Dons da Linhagem

Dons da Linhagem 1

Há uma coceira sob a pele de Aemond que ele não consegue identificar. Ele atribui isso a saber que a família de Rhaenyra está vindo para o Red Keep, para uma disputa de sucessão nada menos. Aemond está ansioso para ver os pirralhos bastardos de sua irmã colocados em seu lugar pela primeira vez. Parece justiça há muito esperada, mas ele não hesitará em esfregar isso na cara deles, se puder. Não há muitas oportunidades de diversão desse calibre quando se trata do outro lado da família.

Ele está tonto com uma expectativa mesquinha pelo espetáculo em que a audiência certamente se transformará, mal conseguindo ficar parado enquanto quebra o jejum. Depois, ele vai para o pátio de treinamento. Sor Criston nunca foi um mestre particularmente severo quando Aegon e ele eram mais jovens, mas hoje em dia ele parece dedicado a aprimorar a habilidade de Aemond com a lâmina. O sparring com ele é intenso, já que ele nunca pega leve com o príncipe, o que torna as vitórias de Aemond contra ele muito mais satisfatórias. Hoje, ele não tem certeza se sua energia imprudente vai custar caro ou ajudá-lo a vencer.

Eles são bastante parecidos em habilidade, e Aemond mal percebe o círculo de curiosos que os cercam. Até que ele vislumbra cachos escuros e um cheiro de sal marinho e fumaça entre os curiosos. Ele reconheceria Lucerys Velaryon em qualquer circunstância, e saber que ele está lá faz Aemond lutar com força renovada. Ele quer que o bastardo veja que ele não é um garotinho como da última vez que se encontraram, que tentar intimidá-lo não será mais fácil e que ele precisaria de mais do que uma luta de quatro contra um - e pura sorte - para conseguir a vantagem ao encará-lo.

É gratificante ver seus olhos arregalados quando Aemond supera Criston, sua expressão insegura quando Aemond se dirige a seus sobrinhos com um olhar de aço. Este é apenas o começo do que ele sonha desde que reivindicou Vhagar: obter o respeito e o medo de todos, especialmente de seus sobrinhos incômodos. 

*

A atmosfera na sala do trono é sufocante e tensa, mas Aemond sorriria selvagemente durante o discurso de Vaemond Velaryon se não fosse impróprio fazê-lo. Não que ele dê a mínima para parecer imparcial, mas nem sua mãe nem seu avô ficariam satisfeitos, e Aemond preferiria não suportar uma palestra tediosa. Ainda assim, ele se permite uma olhada rápida em Lucerys, esperando encontrá-lo preocupado e encolhido. Em vez disso, ele encontra Luke olhando para ele, até que percebe que foi pego. Pirralho atrevido, alguém deveria ensiná-lo melhores maneiras. E para se refrescar antes de uma audiência, embora Aemond tenha que admitir que sal marinho e fumaça são preferíveis aos perfumes enjoativos que os cortesãos costumam usar.

Otto Hightower está sentado no Trono de Ferro como um homem nascido para governar. Ele exerce seu poder de forma eficaz, arrastando Rhaenyra na frente de toda a corte e fazendo-a defender a suposta reivindicação de seu bastardo a Driftmark. Uma batalha que todos sabem que ela teria perdido se o papai querido não tivesse aparecido de repente, pronto para sentar no trono naquele dia. Ainda incomoda como Viserys está sempre pronto para limpar depois da bagunça de Rhaenyra, mas ele não se incomodou em emitir qualquer tipo de punição quando Aemond perdeu um olho.

A justiça é mais uma vez negada, e os bastardos Fortes continuam sendo protegidos pelo Rei. Aemond ficaria desapontado se não soubesse exatamente o que iria acontecer assim que seu velho pai aparecesse.

A única graça salvadora dessa decepção de audiência é quando Daemon corta a cabeça de Vaemond. Matar um homem por falar a verdade e escapar sem repercussões, isso sim é poder de verdade. Aemond observa seu tio, admirando seu semblante tranquilo e sua atitude despreocupada. Muitos dizem que é porque ele é um alfa, a ousadia e o desdém por quaisquer regras, exceto as suas, correndo em suas veias por causa disso. As peculiaridades e dons do sangue valiriano estão envoltas em mitos, e Daemon sabe como tirar proveito disso.