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- Vamos voltar juntas pra casa? - dizia Haru, sorrindo. Eu queria ir com o Yuu, mas ele tinha o clube dele, de futebol. Inclusive, agora, em outro corpo, não sei como ele adaptaria isso. Jogando com outras pessoas bem diferentes.

E fomos caminhando, o que me surpreendeu é que ela estava totalmente grudada em mim. Não que isso seja um problema, porque a gente devia ter bastante intimidade, eu acho.

Ela também não parava de sorrir. Aparentemente estava feliz, isso é bom.

- Você me ama?

- S-sim.

Essa pergunta foi meio estranha. E eu não sei se eu amava ela, mas não queria deixá-la chateada.

- Maravilha. - ela pulou pra frente e começou a girar, depois voltou, pegou minhas duas mãos e falou:

- Vamos aproveitar o semestre juntas!

- Claro!

Chegamos num ponto que iríamos para caminhos opostos.

- Tchau Nagisa!

- Tchau!

E segui em direção a minha casa. O meu irmão também tinha clube, então ele normalmente não voltava comigo. Na real até a Haru tinha, mas não foi hoje. Eu não tinha clube no outro corpo, e nesse também não, eu acho.

Cheguei em casa, cansado. Tinha que tomar banho, mas como eu faria isso?

Entrei no banheiro, eu estava muito envergonhado.

Tirei toda minha roupa, com os olhos fechados. Depois entrei no chuveiro e fui. Me lavei em todas as partes e tudo mais. Eu não tinha mais dignidade.

Botei meu pijama rosa, antes era azul. Deitei e fui dormir.

Acordei, e de novo, o mesmo processo de botar o uniforme escolar. Eu ainda não estava acostumado com isso.

Eu já estava no primeiro ano do ensino médio, meu irmão no segundo.

- Já se arrumou? - Ryuu tocou a porta.

- Sim. Estou descendo.

- Ok.

Ele era bem fechado, nunca conversava comigo direito, mas ele tinha muitos amigos na escola, também me intrigava bastante.

Abri a porta, fechei-a e desci a escada. Fui em direção à cozinha.

- Oi filha, quer um pãozinho? - ela falou isso já enfiando o pão na minha boca.

- Ei filha quer um suco? - meu pai disse.

Antes de eu puder tentar raciocinar o que estava acontecendo meu irmão me puxou pelo cabelo e me arrastou para a porta. Doeu bastante.

Fomos indo pra escola novamente.

- Oi...

- Oi.

- Por que você não fala muito comigo?

Ele não respondeu.

Ele não era tão fechado quando eu tinha outro corpo, então isso me assustava bastante.

Seguimos até chegar na entrada. Nos separamos.

- Ei!

- Ai! - dei um gritinho, foi muito vergonhoso. Ainda mais com essa voz extremamente fina que eu adquiri. Eu me assustei, tá?

Era o Makoto.

- Não me assusta assim. - falei emburrado.

- Desculpa! - botou a língua pra fora e fechou os olhos. Não parecia uma desculpa sincera.

- Enfim, hoje tem aula de que?

- Não sei, pensei que você era toda certinha, que sabia de tudo.

- Cala a boca! - chutei ele.

- Isso dói sabia? - ele ficou se contorcendo segurando o pé.

- Brincadeira! - novamente mostrou a língua com os olhos fechados.

- Idiota! - o que se passava na cabeça dele?

Eu só tinha esquecido o que tinha pra hoje, só isso. Eu só percebi que agora chamei dele de idiota foi muito feminino, não sei se isso era bom ou ruim. Na situação que eu não sei como eu me sinto agora.

- Ah cara, você é uma graça! - ficou apertando minha bochecha.

- Para! - chutei ele de novo.

- Ok, ok. Parei.

- Você é muito brincalhão.

- Você acha? - ele diz rindo.

- Enfim, vamos. - falei emburrado.

- Se você diz. - e me seguiu.

Antes de entrarmos na sala, Haru chegou de repente, pegou minha mão e me arrastou pra cima dela.

- Bleh! - ela mostrou a língua e me puxou pra sala.

- Essa menina! - falou Makoto com muita raiva.

- Odeio homens. - falou ela, já sentada na cadeira do meu lado.

Apenas concordei com grunhindo.

Ela não tinha nenhum amigo, só amiga. Ela também era presidente da classe e do conselho.

- Por que você não entra no conselho? - ela falou emburrada, olhando de muito perto, fixamente para mim.

Ela provavelmente tinha me chamado bem antes, imagino eu.

- Porque é muito difícil.

- Mas, mas, mas... - ela começou a chorar.

- Não chora, tá tudo bem. - fiquei fazendo cafuné nela.

Automaticamente ela abriu um sorriso no rosto e ficou com os olhos fechados apenas apreciando.

Vi que o Yuu estava na sala, então me levantei muito rápido, parando o cafuné. E indo lá.

- Oi Yuu!

- Ah, oi. Ele sorriu.

Vi que Haru ficou emburrada.

- Tudo bem?

Antes que ele pudesse responder o professor chegou na sala exigindo silêncio. Então apenas voltei pro meu acento triste. Mas vi que Yuu piscou para mim antes. Não sei porque, mas isso senti algo com isso, só não sei o que é.

As aulas acabaram e chegou a hora do almoço. Eu não tinha nada pra comer de novo, então resolvi tentar dormir.

- Ei, acorda.

Yuu tinha me acordado, só tinha a gente na sala.

- Ah, oi! - falei com os olhos brilhando.

Mas levantei tão rápido a cabeça, que eu esbarrei contra a cabeça dele.

- Isso doeu. - ele falou rindo.

- Desculpa! - falei quase chorando.

- Tá tudo bem! - ele sorriu de um jeito muito másculo e fez cafuné em mim. Que nem eu fiz com Haru. Bizarro.

- Você realmente tá se parecendo uma garota. - Yuu riu.

- Não estou! De jeito algum! E você tá parecendo um garoto também!

- Será?

- Sim!

- Será mesmo? - ele começou a fazer cócegas na minha barriga.

- Para, para, para. - comecei a gargalhar muito.

Sinto que nossa relação está muito boa assim. Mesmo com pouco tempo, me sinto muito bem com ele. Sinto que posso contar com tudo com ele do meu lado. E isso era muito bom. 

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