Sofia estava preocupada, precisava escolher um bom filme. Depois de ter sido convencida por Diana a procurar por Íris, havia proposto o encontro, antes que a psicóloga viajasse. Dessa vez apenas as duas. E bem, ela não tinha entendido direito de onde vinha a coragem, mas sugeriu um filme na sua própria casa. A ideia fora aceita. Agora queria encontrar algo que fosse divertido, sutil, mas ao mesmo tempo "lésbico" o suficiente para que Íris compreendesse suas intenções.
Nesse tipo de situação, Sofia sofria muito ao se perceber tão tímida. Quando se tratava de pessoas de sua convivência, seu medo de ser mal compreendida ou interpretada, sobrepunha-se aos seus interesses. Por isso as relações virtuais ou iniciadas assim, faziam mais sentido e eram mais confortáveis para ela. Agora estava ali pronta a encarar seus medos: um encontro sem informações prévias.
Enquanto lanchava na faculdade e fazia suas ponderações internas, Diana apareceu:
— E aí, que cara é essa?
— Cara de quê?
— Sei lá, de quem está com um problema matemático muito difícil para decifrar.
— Quase isso... Eu segui seu conselho. Me lembre de tratar na terapia, porquê eu ainda te ouço, mas ouvi e marquei um filme com a Íris. Estava pensando em qual.
— Senhor, mas que avanço! Vocês vão ao cinema?
— Não, vai ser um rolê na minha casa mesmo.
— Que isso hein? Já que está mal intencionada, acho que você devia ver sabe o quê?
— Hum...
— Um episódio de The L Word. Mais direto impossível.
— E trágico também né? Quero ser mais sutil, estava pensando em Tomates verdes fritos, um clássico!
— Realmente, um clássico discreto. Meio chato pro meu gosto, mas combina. Ela tem cara de quem curte, esse povo da psicologia é meio alternativo mesmo.
— Então, será esse!
— Isso aí! Não sei bem em que contexto você acha que chamar alguém pra ver filme com você na sua casa, não é ser direto o suficiente. Mas... Vai fundo na estratégia da sutileza inteligente.
Sofia sorriu e acenou com a cabeça, agradecendo o reconhecimento.
— E quando será isso?
— Amanhã...
— Dia de semana? Você tá querendo mesmo hein?
— Não foi bem uma escolha. Lembra que te falei da viagem dela? Na verdade, ela explicou melhor. Ela fará um tipo de intercâmbio e ficará o semestre todo fora. Ao menos esse semestre, pode se estender mais...
— É agora ou nunca então?
A jovem estudante de jornalismo deu de ombros e respirou fundo:
— Sei lá se é algo mesmo. Eu só queria tentar, talvez. É simplesmente divertido achar que alguém está interessado em mim. Ainda mais quando é esse tipo de alguém.
— Você gosta de um desafio às vezes... Eu já percebi que você fica toda animada quando as coisas são difíceis.
— Não é isso...
— É sim, você é esquisita. Mas eu faço gosto. Pra cima dela, Sosô!
— Cara, sai pra lá. Isso não é aqueles seus jogos de vôlei não, pra eu sair atacando as pessoas. – Sofia respondeu, enquanto ria das possibilidades. — Enfim, de qualquer forma, como você mesma disse, será uma oportunidade única e final.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Será possível?
Chick-LitNesta curta série de pequenos capítulos, conhecemos a jovem Sofia, cuja história é leve e divertida. A futura jornalista vai tentar lidar com a sua lerdeza, pra conseguir responder uma inquietante pergunta: será possível? Aguarde novas aventuras!