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Finalmente chegamos em frente à escola. Eu não estava preparado para entrar nela. Mas eu estava demorando tanto que meu irmão me empurrou.

Logo, vi Makoto.

- Oi. - falei assustado.

- Oi! - sinalizou um high five. A gente sempre fazia isso antes, mas não imaginava que ele fazia isso com meu novo eu antes.

Retribui.

Makoto na verdade era a única pessoa que eu conversava. Não sei se nessa forma eu falava com mais alguém.

- Como vai?

- Vou bem. - tentava esconder minha vergonha por usar uma saia, mas era muito difícil. Então era perceptível minha cara corada e minhas mãos na saia.


- O que houve?

- N-nada! - ignorei ele e fui correndo pra sala.

Mas sem querer trombei de frente à frente com a Haru, aquela lá que recusou o Makoto.

- Me desculpa! - falei desesperada abaixando e levantando a cabeça.

- Ah tudo bem. - por alguma razão ela falou com um tom muito doce e amigável.

Aliás, eu estava muito pesado, ainda não havia entendido o porquê.

Fui conferir meu celular para dar uma olhada. Antes eu estava muito desesperado e não olhei direito.

A Haru estava fixada, com um coração do lado. Makoto também. Então provavelmente ela seria minha melhor amiga aqui?

De repente ela me abraçou.

- Te amo, amiga.

Isso me deixou muito constrangido. Provavelmente Makoto também foi rejeitado por ela aqui. Mas será que ele se importa com isso? Acho que não.

- T-também t-te amo, Haru.

Gaguejei para falar duas vezes. Realmente eu estava muito sem jeito. O cabelo longo vermelho dela era muito vibrante, só percebi isso agora.

Logo depois me sentei no lugar que eu costumo me sentar. Depois de um tempo, todos estavam nos seus devidos lugares. Então pelo menos isso não tinha mudado.

Passou-se se algumas aulas e era finalmente eu iria almoçar. Mas aí que tá, como? Não tinha dinheiro nem comida.

Mas antes disso, eu estava muito apertado, tanto que fui correndo pro banheiro quando o sinal tocou.

- Que isso!

- Sai daqui!

Entrei no banheiro masculinos sem perceber. Cristo.

- Cara, o que você fez? - dizia Makoto, atrás de mim.

- Se você falar algo eu te dou um tapa. – falei com um tom sério.

Mas espera? Como que eu iria satisfazer minhas necessidades nesse corpo? Bom agora já era.

Entrei na cabine e fiquei refletindo por cinco minutos o que fazer. Se eu fizer isso eu estaria sendo tarado? Mas era meu corpo, afinal! Eu estava muito confuso.

Simplesmente decidi abaixar minhas roupas e tentar fazer.

Saí do banheiro com maior culpa na mente e maior constrangimento. Olhando para todos os lados para ver se alguém me viu, mesmo que isso seja impossível.

Fui parada por uma pessoa que eu nunca tinha visto na antes. Eu tinha voltado para sala e só tinha ela. Mas eu nunca havia visto ela na minha vida.

- Quem é você? - sem querer falei e automaticamente fechei minha boca com minhas mãos.

- Eu que digo isso, quem é você?

Era um menino de cabelo até o queixo, também loiro, de olhos azuis, que nem eu. Pensando nisso, havia uma pessoa que eu não tinha visto na sala, Yuu. Será que isso foi uma substituição de pessoa?

- Nagisa, ué. - falei na maior tranquilidade possível, com as mãos na cintura e falando gargalhando.

Ela ficou espantada, tremendo os lábios, e falou:

- Então aconteceu a mesma coisa com você?

Pera, o quê?

Fui em direção a ele e olhei bem no fundo dos olhos dele.

- Você era a Yuu?

- Sim! - falou com um tom alto.

Então eu não estava sozinho.

Fomos pro terraço e começamos a conversar.

- Você também tinha pensamentos de querer do gênero oposto? - falei.

-S-sim. - falou com a cara vermelha.

- Eu nunca esperaria algo assim vindo de você.

- Muito menos eu de você. Eu vi você indo no banheiro feminino aliás, seu tarado.

- O que eu podia fazer? Eu tenho certeza que você também foi no masculino! E usou seu novo amigo!

- Ei! - ela me deu um tapa no rosto. Ou ele? Não sabia mais de nada.

- Mas eaí, tá gostando de ser assim? Afinal, não era o nosso desejo? - ela falou

- Eu ainda estou muito confuso em relação a isso, eu só tinha pensamentos alheios sobre isso. Não tenho certeza de nada. Mas não vou negar que é bom estar assim. Porém ainda tenho que pensar mais. E você?

- Estou no mesmo barco. Apesar de não ter certeza, não sei se seria mais feliz no corpo antigo.

Isso era uma indagação muito importante. Eu gostaria de ficar assim pra sempre? Eu gostaria mais de ser assim do que ser o meu antigo?

- Enfim, vamos passar nos contatos, a gente não se tem ainda.

- Ok.

E passamos nossos contatos.

Ela sentou e falou:

- Como será nossas vidas a partir de agora?

- Eu não consigo te responder isso.

- Bom, diferente, muito diferente, vai ser.

- Como foi quando você acordou?

- Me senti muito assustada, principalmente quando abri o shorts e vi aquela assombração.

Comecei a rir muito.

- Tá rindo do que? Você agora tem sua amigona aí.

- Cala a boca! - fiquei com a cara vermelha e dei vários soquinhos nela.

- Verdade, a gente trocou de altura. Você é baixinha.

- Percebi.

- Vamos nos chamar por qual pronome?

- Quer que eu te chame por ele? Já que você aparenta gostar.

- Quero. Vou te chamar de ela também.

- O-ok. - corei, era difícil lidar com isso ainda.

Ele sorriu para mim. Nós éramos iguais agora. Tínhamos que nos apoiar. Sorri de volta.

O sinal bateu. Foi tão rápido assim?

Voltamos para a sala, acompanhados. Todo mundo olhou, mas acho que isso era normal. 


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