O chão que ela pisa

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Quando abri os olhos após aquele sonho fiquei um tempo olhando para o teto tentando colocar minhas lembranças em ordem, mas eu só estava sentindo uma palpitação incomum. Me sentei e limpei os olhos, era muito cedo, 5 da manhã marcava um relógio luminoso no quarto, papai ainda gostava de alguns aparelhos eletrônicos.

Ouvia as patas de Fobos pelo quarto, imagino que tentando pegar algum inseto. Me levantei ainda descalço e fui até a porta. Abri para descer as escadas até a cozinha e a claridade das janelas laterais do corredor já estavam refletindo a luz do sol, era uma manhã muito quente.

- Estúpida. - Bravejou uma voz rouca e grave. Era Fobos, quando passei por ele na porta. Ele havia aprendido com Júnior essa palavra. Nem reclamei, pois acho que poderia vir a ser útil.

Desci a escada cambaleante e após o primeiro gole de água a visão do sonho começou a ficar mais clara: um homem frágil, pálido chorava no canto de um quarto sujo. Pensei que talvez as aulas de adivinhação desse ano seriam úteis para desmembrar essas visões e deixá-las também mais nítidas.

Ouvi passos descendo a escada, era Junior.

- Qual o problema!? - Perguntou ele ao me ver.

- Pesadelo. - Respondi olhando para água dentro do copo, algo nas marolinhas me era familiar.

- Temporada de pesadelo. - Disse pegando um copo e enchendo com a água do filtro da cozinha.

- Como assim?

- Foi sim no primeiro ano, no segundo, agora no terceiro, sempre depois de recebermos a coruja de Hogwarts. - E bebeu a água.

Não havia notado nisso e achei interessante ele perceber.

Iríamos ao beco Diagonal naquele sábado de manhã.

Voltei para cama e consegui dormir mais um pouco até o café da manhã. Mamãe e papai já estavam comendo quando cheguei na cozinha. Júnior estava no sofá lendo um livro de feitiços antigos do papai.

Papai pegou o jornal que a coruja dele trouxera e ficou olhando a primeira página por muito tempo, mamãe foi espiar por cima dos ombros e eles se entreolharam sérios, mamãe apenas disse "não" com a cabeça.

- O que foi?? - Perguntei e quando papai abaixou um pouco o jornal eu puxei ele das mãos dele.

- Não seja grossa! - Disse papai franzindo as sobrancelhas e se servindo de suco irritado. Mamãe lançou para ele um olhar nervoso. - Ah, Chloe, ela vai saber de qualquer forma, ainda mais porque o Potter é do mesmo ano que o dela, eu acho que você deveria ter previsto isso.

Mamãe suspirou buscando se acalmar e deu um tapinha no ombro do papai que deu uma risada para quebrar a tensão. Junior apareceu na cozinha curioso.

- O que está rolando?

- Black. - Disse eu que já estava lendo o jornal. - Um tal de Sirius Black escapou de Azkaban.

- O cara deve ser um gênio. - Disse Júnior se debruçando para ler o jornal comigo.

- Não um gênio, um monstro. - Disse papai.

- Eu não teria tanta certeza. - Disse  mamãe descontraída lendo uma revista.

- E o que você sabe? - Perguntou ele muito sério.

Mamãe apenas olhou para ele séria e para nós, como se não quisesse responder devido nossa presença. Ele deu por encerrado o assunto e comentou que iríamos passar no Caldeirão Furado antes de irmos ao Beco Diagonal na manhã daquele dia.

Depois de ler o artigo e algumas outras notícias eu levei o jornal até uma mesa no escritório do papai, que estava cheio de jornais da semana. Um me chamou atenção, nele tinha uma foto muito grande de uma família, eram os Weasley sendo anunciados na primeira capa, pois eles haviam ganhado um prêmio da loteria do Profeta Diário. A foto era de uma viagem para o Egito. Senti uma ponta de inveja, eles pareciam muito felizes.

 ⭒๋࣭ 𓆗 O Lado D da Sonserina [3] 𓆗⭒๋࣭ Onde histórias criam vida. Descubra agora