O Elfo Na Prateleira | Steter

Parte Final

O dia treze de dezembro finalmente conseguiu arrancar uma gargalhada verdadeira de Peter quando ele desceu com Malia para fazer o café e encontrou o elfo sobre a mesa deitado de bruços com um balão rosa preso ao traseiro, segurando uma plaquinha que dizia "não engula o chiclete". Apesar de não entender muito bem o que queria dizer, Malia também achara engraçado.

Na quarta-feira o que Peter encontrou foi gorrinhos de Papai Noel por toda a casa, colados em retratos e quadros, sobre ornamentos e até mesmo um grande havia amanhecido sobre sua cabeça sem que ele percebesse, Malia também havia recebido um, que ela se recusou a tirar o dia todo.

No décimo quinto dia de Stiles na casa, Malia o encontrou por acidente ao andar sonolenta e tropeçar no robô aspirador onde o pequeno elfo estava sentado. E Peter não hesitou ao ligar o aparelho, deixando-o aspirando a casa toda enquanto Malia ia para a escola e ele para o trabalho, divertindo-se com a ideia de um Stiles senciente tendo que circular sobre o aspirador até que a bateria acabasse.

― Isso foi cruel.

Peter ouviu enquanto terminava de revisar os documentos do caso em que trabalhava atualmente, então ele levantou os olhos do laptop para olhar Stiles, que tinha suas mãozinhas na cintura, parecendo tão enfezado quanto um bonequinho poderia.

― A casa precisava ser limpa ― Peter respondeu. ― Gostou do tour?

― Não quero ver um aspirador de pó nunca mais ― Stiles respondeu, e num instante ele estava do tamanho de um ser humano. ― Estou tonto até agora.

― Não é todo mundo que tem a oportunidade de viajar de aspirador ― Peter riu, baixando a tampa do laptop. ― Sua função não era divertir com o espírito natalino? Eu achei divertido.

― Eu deveria ter vomitado no seu tapete todo ― o elfo resmungou. ― Aí você acharia divertido.

Peter balançou a cabeça rindo enquanto voltava a analisar alguns papéis, sem se importar com o elfo sentando-se ao seu lado.

― Não é muito tarde para se estar trabalhando? ― Stiles perguntou, inclinando-se para espiar o que Peter lia, enchendo as narinas do lobisomem com seu cheiro doce suave. ― Malia já foi dormir há horas.

― Eu tenho uma audiência importante essa semana ― Peter respondeu, abrindo novamente o laptop para digitar algumas anotações. ― Preciso estudar a fundo o caso.

― O que você faz?

― Sou advogado.

― Do tipo que ajuda a prender os caras maus? ― Stiles perguntou, inclinando a cabeça. ― Ou do tipo que tira os caras maus da cadeia? Ou trabalha para quem pagar mais?

― Há vantagens em se ser um lobisomem ― Peter começou. ― Como saber quando a pessoa está mentindo. E assim eu me certifico de sempre defender a pessoa certa.

― Ajuda a prender os caras maus, então.

― O que você fazia antes desse emprego? ― O lobisomem perguntou. ― E antes de trabalhar com os embrulhos.

― Nada demais, na verdade ― Stiles respondeu, dando de ombros. ― Estudando, como qualquer criança. E então estudando mais na especialização até conseguir o emprego com as embalagens, e depois de não conseguir a vaga com as entregas, como eu te falei, aqui estou eu.

― Quantos anos você tem, afinal? ― Peter estreitou os olhos, analisando o rosto jovem e liso, pontilhado por pintas ocasionais, as bochechas rosadas e olhos castanhos expressivos que lhe davam uma aparência quase inocente se não fosse pelo brilho maliciosamente travesso que exalava. ― Você parece bastante jovem.