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Nada é Como Antes (Rayllum)
FanfictionApós ter sumido por 2 anos, Rayla finalmente volta pra Katolis para tentar resolver as coisas com Callum. Callum está chateado pela namorada ter sumido por tanto tempo, mas quando a elfa pede para terem uma conversa sobre eles, o garoto resolve acei...