O Abraço - Capítulo Único

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Kamado Tanjirou inclinara-se na cama para poder ver os belos girassóis no vaso sobre o criado mudo. O vento manso, como aquele que viaja de muito longe, rodava o quarto, carregando o aroma das flores de cerejeiras recém desabrochadas, semeando-o pelos ares. Tanjirou sentou-se de um jeito mais relaxado, pensando:

-" Não existe maneira melhor de acordar."

Voltou-se para os lados, procurando os colegas, mas deparou-se consigo mesmo setindo-se ridiculamente sozinho e largado, questionando:

-" Nezuko, eles sairam? Estão treinando?"

A caixa deixou um suspiro de lamento transbordar pelas frestas. Tanjirou sondou pela janela. Kanzaki Aoi abanava os lençóis. Sumi, Kiyo e Naho olhavam, maravilhadas, uma borboleta. E a...

-" Tanjirou!! Você acordou!"

Hashibira Inosuke era um rapaz inquieto, mas ingênuo. Não teve grande parte da educação que crianças comuns teriam tido na infância, por isso, na maior parte do tempo, soava inocentemente rude. Mesmo que fosse ofuscado pelo pensamento de se provar ser o mais forte e alcançar um pico de grandiosidade na vida, havia momentos em que (Tanjirou observou) certas pessoas conseguiam derrubar grandes paredes e deixar à vista um menino carente e disposto a devolver a atenção recebida.

-" [...] Você acordou!"

Se arremessou àos pés da cama de Tanjirou, contente. Arrancou a carcaça de javali e mirou Tanjirou com a feição que sempre fazia quando tinha dúvidas. Tanjirou sorriu muito gentilmente, pedindo:

-" Pergunte o que quer perguntar."

Inosuke riu em comemoração e seus olhos relampejaram de euforia, começando:

-" Saímos com a menina colher girassóis no clarão da floresta, porque ela queria deixar o quarto mais agradável pra quando você acordasse."

Tanjirou furtou os olhos da face de Inosuke e procurou os girassóis, dizendo:

-" É muito amável da parte de Aoi."

-" Não sei o que eles vão fazer de bom aqui. Vão murchar e ser jogados fora. Não entendo."

Tanjirou despreocupou-se, pedindo:

-" Continue o que estava me contando."

-" O... Monitsu-"

Parou. Tanjirou disse, rindo:

-" Zenitsu."

-" É, Zenitsu! Ele estava muito feliz pensando no cair da noite, quando poderia ver sua irmã. Comentou que daria muitos abraços nela, se você deixasse, porque ela poderia estar se sentindo terrivelmente sozinha."

Ofegou.

-" Eu perguntei qual era o significado de um abraço... Qual é a lógica de abraçar? As pessoas fazem isso num momento de bobeira ou por quê estão com frio?"

Coçou a palma das mãos, desconfortável.

-" Não é a mesma coisa de quando você e Zenitsu... Me explicaram o motivo de enterrar e rezar pelos falecidos. Eu pensei muito... E eu nunca abracei alguém. Não do mesmo jeito que Zenitsu falava."

Tanjirou conheceu que Inosuke defrontou-se com algo para o qual nunca viu um significado mais bonito. Engoliu o máximo de ar que pode, e o transbordou pelo nariz, começando:

-" Um abraço não é só um mero abraço, Inosuke. Ahn... Como posso te dizer..."

Parou e pensou.

-" Quando Nezuko dormia e eu voltava da Seleção Final, eu a vi despregar a porta do arco. Ela tinha acordado de um sono que durou dois anos, e eu estava muito, mas muito preocupado. Quando ela me viu, correu me abraçar. Urokodaki-sama chegou e laçou Nezuko e eu num abraço muito gentil, soluçando e contando o quanto estava feliz por eu ter voltado vivo. Eu estava despreocupado e a dor terrível que eu sentia foi retraída."

Suspirou.

-" Então, é isso. Um abraço só é um abraço quando as pessoas se amam profundamente. Você, provavelmente, já foi abraçado por alguém que te amava e ama muito."

-" Ninguém nunca me abraçou antes..."

Tanjirou sorriu, deitando as mãos nos ombros de Inosuke, pedindo:

-" Tudo bem. Me dê um abraço!"

Tanjirou tinha os cabelos vermelhos como o fogo manso. Estava sempre inabalável e radiando uma aura de pureza. Um dia, Zenitsu disse apenas para Inosuke que Tanjirou tinha a canção das águas de um rio que nunca transborda ou seca, mas sempre segue o seu fluxo, sem se desviar de seu foco.

-"[...] É bom estar perto de Tanjirou, e você, especialmente, sente isso também, não é?"

Inosuke, muito devagarinho, deslizou os braços até suas mãos deitarem nas costas de Tanjirou.

-" Tanjirou?"

-" Hum?"

-" Você é quentinho."

-" E isso é bom?"

-" É, sim..."

-" Fico feliz que pense isso, Inosuke."

Engoliram grande quantidade de ar, não propositalmente, sentindo o cheiro um do outro.

-" Inosuke cheira à... azedume de suor e... flores de cerejeiras."

-" Tanjirou cheira à ervas medicinais... e... lençóis limpos."

Ambos: -" Isso é bom."

Inosuke, muito mansinho, perguntou:

-" Todos os abraços são quentes como esse?"

-" Devem ser... Talvez dependa do carinho envolvido."

Enterrou a face no ombro de Tanjirou, perguntando:

-" Você vai poder me abraçar sempre?"

Tanjirou riu, dizendo:

-" Claro!"

Aviso: Eu estou passando por um período de "mudança de escrita", por isso, essa Fanfic pode estar sujeita à mudanças desnecessárias

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Inosuke & TanjirouOnde histórias criam vida. Descubra agora