Meu primeiro amor

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Todas as vezes que ouvia meus pais brigarem eu jurava para mim mesma que nunca me casaria, passei a não acreditar no "felizes para sempre" que Cinderella, Aurora, Rapunzel e Ariel tiveram.
Isso para mim era algo totalmente irreal. E agora eu estava vivendo o meu pior pesadelo : casamento e o infelizes para sempre. Depois da nossa discussão, Eliott cumpriu o que prometeu e se tornou a pior pessoa. Quase nunca ficava em casa e as vezes quando chegava tarde da noite estava bêbado. Ele nem ousava olhar na minha cara e quando queria algo pedia que Rosie viesse falar comigo.

Mas hoje seria diferente, por conta da força maior que era os eventos empresariais, essa merda acontecia quase todos os meses.

Eu estava com um vestido azul de cetim com cauda de sereia que finalizava no tornozelo, um colar de pérola e o cabelo jogado do lado esquerdo.

Felizmente convenci Harry a ir a esse evento já que seus pais também estariam, Lily recusou de primeira mesmo eu insistindo e com ele junto comigo eu me sentia com menos vontade de estrangular Eliott ao meu lado fingindo ser o melhor esposo que alguém pode ter.

Depois de um tempo de apresentações e cumprimentos, eu e o Harry nos sentamos em uma mesa com senhoras de meia-idade que falavam sobre os maridos fazendo me sentir nauseada com o assunto.

-Será que não podemos mudar de mesa? - pergunto ao Harry depois dessas senhoras me rechearem de dicas para eu engravidar o mais rápido possível.

-Acho que não - ele disse sorrindo para as mulheres e esticando o corpo para pegar mais comida.

A mesa era ao lado das guloseimas era óbvio que Harry não iria querer sair de lá.

-Eu vou tomar um ar, já volto - me levantei pedindo licença as pessoas e me dirigindo para fora do espaço.

Um pouco longe do local havia um jardim decorado com um arco de flores azuis e branca e uma árvore de frutas que pela escuridão da noite não consegui distinguir se era de pêssego ou laranja. A brisa noturna era fresca e sem me importar se meu vestido sujaria, me sentei debaixo da enorme árvore e reencostei minha cabeça que já pesava em estar naquele lugar ou ter que fingir estar tudo bem quando na verdade não estava nada bem. Eu queria poder gritar, chorar e fugir, mas para onde? Até um pensamento terrível que nunca imaginei ter veio em minha mente: de voltar para Arvid. Eu realmente estava perdida.

-Está tudo bem? - uma voz grossa e familiar ecoou em meus ouvidos me fazendo levantar a cabeça rapidamente.

No momento que o olhei, eu gelei.

-E-Ethan? - minha voz falhou.

Ele me olhou por um momento e seus olhos se arregalaram.

-Oh, meu Deus! Charlotte. - ele sorriu

Eu me levantei rapidamente e o abracei.

-Você está...diferente! - Ethan me olhou de cima a baixo - está mais bonita, não que não fosse antes, na verdade você sempre foi linda, Cherry.

"Cherry", um arrepio percorreu meu corpo e novamente é verão em Arvid, o melhor verão, e nos dois estamos juntos. Eu e meu primeiro amor...

-Você também está lindo, Ethan - nós nos olhamos sorrindo.

Quando tinha 16 anos, conheci Ethan em Arvid, ele estava passeando na casa dos Carters, que se mudaram 1 ano depois, e nos conhecemos no lagoa perto de casa que apelidei de "lágrimas azuis", pois todas as vezes que fugia para chorar ia lá derramar minhas lágrimas  nas águas azuis cristais. Naquela tarde eu estava sentada prestes a gritar a angústia que estava presa em minha garganta quando ouvi um barulho e pulei de susto.

-Quem está aí? - disse com medo de ser minha mãe atrás de mim.

E então um garoto alto, de pele morena, cabelos castanhos cacheados e olhos cor de mel apareceu entre a mata. O sol brilhava em sua pele e iluminava seus olhos que radiavam pelo brilho, foi naquele momento que senti borboletas no estômago, a famosa sensação que sempre ouvia as meninas da escola falar, mas nunca tinha sentido algo igual por um garoto, não antes de Ethan.

Casamento ArranjadoOnde histórias criam vida. Descubra agora