Chapter 1 - Burn in hell

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APÍTULO 1 – QUE QUEIME NO INFERNO


Eu acredito em sorte.

Quer dizer, eu preciso acreditar que existe algum tipo de destino, ou roda da fortuna, ou seja lá como os jovens de hoje chamam. Se tudo é aleatório, então significa que tudo depende de nós, e isso é incrivelmente assustador.

O real problema é que se existe sorte, então também existe azar, o que de certo modo é algo maravilhoso, uma vez que pelo menos assim eu tenho a opção de amaldiçoar alguém.

Destino, roda da fortuna, sorte, seja lá o que for, espero que queime no fogo do inferno por toda a eternidade. Ou caso não possa, aceito que meu chefe queime em seu lugar.

- Não é mesmo, Senhorita Haruno? – o palhaço diz, sem nem mesmo olhar para mim.

Estreito os olhos, me obrigando a encarar o seu rosto repleto de pele caída. Ok, tudo bem, isso foi cruel até mesmo para mim.

- Sim, senhor – respondo, tentando permanecer o mais fria que posso.

A verdade é que em regra geral eu gosto dele, também adoro meu cargo, e adoro o fato de ter ganhado uma cadeira na mesa de reuniões. Depois de quase sete anos de suor, lágrimas no banheiro e noites em claro, estou prestes a me tornar vice-presidente da ALM, uma agencia especializada em marketing. Aos vinte e oito anos isso é uma grande conquista, e se fosse qualquer outro dia, eu estaria tomando a frente dessa reunião, afinal, quando se nasce mulher em um mundo machista não se pode vacilar, um passo em falso e o babaca do Sasori assume o cargo.

Mas não é qualquer outro dia, e não é qualquer outro cliente. Me obrigo a ficar imóvel, fingindo que nada disso é uma surpresa para mim, que nada disso me incomoda mais do que deveria, e falho quase que imediatamente. Em minha defesa ele é extremamente gato, e sete anos depois conseguiu ficar ainda mais atraente, principalmente quando se joga na cadeira, como se fosse um maldito rei.

Sasuke Uchiha me irrita profundamente.

E olha que poucas coisas me tiram do sério, mas ele sempre teve o dom para despertar o pior de mim.

Infelizmente meus olhos insistem em ir para ele, e não consto nenhuma surpresa ao notar que ele me encara, sem nem fazer questão de disfarçar. Seus olhos negros estão fixos no meu rosto, e os cantos dos seus lábios sobem para cima quando percebe minha atenção.

Babaca.

Volto a olhar para os documentos em minha frente, sem conseguir de fato ler. Faz sete anos desde que não o vejo pessoalmente, infelizmente ao se tornar um jogador de hóquei famoso ficou difícil não ver seu rosto em revistas, televisão e até mesmo propagandas de cuecas, principalmente depois que ele se mudou para a Inglaterra, três anos atrás. Infelizmente continua gostoso, para o meu desespero.

Mas não achei que fosse vê-lo mais uma vez, já que após o termino mudei de país para realizar minha primeira pós graduação, e quando ele veio para cá, fiz questão de evitar locais em que ele estava, o que não era muito difícil, já que sempre onde ele vai, uma multidão de mulheres o segue. Quase nos encontramos dois anos atrás em um restaurante italiano, mas por sorte eu fui até o banheiro e assim que voltei e o vi sentado perto da janela cercado de fãs, saí pelos fundos e sinceramente, não me envergonho.

Sei que já devia ter superado, considerando que já fazem sete anos, e até faço terapia, tentando deixar essa raiva para trás, mas simplesmente não consigo. Posso estar na paz, mas é só ouvir seu nome que sinto minhas veias querendo explodir, de tanto ódio que eu sinto. Engraçado que ao vê-lo pessoalmente não é o ódio de sempre que surge em meu peito, só sinto... desconforto, eu acho. Seja o que for, não gosto e quero que suma. Junto com ele.

DarlingOnde histórias criam vida. Descubra agora