Chapter 2 - For a second

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CAPÍTULO 2 – POR UM SEGUNDO


Em todo ritual sobrenatural que eu vi, seja da loira do banheiro, da brincadeira do copo ou com um pentagrama, o número três sempre aparece. Não sei se é porque falam que as três e trinta e três da madrugada é a hora do demônio ou se é só porque o diabo gosta do número três, porém, não se pode negar que teoricamente esse número tem alguma ligação com o capiroto.

Vai ver é seu número preferido.

De qualquer modo, diziam na escola que se falasse três vezes o nome da loira do banheiro – garota morta que assombra a escola, só nunca entendi como ela assombra todas as escolas da região, ou será que houve uma caça às bruxas com meninas loiras? E todas foram mortas nas escolas? Exatamente nos banheiros? – ela aparecia para você.

Confesso que já me arrisquei uma vez, bem no começo do primeiro ano. Ino tinha feito um acordo com os meninos que me faria gritar se me assustasse, então o plano deles foi me desafiar a realizar o ritual profano. De fato, eu me assustei, e muito, porém minha reação imediata foi dar um soco no seu nariz.

Todos fomos parar na diretoria, e mesmo que eu não tivesse nada a ver com aquele plano que incluía muito sangue falso pelo banheiro – que por acaso se espalhou até mesmo no espelho e nas paredes – e tivesse sido uma vítima da maldade dos meus amigos, todos fomos encarregados de cuidar da limpeza depois da aula.

Foi nessa mesma noite que eu e o Sasuke nos beijamos pela primeira vez, cobertos de sangue falso em um banheiro feminino.

Eu devia saber desde então que o número três estava ligado as desgraças, mas é claro que eu aos meus quinze anos não pensava assim.

E eu aos meus vinte e oito anos ainda não penso. Ou melhor, não pensei quando amaldiçoei o Uchiha três vezes seguidas, em frente ao espelho do meu banheiro, e então a tela do meu celular acendeu com uma mensagem sua.

Que desgraça de vida.

Encaro a notificação, e apesar de não reconhecer o número, sei que é ele. Ninguém além dele me chamava de querida – desde o sétimo ano, quando minha mãe chegou bêbada em casa e ficou gritando "querida, querida, eu tomei margueritas!" – E com certeza ninguém além dele conseguia ser arrogante até mesmo por mensagem.

"As oito em ponto, querida" seguido pela localização dele.

Pra começar, como diabos ele tinha conseguido meu número?

Maldito seja ele.

A tela do meu celular se apaga e eu volto minha atenção para o meu reflexo no espelho. Tinha passado a noite em claro trabalhando em um projeto que fosse bom o bastante para ele, e já tinha combinado com o Sasori que assim que ele assinasse o contrato, ia manda-lo diretamente ao porco do chiqueiro de cabelos ruivos.

Eu ia faze-lo assinar porque esse era o meu trabalho, porém, no momento em que ele fizesse isso eu iria manda-lo para a casa do caralho e voltaria a ignorar sua existência, do mesmo modo que fiz desde sempre.

Termino de secar meu cabelo e começo a penteá-lo para trás. Sasuke sempre deixou claro que gostava dele longo e solto, e por mais que eu tenha cortado na semana seguinte que terminamos em uma revolta sentimental, ao acabar minha pós-graduação eu decidi deixa-lo crescer, afinal, eu gostava dele longo e achava que o poder que o Uchiha possuía sobre mim já tinha se esgotado. Mas olha eu aqui fazendo questão de prendê-lo em um coque extremamente justo, apenas para irritar o bendito.

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