Como era domingo, Peter se permitiu dormir até mais tarde, crente de que Malia faria o mesmo, mas infelizmente crianças eram sempre imprevisíveis, e não era nem mesmo nove horas quando ele foi acordado pelo riso de sua filha vindo do banheiro. Ele debatia consigo mesmo se valia a pena ir verificar ou se sua cama era mais compensatória no momento.
― Papai! ― Malia lhe chamou, pondo fim ao seu dilema interno. ― Papai venha aqui!
Se levantando sem pressa, Peter seguiu a voz da menina, encontrando-a rindo e apontando para o elfo sentado sobre a caixa do vaso sanitário com sua mãozinha cobrindo o nariz e um papel colado na tampa levantada.
― O que diz no papel? ― Malia perguntou, se virando para Peter. ― Lê pra mim, papai?
― Aí diz ― começou Peter, balançando a cabeça ―, "Feliz Natal, seu cocô cheira mal".
Malia riu divertida da brincadeira do elfo, enquanto seu pai tentava não demonstrar para o pequeno ser sua diversão.
― Como ele pode saber como meu cocô cheira?
― É porque ele é mágico ― Peter respondeu. ― Agora espere enquanto eu busco alguma coisa para tirar ele de lá para você poder usar o banheiro.
Com cuidado ele usou uma pinça da cozinha para pegar o elfo, tentando a todo custo não tocar diretamente nele até tê-lo sentado em uma prateleira alta na sala, tudo feito sob a supervisão cuidadosa de Malia.
Na manhã do quinto dia de dezembro, Peter acordou cedo para encontrar o elfo fazendo "anjos de neve" com o equivalente a uma caixa cheia de cereal derramada em cima do balcão.
O dia seguinte trouxe animais de origami tanto em seu banheiro como no de Malia, o que realmente surpreendeu o lobisomem, que dormira a noite toda sem ouvir o mínimo ruído vindo do elfo.
No dia sete foi Malia quem encontrou o elfo sobre sua mesa de cabeceira segurando o celular de Peter ligado com uma selfie dele com Malia ainda dormindo.
E tendo se passado uma semana do elfo em sua casa, Peter já estava mais do que resignado com o fato de que o malandrinho tinha razão. Malia realmente estava mais feliz, e vê-la acordar empolgada todas as manhãs a procura da mais nova travessura do elfo aquecia seu coração.
Mesmo que ele fosse obrigado e encarar todos os quadros e porta-retratos da casa com olhos falsos móveis colados sobre os das pessoas das imagens, como o ocorrido no oitavo dia.
Ou o pequeno elfo "urinando" em copos sobre o balcão da cozinha com uma plaquinha de "limonada R$ 0,25" no dia seguinte. Ele realmente esperava que fosse só limonada de verdade.
Mas a manhã do dia dez, um sábado, o fez ter a relutante certeza de que a ajuda do elfo era necessária.
Quando Peter acordou naquela manhã encontrou o boneco inerte sentando ao lado de um grande vaso de planta enfeitado com o que parecia ser todos os laços e prendedores de cabelo da Malia, e junto deles havia uma plaquinha de "desculpe, mas não pude encontrar a árvore". O homem quis se estapear no rosto. Mas não fez isso, é claro. Como ele podia ter esquecido da árvore de Natal? É certo que quando morava sozinho e sua filha com a mãe, ele não se preocupava em decorar realmente para o feriado, mas ele deveria ter imaginado que para sua filha a realidade era diferente. Ainda mais quando ela desceu as escadas coçando os olhos com sono a procura do elfo, olhando curiosamente para a planta cheia com seus acessórios para o cabelo.
― O que acha de nós sairmos para comprar uma árvore hoje? ― Peter ofereceu pegando a menina no colo, que prontamente se aconchegou em seus braços. ― Podemos almoçar fora também.
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O Elfo Na Prateleira | Steter
FanfictionO Elfo na Prateleira era uma tradição que Malia tinha com sua mãe antes dela morrer, mas Peter não sabia disso até que a própria criaturinha aparecesse magicamente em sua casa com uma nova travessura a cada dia. Notando que sua filha precisava de um...